Yasmin terminou sua lição de casa em duas horas. Ela colocou seus livros na estante e verificou as horas.
No criado-mudo, o relógio digital marcava 23:30.
Yasmin virou-se para a porta, imaginando por que Declan ainda não tinha chegado. Depois de pedir que ela terminasse logo a lição, ele mergulhou no trabalho.
'Será que ele não deveria terminar logo o trabalho e vir dormir?'
Parecia que ele iria se atrasar como sempre.
Ela fez um biquinho de insatisfação. "Com certeza vou envelhecer esperando por ele," murmurou enquanto ia ao banheiro.
Declan finalmente entrou no quarto depois de ter uma videoconferência confidencial com seus subordinados próximos. O que ele viu o fez congelar, com a testa franzida.
Ele se manteve ocupado no trabalho para que ela pudesse terminar a lição. Mas quem poderia imaginar que ela estaria dormindo quando ele voltasse?
Declan cerrou o maxilar e murmurou algo entre os dentes, encarando as costas dela. Com um estrondo alto, ele bateu a porta. Yasmin permaneceu imóvel, para seu desgosto.
"Ah, cara... Por que ela está me torturando?" Ele resmungou e marchou para o banheiro. "Parece que vou precisar tomar outro banho frio hoje à noite."
Yasmin ouviu sua última frase alto e claro, seus lábios se curvando num sorriso travesso. Ela tinha acabado de se deitar quando ouviu seus passos. Fingiu estar dormindo para ver o que ele faria. Sua reação não só a surpreendeu como também a divertiu. Agora ela sabia que não era a única que não podia esperar para fazer amor.
Ela rolou de costas e deitou-se, seus olhos fixos no teto. Não conseguia parar de sorrir ao lembrar dele falando sobre tomar banho frio.
"Quantos banhos frios ele já tomou?" Ela se perguntou.
Rangido...
A porta do banheiro abriu com um guincho e fechou com uma batida.
Ela imediatamente fechou os olhos.
Declan rastejou lentamente para a cama, com medo que seu movimento a acordasse. Ele deitou-se de costas, com as mãos contra o peito. Virou a cabeça para a esquerda e fitou seu rosto bonito. Apesar de sua insatisfação, não pôde evitar sorrir ao vê-la dormindo pacificamente.
Ele soltou um longo suspiro e deixou as mãos caírem na cama, seu olhar movendo-se para o teto. Dormir na mesma cama todas as noites com ela e não fazer nada era difícil para ele. Muitas vezes, considerou acordá-la e fazer sexo com ela. Mas nunca fez isso. Esta noite não era exceção. Ele lembrou a si mesmo de dormir sem perturbá-la.
Yasmin abriu um olho com uma fenda estreita e olhou para ele. Imediatamente sentiu-se desapontada quando o viu olhando fixamente para o teto.
Ele deveria ter chegado mais perto e a tomado em seus braços. Em vez disso, estava olhando para o teto.
O que havia no teto que o atraía tanto?
Ela fez biquinho e murmurou 'idiota' em sua mente.
Ela percebeu que Declan nunca tomaria a iniciativa. Ele não a teria beijado se ela não o tivesse beijado primeiro. Da mesma forma, ela tinha que mostrar sua ousadia mais uma vez para levar esse relacionamento ao próximo nível.
No entanto, ela não era corajosa o suficiente para seduzi-lo. O pensamento de fazer sexo com ele aumentou seus batimentos cardíacos. Seu rosto também corou. Ainda assim, ela pensou em como abordá-lo.
Seu olhar pousou na mão dele a alguns centímetros da sua. Seus dedos rastejaram em direção à mão dele. Então ela entrelaçou seu dedo mindinho com o dele.
Declan virou a cabeça para ela. A surpresa era evidente em seu rosto. Seus lábios se curvaram levemente.
Ela sorriu de volta para ele, seu coração começando a bater em seus ouvidos.
