A tempestade-se no horizonte como uma muralha viva.
Areia dançava como lâminas no ar.
Mas ele não parou.
Nefer segue, coberta apenas por um homem velho.
Caminhava não era por destino, mas por escolha.
Seu coração buscava silêncio.
Sua alma… redenção.
No meio do nada, encontrei uma tenda solitária.
Ali, um velho homem aceso o fogo com as mãos marcadas de tempo.
— Entre, viajante — disse o velho. — O deserto não perdoa os que andam sozinhos.
Nefer não respondeu. Apenas entrei.
Silêncio.
Depois de alguns gols de água, o velho olhou fundo nos olhos dele.
— Você carrega algo mais pesado que a poeira.
Algo que nem o vento pode levar.
Nefer baixou a cabeça.
E chorou.
CAPÍTULO 20 – OS OLHOS DO VELHO
O velho chamava-se Yakar.
Dizia que enxergava mais com o coração do que com os olhos.
E, de alguma forma, Nefer acreditava.
— Você fugiu de algo… ou está indo em direção a algo?
— Talvez os dois — respondeu Nefer.
Yakar concorda.
— Às vezes, é preciso se perder para se tornar inteiro.
Naquela noite, o velho contou histórias antigas.
De reis que foram escravos.
De escravos que viraram profetas.
É de homens que ouvem a voz de Deus no meio da areia.
Nefer ouvia em silêncio.
Mas por dentro…
algo começou a se alinhar.
CAPÍTULO 21 – O POÇO ESCONDIDO
Yakar levou Nefer até um poço escondido entre pedras.
A água era clara, fria e profunda.
— Beba — disse o velho. — Mas antes… olhe.
Nefer olhou para seu reflexo.
Não vi um rei.
Nem um guerreiro.
Viu um homem… com medo.
— É preciso encarar o que somos — sussurrou Yakar. — Só assim a alma se limpa.
Nefer mergulhou nas mãos.
A água queimou como fogo.
Mas ele não recuou.
CAPÍTULO 22 – AS MARCAS DO FOGO
Dias se passaram.
E cada dia, Yakar falava menos.
E Nefer sentiu mais.
As mãos de Nefer estavam queimadas pela água do poço.
Mas ele entendeu: não era dor. Era purificação.
— Às vezes, para segurar a luz… é preciso antes de deixar que ela queime.
Essas palavras ecoavam dentro dele.
CAPÍTULO 23 – A PARTIDA
Certa manhã, Nefer acordou e encontrou a tenda vazia.
Yakar havia partido.
Sem avisar. Sem deixar rastro.
Mas havia uma marca no chão: uma estrela desenhada na areia.
E ao lado, uma túnica branca.
Nova.
Pura.
Nefer vestiu.
E caminhou.
Sozinho.
Mas não mais perdido.
CAPÍTULO 24 – O REENCONTRO
Atravessou dunas, vales e noites sem nome.
Até que, numa aldeia distante, vi olhos conhecidos.
Eu configurei.
Ela o olhou como quem vê um fantasma.
— Você voltou?
— Não.
— Eu renasci.
CAPÍTULO 25 – A VOZ DO POVO
A aldeia estava crescendo.
Casas de barro.
Poços.
Crianças.
Mas havia medo.
Novas ameaças surgiam ao norte.
Homens que usavam a fé como espada.
— precisamos de alguém — disseram a Nefer.
— Eu não sou rei — respondeu ele.
— Não queremos um rei.
Queremos… você.
Ele olhou para o povo.
E viu… esperança.
CAPÍTULO 26 – O SINAL
Numa madrugada, uma estrela caiu do céu.
Rasgou o firmamento como um grito.
Todos acordaram.
Todos viram.
Nefer caiu de joelhos.
E entendi:
O tempo havia acompanhado a correr.
CAPÍTULO 27 – O INIMIGO DO NORTE
Vinham montados em feras negras.
Com rostos cobertos e olhos vazios.
Diziam que falavam em nome de um deus.
Mas espalharam medo, morte e silêncio.
Nefer os viu de longe.
E sussurrou:
— A guerra voltou a bater na porta…
CAPÍTULO 28 – A ESCOLHA
Ó povo reunido.
Tochas acesas.
Olhos fixos.
— Lutamos ou fugimos?
Nefer fique em silêncio.
Então disse:
— Lutamos.
Mas não como eles.
Lutamos com o coração limpo.
Com a alma acesa.
E o povo… acredito.
CAPÍTULO 29 – A PREPARAÇÃO
Foram dias de treino.
Não com espadas.
Mas com palavras.
Nefer disse:
— A fé que mover montanhas também ergue escudos.
O povo ouvia.
E se fortalecia.
CAPÍTULO 30 – A PRIMEIRA CHAMA
Na primeira noite da guerra, apenas um homem morreu.
Mas seu nome foi gritado.
E sua lembrança… virou chama.
Nefer acendeu uma fogueira.
— Cada vida que se vai… reacende a missão.
Que nenhum sacrifício seja esquecido.