Capítulo 21- O pesadelo

Uma hora depois...

Buzz-Buzz-Buzz...

O telefone tocou pela terceira vez, e Declan o ignorou como se não o tivesse ouvido. Ele comia calmamente, sem se preocupar em olhar para ver quem estava ligando.

Yasmin olhou para o telefone, imaginando por que ele não estava atendendo as ligações. Ela mastigou o arroz, olhando ceticamente para ele.

O telefone parou de tocar, apenas para tocar novamente.

"Por que você não está atendendo o telefone?" Ela finalmente perguntou, incapaz de se manter quieta.

Declan lançou um olhar fugaz para ela. "Concentre-se na sua comida," ele disse friamente, colocando um pedaço de bife na boca.

Os olhos de Yasmin se estreitaram enquanto ela ponderava o que o havia feito ignorar as ligações. Algo surgiu em sua mente. Seus olhos se arregalaram.

'Será que é Grace?' Ela ajustou levemente os óculos e esticou o pescoço para verificar quem estava ligando.

'Chamador irritado'... Foi o que ela viu.

'Quem é?' Ela franziu a testa.

Declan deu uma olhada nela e a encontrou olhando fixamente para o telefone. "Coma..." ele disparou.

"Eu estou comendo," ela retrucou, colocando outra colherada de arroz na boca.

O ambiente de repente ficou silencioso já que o telefone parou de tocar.

Yasmin suspirou aliviada. 'Graças a Deus, meus ouvidos podem finalmente descansar.'

Buzz-Buzz...

Yasmin congelou, a colher ainda em sua boca. Ela nem tinha terminado de murmurar em sua mente quando o telefone começou a vibrar novamente, desta vez com um alerta de mensagem.

Buzz-Buzz...

Buzz-Buzz...

Buzz-Buzz...

Ela ficou irritada com o zumbido. "Verifique o telefone," ela resmungou enquanto deixava cair a colher na tigela. "Deve ser uma emergência."

"Não há emergência."

"Como você tem tanta certeza?" Ela perguntou.

Declan largou o garfo e a faca no prato e disparou, "Você não confia em mim?"

"Tudo bem. Acabei." Ela se levantou e foi para seu quarto.

Declan franziu a testa para sua forma que se afastava. Quando ele olhou para sua tigela de arroz inacabada, sentiu-se terrível e se arrependeu de não ter atendido o telefone.

Buzz-Buzz-Buzz...

Ele não conseguia mais ficar calmo quando o telefone tocou novamente. Ele franziu o nariz enquanto pegava o telefone.

"Declan, seu bastardo." Antes que ele pudesse responder, uma voz estridente veio do telefone. "Por que você bloqueou meus cartões e conta bancária? Eu estava jogando um jogo. Preciso pagar. Desbloqueie meus cartões agora."

Declan fez uma careta e afastou o telefone do ouvido. Ele ainda podia ouvir Derrek gritar. Seus lábios se curvaram depois de ouvir seu rugido de raiva.

Ele colocou o telefone de volta no ouvido e disse secamente, "Não vou desbloquear seus cartões ou conta."

"Por quê? Como você pode fazer isso?"

Declan aproveitava ainda mais quanto mais Derrek gritava. Ele se recostou na cadeira e disse, "Você deveria ter pensado nisso antes de se meter comigo."

"D-Do que você está falando?" Derrek gaguejou.

"Já que você quer brincar, vamos brincar." Declan se levantou e foi para o escritório.

"Não estou interessado em jogar nenhum jogo com você."

"Pense novamente. Bloqueei sua conta por uma semana. Pode se estender."

"Você... Humph... Me pergunto se você é meu irmão."

"Vou desligar então."

"Espere..." Derrek gritou. "Tudo bem..." Ele soou derrotado. "O que você quer?"

"Vou te dizer amanhã. Agora pare de choramingar." Declan encerrou a ligação e deixou o telefone na mesa de trabalho. Um sorriso malicioso apareceu em seu rosto enquanto ele se sentava em sua cadeira.

Derrek, por outro lado, fervia de raiva. Sua boca se contorceu e seu peito inchou. "Declan..." ele gritou, agarrando o telefone. "Você, você... Como pode me tratar assim?" Ele chutou a cama mas se machucou.

"Ai..." Ele gemeu, segurando o pé. "Declan, seu idiota... Você vai pagar por isso. Eu juro. Você me irritou. Vou te deixar louco. Só espere."

Enquanto Derrek estava fora de controle de raiva, Declan estava fazendo seu trabalho em um humor relaxado. Ele tinha um leve sorriso no rosto. Ele conseguiu irritar seu irmão por tê-lo enganado. Além disso, sua esposa lhe trouxe algo pela primeira vez.