Ele se aproximou dela e disse, "Você estava fingindo dormir."
Sua voz profunda e rouca fez seu estômago estremecer. Ainda assim, ela fingiu ser séria. "Fingindo! De jeito nenhum. Você bateu a porta tão forte que me acordou."
Ele agarrou seu braço e a puxou para mais perto.
Yasmin ofegou, apoiando a mão no peito dele. Ela não ousou flexionar os músculos. O ar ao seu redor parecia estar congelado também. Ela não tinha certeza se estava respirando ou não. Uma coisa ela sabia com certeza era que seu coração estava prestes a explodir.
"Você acha que não vou perceber suas mentiras?" Seu tom baixo e rouco soava tão sedutor. "Você fingiu dormir todas as noites?" Seus cílios tremeram quando ele falou.
"Não," ela sussurrou, balançando a cabeça levemente.
"Então por que você fingiu hoje à noite?" Ele perguntou, puxando-a ainda mais para perto. Seus seios agora pressionavam contra o peito dele. "Você gosta de me ver em aflição?"
Desta vez, Yasmin apenas balançou a cabeça. Sua voz se recusava a sair. Sua proximidade, voz sedutora e o cheiro de sua colônia eram demais para ela lidar. Sua mente já estava explodida. Ela não conseguia pensar em nada racionalmente. Todo seu foco estava em seus lábios.
Declan gentilmente roçou seus dedos contra a bochecha dela.
Ela fechou os olhos, uma sensação de formigamento percorrendo seu corpo. "Declan..." ela murmurou seu nome. "Você me ama?"
Os dedos de Declan pararam, e seus olhos ficaram frios. A palavra 'amor' caiu sobre ele como um raio, sacudindo seus nervos. Ele teve a impressão de que um tremor violento o havia sacudido.
Ele imediatamente perdeu seu desejo por sexo.
Ele retirou sua mão. "Está ficando tarde. Você deveria dormir." Ele saiu da cama.
Yasmin ficou atônita. Ela sentou-se abruptamente e perguntou, "Onde você vai?"
Ele olhou para ela por cima do ombro. "Me lembrei de algo." Ele saiu do quarto, batendo a porta atrás de si.
Yasmin olhou fixamente para a porta, perplexa, inspirando profundamente.
Tudo estava indo bem. Ela tinha notado o desejo em seus olhos. Ela tinha sentido seu desejo crescente. Eles estavam tão perto de começar a fazer amor um com o outro. Mas então, ele de repente parou no meio e saiu.
Ela não tinha ideia do que o fez perder o interesse. Ela também não tinha certeza se tinha cometido algum erro. Lágrimas arderam em seus olhos enquanto uma dor inexplicável apertava seu coração.
Declan voltou ao escritório. Ele pressionou as mãos na parte de trás da cabeça e andou de um lado para o outro. Seu rosto estava devastado pelo desespero. Uma palavra foi suficiente para tornar seu humor feliz amargo.
Por que ela fez aquela pergunta? Ela não podia ficar quieta e aproveitar o que ele estava fazendo?
"Ela é uma estraga-prazeres," ele rosnou, suas narinas dilatando.
Depois de andar de um lado para o outro por um tempo, ele desabou no sofá, escondendo o rosto nas palmas das mãos.
Amor...
Ele não acreditava nisso. Amor não existia para ele. As pessoas se aproveitam umas das outras em nome do amor.
Seu pai amava sua mãe de todo coração. Ele sempre trazia presentes para ela, a levava em férias e a apoiava em cada passo. Mas o que ele recebeu em troca?
Decepção...
Declan tinha visto como seu pai tinha se despedaçado. Ele não queria passar por tudo isso. Ele soltou um suspiro profundo e deixou a cabeça cair no encosto do sofá.
"O amor torna uma pessoa fraca," ele murmurou em transe. "Eu não preciso de amor na minha vida. Um relacionamento requer apenas fidelidade, não amor."