A luta contra o Arconte do Caos havia começado, mas o campo de batalha estava longe de ser apenas um local de confronto físico. Cada ataque era mais do que uma simples troca de golpes; era uma batalha pelas realidades em si. Ethan sentia o peso da pressão aumentando a cada segundo que passava. O Arconte não estava simplesmente lutando, ele estava distorcendo a própria estrutura do espaço-tempo ao redor deles, como se o próprio universo fosse seu aliado.
O Arconte, uma sombra colossal que parecia preencher o horizonte, avançava com uma rapidez impressionante, sua forma contorcendo-se, mudando constantemente. Cada movimento seu parecia fazer o ar tremer, e as linhas temporais ao redor de Ethan e seus aliados estavam em constante fricção, como se o próprio tempo estivesse sendo rasgado. Mas Ethan não retrocedia. Ele sentia o poder pulsando em suas veias, um poder que não compreendia completamente, mas que lhe dava uma sensação de invencibilidade.
A batalha se desenrolava de uma forma indescritível. Tang San, com sua habilidade no Martelo do Céu Claro, atacava com força brutal, mas cada golpe parecia ser absorvido pela sombra do Arconte, que se recriava instantaneamente, como se estivesse além de qualquer conceito de física ou lógica. Elyss não ficava atrás, sua espada de luz cortando o ar com precisão, cada ataque carregado de uma energia purificada que visava desintegrar a essência do caos, mas o Arconte parecia ser imune à maioria dos seus ataques.
Ethan, por outro lado, estava em um estado de intensa concentração. Sua mente, agora mais conectada com o Nexus e com as múltiplas realidades que coexistiam, estava sendo dilacerada por uma sensação de distorção. Ele sabia que não podia apenas lutar com os meios que conhecia. O Caos não se resolvia com força física, mas com uma mudança profunda no próprio tecido da realidade.
Ele levantou as mãos, os fios de energia dourada fluindo de seu corpo, entrelaçando-se ao seu redor como uma rede que conectava não apenas os combatentes, mas as próprias linhas do tempo. O ar ao seu redor começou a brilhar com uma intensidade cegante enquanto ele tentava moldar a própria realidade.
— Eu não posso... deixar isso acontecer — murmurou ele, mais para si mesmo do que para os outros.
Elyss, percebendo a crescente tensão, se aproximou dele. Ela sabia que Ethan estava em um ponto crítico, prestes a ultrapassar o limite do que um ser humano poderia suportar. A fusão com o Nexus estava acontecendo a uma velocidade alarmante, e a sensação de dissolução que ele experimentava era um reflexo dessa transformação.
— Ethan, você precisa se controlar! — ela gritou, sua voz atravessando a confusão da batalha.
Ele a olhou, seus olhos refletindo uma mistura de dor e determinação. Havia algo em seu olhar que dizia que ele já não era mais o mesmo. Ele não estava apenas lutando pela sobrevivência, mas pela própria essência do que significava ser humano.
— Eu... Eu não sei se posso — respondeu, sua voz trêmula. — O que estou fazendo... é mais do que um sacrifício pessoal. Eu não sei até onde posso ir com isso.
Tang San apareceu ao lado deles, sua expressão grave, mas sua presença forte como sempre.
— Ethan, seja qual for o caminho que você escolher, lembre-se: não estamos sozinhos. O sacrifício é grande, mas ele não precisa ser feito por você sozinho. O que você faz agora... definirá o futuro de todos nós.
Ethan olhou para seus amigos. Eles estavam dispostos a enfrentar o que fosse necessário, dispostos a lutar até o fim. Mas o peso da decisão estava em suas mãos. O Arconte do Caos estava se aproximando, a destruição ao seu redor intensificando-se a cada momento. Ele sabia que algo drástico precisava ser feito, mas havia um preço. E esse preço... poderia ser muito maior do que ele jamais imaginara.
Com um suspiro profundo, Ethan fechou os olhos. Ele sentiu a fusão com o Nexus crescendo ainda mais forte, uma energia que estava além de sua compreensão. Ele não estava mais apenas lutando; ele estava se tornando uma parte desse processo de destruição e recriação.
— Se eu não fizer isso agora, tudo o que conhecemos será consumido — ele disse, sua voz cheia de determinação. — Não há mais escolhas. O Caos se alimenta da nossa hesitação.
E com essas palavras, ele estendeu as mãos para o céu, puxando as linhas temporais de volta para si, como se estivesse costurando a própria realidade. O tempo ao seu redor começou a se torcer, distorcer, e um vórtice de energia pura se formou em suas mãos. Ele estava criando uma força que poderia, de uma vez por todas, selar o destino do Arconte.
O Arconte do Caos, vendo o que estava acontecendo, reagiu com furor. Sua forma se dilatou, uma massa de sombras e distorções, e com um rugido ensurdecedor, ele lançou uma onda de destruição em direção a Ethan. Mas o jovem, agora com a força do Nexus em suas mãos, levantou a barreira de energia e a disparou de volta, criando uma explosão de luz que fez o próprio tempo vacilar.
— Não é o fim! — Ethan gritou, suas palavras ecoando por todo o campo de batalha. — É apenas o começo!
Com uma última explosão de força, a luz envolveu o Arconte, envolvendo-o em um turbilhão de energia que parecia se distorcer em múltiplas dimensões. O Arconte tentou resistir, mas a energia que Ethan havia liberado era muito maior do que ele havia previsto. A cada segundo, o Caos estava sendo restrito, lentamente, até que sua forma começou a desintegrar-se em partículas de pura escuridão.
Mas, então, uma nova sensação tomou conta de Ethan. Algo dentro de seu ser estava se rompendo, e ele sabia que o preço dessa ação estava prestes a ser pago. Ele olhou para seus amigos uma última vez, e seus olhos se tornaram vazios, como se ele já estivesse deixando este mundo para trás.
— Eu... não sei se posso voltar de onde estou indo — disse, sua voz falhando. — Mas espero que todos vocês... encontrem um futuro melhor.
E com essas palavras, o vórtice de energia finalizou sua expansão, consumindo não só o Arconte do Caos, mas também Ethan, que se viu sendo arrastado para um limbo entre as realidades.
O Arconte foi derrotado, mas a vitória teve um preço imenso.