Ele segurou o pingente de meio coração e olhou para ele. "O que ela estava dizendo? 'Feitos um para o outro'." Ele sorriu.

Declan não era o tipo de pessoa que usava algo assim, mas ele sorriu enquanto olhava para isso. A entrada de Yasmin em sua vida o mudou gradualmente.

Ele não tinha fé no amor. Ele estava cauteloso em depositar sua fé nas mulheres. Mas ele começou a gostar dela e estava disposto a confiar nela.

Ele desligou o laptop e saiu do escritório. Seu sorriso permaneceu em seus lábios enquanto ele se dirigia ao quarto. Quando ele a viu dormindo, seu sorriso desapareceu.

'Ah, cara...' Ele gemeu, limpando o rosto. 'Ela não pode esperar um pouco?'

Ele subiu desanimadamente na cama e deitou-se de costas, seu olhar fixo na luz montada no teto fracamente iluminada. Era a quarta noite que eles estavam compartilhando uma cama, mas ele mal a tocava. Era improvável para um casal casado.

Ele ficou inquieto, sua frequência cardíaca aumentando. Sua respiração também acelerou.

'Chega é chega.'

Ele se virou para ela e estendeu sua mão em sua direção. Ele pretendia puxá-la para seus braços. Mas ele congelou enquanto olhava para seu rosto.

Ela estava dormindo tão pacificamente que ele não podia acordá-la. No final, ele gentilmente passou seus nós dos dedos sobre sua bochecha.

'Merda, Declan. Ela está dormindo.'

"Boa noite," ele murmurou, recolhendo sua mão.

Tarde da noite...

Declan estava desconfortável em seu sono. Sua respiração vinha em curtos arquejos.

"Mãe..." ele murmurou em voz baixa.

Ele viu seu eu mais jovem se escondendo atrás de um batente de porta em seu pesadelo. Ele fixou um olhar hostil em sua mãe e um homem desconhecido conversando no salão. Ele não gostava quando aquele homem vinha à casa. Aquele homem estava levando sua mãe para longe dele.

'Homem mau,' o pequeno Declan murmurou.

"Declan," sua mãe gritou.

Ele se encolheu, aterrorizado por sua expressão zangada.

"O que você está fazendo parado aí? Não te disse para ir estudar?"

Ele estava prestes a fechar a porta quando ouviu o homem chamando, "Ei, amigo. Venha aqui."

Sua expressão ficou feia quando viu o homem sorrindo.

"Venha, venha. Tenho alguns doces para você." O homem tirou balas do bolso e mostrou para ele.

Declan moveu seu olhar para sua mãe enquanto se aproximava deles lentamente. Quando ele viu a expressão sombria de sua mãe, sentiu-se compelido a fugir para seu quarto e se esconder. Ele ficou bem na frente do homem, olhando para as balas em sua palma.

"Pegue..." o homem insistiu.

Os embrulhos coloridos das balas o atraíram. Mas ele estava com raiva. Sua boca estava em um beicinho apertado. Ele agarrou sua mão e afundou seus dentes nela em um flash.

"Ah..." gemeu o homem.

"Declan..." sua mãe gritou, torcendo sua orelha.

Era doloroso.

Ele imediatamente soltou a mão do homem.

Tapa...

Ele segurou sua bochecha esquerda, onde o tapa tinha aterrissado. Ele tremeu sob o olhar escaldante de sua mãe.

"Por que você fez isso?" ela disparou. "Peça desculpas."

"Não..." Declan retrucou veementemente.

"Como você pôde?" Ela levantou a mão para bater nele, mas o homem a impediu.

"Seu moleque. Não vou te dar nada para comer hoje. Vou te trancar no armazém."

Ela agarrou sua mão e o arrastou para o armazém no porão.

"Mãe, não... Por favor... Está escuro lá... Não me tranque..."

"Mãe, não... desculpa..." Declan murmurou e freneticamente abriu seus olhos. Ele ainda estava se recuperando do horror do pesadelo.

Suor encharcava seu corpo.

Ele se sentou, limpando o suor de sua testa. Sua respiração estava errática como se ele tivesse acabado de correr uma maratona.

"Ah, cara..." ele cobriu seu rosto.

Estes pesadelos o assombravam por tantos anos. Após uma consulta prolongada, ele eventualmente se livrou deles. No entanto, reapareceu.

"Por que agora?" Ele passou seus dedos pelo cabelo. Seu olhar foi atraído para Yasmin, que estava dormindo profundamente.

Ele lentamente desceu da cama e saiu do quarto.