O silêncio após as palavras do Guardião foi ensurdecedor. Ethan sentia o peso da responsabilidade pressionando seu peito, como se a própria gravidade do mundo tivesse se concentrado sobre ele. Ele nunca imaginou que sua jornada o levaria até aqui, a um ponto em que cada passo seria uma escolha que poderia significar a diferença entre a vida e a morte de milhões de pessoas.
Ele olhou para o Guardião, seus olhos ainda turvos com o turbilhão de pensamentos e emoções que invadiam sua mente. A revelação sobre sua irmã, o poder da árvore e o papel que ele desempenhava em tudo isso… nada disso fazia sentido para ele. Ele não se sentia preparado. Ele não se sentia digno de carregar esse fardo.
— Eu não sei se sou capaz de fazer essa escolha. — A voz de Ethan soou mais fraca do que ele gostaria, mas a verdade estava em seus olhos. — Eu não sou um herói. Eu sou apenas... eu.
O Guardião o observou por um momento, suas feições implacáveis. A figura imponente parecia ainda mais distante, como se suas palavras não fossem meras instruções, mas um reflexo de uma sabedoria que transcende a humanidade.
— Você não precisa ser um herói, Ethan. — O Guardião respondeu com uma calmaria surpreendente. — Você apenas precisa ser você. O herói que o mundo precisa não é aquele que tem todas as respostas, mas aquele que é capaz de fazer a escolha certa, mesmo sem saber o que virá depois. O destino do mundo nunca foi uma questão de força ou sabedoria absoluta, mas sim de coragem diante da incerteza.
Ethan engoliu em seco, suas mãos suadas apertando o punho. A sensação de estar em uma encruzilhada, onde qualquer caminho que escolhesse teria consequências, estava se tornando mais e mais insuportável.
— Eu não sei se sou forte o suficiente para isso. — Ele murmurou, mais para si mesmo.
O Guardião não disse nada por um tempo. Em vez disso, ele fez um gesto, e uma porta de pedra, que Ethan não havia notado antes, se abriu diante dele. Através dela, uma luz suave irradiava, como se um novo mundo estivesse esperando por ele.
— Você não precisará fazer isso sozinho. — O Guardião falou finalmente. — A escolha que você deve fazer não é apenas sua. Existem outros envolvidos. Outros que carregam o peso de suas próprias escolhas. A árvore não é apenas sua responsabilidade. O destino de todos os mundos está entrelaçado com ela, e todos têm um papel a desempenhar.
Ethan olhou para a porta, sentindo que o momento decisivo se aproximava. Ele sabia que não poderia seguir esse caminho sozinho. Ele precisava de aliados, precisava da força de pessoas que, assim como ele, estavam ligadas ao destino dessa guerra que ele ainda não compreendia completamente.
— Onde isso vai me levar? — Ethan perguntou, a curiosidade e o medo misturados em sua voz.
— A verdade nunca é simples, Ethan. — O Guardião respondeu com um olhar pensativo. — Mas a jornada que está à sua frente o levará à árvore. Quando você chegar lá, você será confrontado não apenas com o seu próprio destino, mas com o destino de todos os mundos. A escolha será sua. Mas lembre-se, Ethan, o que você vê não será o que você espera. E as consequências de sua escolha irão reverberar por todo o multiverso.
Ethan sentiu um arrepio subir por sua espinha ao ouvir aquelas palavras. A realidade estava se moldando diante dele, e ele era o centro dessa mudança. O Guardião, com sua sabedoria enigmática, não estava oferecendo respostas fáceis, mas sim, um caminho obscuro, cheio de incertezas. Mas talvez fosse isso o que ele precisava: a coragem para caminhar em direção ao desconhecido.
Sem outra palavra, Ethan deu um passo à frente, atravessando a porta de pedra. A luz suave ao seu redor envolveu seu corpo, aquecendo-o de uma maneira reconfortante, mas também trazendo uma sensação de pressentimento. Ele não sabia o que o aguardava, mas sabia que não havia mais volta. A escolha havia sido feita, e o destino o guiava para um novo capítulo.
O ambiente ao seu redor mudou rapidamente. Ele não estava mais em uma sala fria e silenciosa. Agora, ele se encontrava em uma vasta floresta, cujas árvores pareciam tão antigas quanto o próprio mundo. O chão sob seus pés estava coberto por uma vegetação densa, e o ar estava carregado com o perfume doce e terroso das plantas.
Mas havia algo diferente nesta floresta. Algo inquietante. As árvores ao seu redor pareciam observá-lo, como se soubessem que ele não era um mero visitante, mas uma figura central no destino daquela terra. A luz filtrada pelas folhas tinha um tom estranho, como se a própria floresta estivesse consciente de sua presença.
Ethan deu mais um passo, seus olhos percorrendo a paisagem ao seu redor, tentando encontrar algum sinal do que deveria fazer a seguir. Ele sabia que sua jornada o levaria até a árvore, mas onde ela estava? Como ele poderia encontrá-la em meio a essa vastidão?
De repente, uma figura apareceu diante dele, saindo das sombras da floresta. Era uma mulher, com longos cabelos prateados e olhos tão profundos quanto os mares mais escuros. Ela parecia tão etérea quanto o próprio ambiente, como se fosse uma manifestação do próprio lugar.
— Você veio. — A mulher disse, sua voz suave, mas carregada de uma sabedoria que parecia atravessar os tempos. — Eu sabia que você viria, Ethan. O Guardião nos alertou sobre sua chegada. Você está mais perto do que imagina.
Ethan olhou para ela, sem saber o que dizer. A sensação de estar em frente a uma figura mística o deixou ainda mais perdido. Mas ele sabia que ela era importante, sabia que, de alguma forma, ela estava ligada ao que estava acontecendo.
— Quem é você? — Ele perguntou, o coração batendo mais rápido em seu peito.
A mulher sorriu levemente, como se já soubesse a resposta.
— Eu sou a Guardiã da Floresta. E assim como você, sou uma das muitas chaves para o que está por vir. — Ela disse, seu olhar penetrante fixando-se em Ethan. — O que você está prestes a enfrentar não é apenas uma batalha contra os seres que buscam a árvore. É uma batalha contra o próprio destino. Mas você não está sozinho. Não mais.
Ethan sentiu a estranha sensação de que havia muito mais em jogo do que ele poderia entender. Mas uma coisa era certa: ele havia dado o primeiro passo em um caminho que não teria retorno.
A mulher ergueu a mão e, com um movimento, uma série de símbolos luminosos começaram a brilhar no ar à sua volta, como se estivessem esperando para ser ativados.
— Venha, Ethan. Sua jornada não acaba aqui. Ela só está começando.