Capítulo 60: O Chamado das Sombras

A tranquilidade que Ethan havia sentido após a batalha com Zareth e a Entidade da Reversão logo foi substituída por uma tensão crescente, como se o próprio mundo estivesse aguardando a próxima ação. Ele havia sido alertado sobre o que suas escolhas poderiam causar, mas ainda não compreendia totalmente o alcance das repercussões. Uma coisa estava clara: ele havia liberado algo muito além de seu controle.

Enquanto o vento batia suavemente nas ruínas do templo, Ethan caminhava com passos pesados, os olhos fixos no horizonte. A mulher que o havia confrontado antes ainda pairava em sua mente, e suas palavras ecoavam em sua cabeça como um alerta sombrio. Ele sabia que ela tinha razão em um ponto: as forças que ele tinha liberado estavam além do seu poder.

Mas ao mesmo tempo, ele sentia um fogo em seu interior — a sensação de que ele estava no centro de algo maior. Ele não havia chegado até aqui apenas para retroceder. A escolha era sua, e ele faria as escolhas que julgasse necessárias para o futuro, independentemente das consequências.

O céu acima dele estava nublado, com nuvens escuras se formando, como se o próprio universo estivesse preparando algo terrível. As sombras das árvores ao redor do templo pareciam se alongar de maneira incomum, como se estivessem se esticando, buscando algo. Algo estava chegando, e Ethan podia sentir a pressão no ar, como se algo gigantesco estivesse prestes a se manifestar.

Ele parou, os olhos varrendo os arredores. Não havia movimento visível, mas a sensação de que algo o observava era palpável. Seu corpo se tensou, e seu espírito marcial se ergueu em alerta. Ele sabia que o confronto com Zareth havia sido apenas o começo. Algo muito maior, mais perigoso, estava se aproximando.

De repente, uma figura apareceu na distância. Não era uma pessoa comum. Era uma silhueta envolta por uma névoa escura que parecia se formar ao seu redor, como se o próprio espaço estivesse sendo distorcido pela presença dessa criatura. A figura se aproximou lentamente, seus passos suaves, mas imponentes, como se estivesse atravessando um espaço além do tempo e da realidade.

A figura se aproximou de Ethan até ficar a poucos metros dele, e então, como se fosse uma cortina sendo puxada para o lado, a névoa escura se dissipou, revelando sua forma. Era um ser imponente, com uma armadura negra brilhante que refletia a pouca luz que ainda existia. Seus olhos eram como abismos, escuros e profundos, e sua presença era como a de uma sombra que engolia a luz ao seu redor.

— Ethan... — a voz da criatura soou como um eco distante, mas cheia de autoridade, reverberando pela terra. — Você não pode escapar do que fez.

Ethan manteve-se firme, seus olhos fixos na figura que agora estava diante dele. Ele sentia o peso daquelas palavras, mas não se intimidava. Ele sabia que esse momento chegaria, e agora ele estava pronto.

— Eu não estou tentando escapar. — Ethan respondeu, sua voz firme e clara. — Se há algo que preciso enfrentar, então é isso que farei.

A criatura riu, um som baixo e gutural que parecia sair de algum lugar profundo e remoto.

— Você acha que pode enfrentar o que está por vir? — disse a criatura, com uma suavidade ameaçadora em sua voz. — Você, um simples humano, ousou desafiar os próprios fundamentos da realidade. O que você liberou não pode ser combatido com força ou determinação.

Ethan sentiu o poder da criatura em suas palavras, como se estivesse sendo esmagado por uma pressão invisível, mas ele não recuou. Ele sabia que sua jornada não poderia ser interrompida por medos ou ameaças.

— Eu não sei o que você é ou o que representa, mas sei que tenho o poder de moldar o futuro. O que eu fiz, fiz por um motivo, e se eu tenho que enfrentar as consequências, então será assim.

A criatura observou Ethan com um olhar penetrante, como se estivesse avaliando cada palavra que ele dissera. Depois de um longo silêncio, ela finalmente falou novamente.

— Você já deveria saber, Ethan, que não há futuro se você não entender o que significa viver dentro dos limites da realidade. — Ela deu um passo à frente, sua presença se tornando ainda mais opressiva. — Você foi ousado, mas há forças que não podem ser ignoradas. Eu sou uma dessas forças.

Ethan sentiu o peso das palavras dela, mas, ao mesmo tempo, uma chama de desafio acendeu dentro dele. Ele não sabia com o que estava lidando, mas sabia que, assim como enfrentara Zareth e a Entidade da Reversão, agora ele teria que enfrentar essa nova ameaça.

— Se você é uma dessas forças, então vou enfrentá-la. Eu já destruí o que você tenta proteger. Nada será mais forte do que a minha vontade. — Ele disse, sua voz firme, sem hesitação.

A criatura olhou-o com um sorriso cruel, como se estivesse se divertindo com o desafio que ele representava.

— Muito bem, então. Se você acredita que está preparado para o que está por vir, então prove-o. Eu sou o que virá para corrigir o erro que você cometeu. Prepare-se, Ethan. O jogo acabou de começar.

Com essas palavras, a criatura ergueu suas mãos, e uma onda de energia escura começou a se formar ao seu redor. O espaço ao seu redor começou a distorcer-se ainda mais, e Ethan sabia que a batalha que se iniciava seria mais difícil do que qualquer outra que ele já havia enfrentado.

Mas ele não estava mais sozinho. Ele sabia que havia forças dentro dele, mais profundas do que ele poderia compreender, que agora eram suas para comandar. Ele respirou fundo, sentindo o poder do seu espírito marcial crescer dentro de si, e se preparou para a luta que estava por vir.

A criatura disparou em sua direção, e a luta começou.