_Não Tenho Escolha

Acordei na manhã seguinte com a luz do sol batendo no meu rosto, me forçando a abrir os olhos com um gemido.

Caramba, mal dormi a noite passada. Tudo graças ao Kaene!

Sentando-me, virei meu olhar para a janela apenas para ver Miranda parada lá com um sorriso forçado no rosto.

"Bom dia, senhora. O Alfa disse que eu deveria acordá-la para o café da manhã." Ela fez uma pequena reverência.

'Senhora'?

Hmph... Era incrível como as pessoas podiam mudar tão rápido quando se tratava de classe social.

Virando meu olhar para o relógio, suspirei. "Miranda? Que horas são?"

Ela seguiu meu olhar, seus olhos também pousando no relógio. Ela arqueou uma sobrancelha sem entender.

"Uh... São sete da manhã, senhora." Ela soltou.

Balancei a cabeça, a falta de sono já afetando minha mente e agitando minhas emoções. "Certo... Agora, o Alfa, minha parelha, te disse quando eu dormi ontem à noite?"

Parecia que Miranda estava começando a entender onde eu queria chegar, pois ela balançou a cabeça. "N-não, senhora. Mas estou supondo que dormiu muito tarde."

Dei a ela um sorriso sarcástico, revirando os olhos logo em seguida. "Miranda, me faça um favor e me deixe dormir. Preciso de pelo menos mais uma ou duas horas de sono."

A essa altura, eu já não estava mais olhando para ela, mas podia sentir a leve irritação em sua voz quando respondeu. "Mas, senhora... O Alfa insistiu que você viesse tomar café da manhã c-"

"Eu disse que estou cansada, Miranda!" Disparei, sentando-me e olhando feio para ela.

No entanto, quando vi como ela recuou, suspirei, esfregando minha testa. Caramba, eu estava começando a soar como aquelas garotas ricas mimadas.

"Apenas diga ao Alfa que estarei lá em breve." Meu tom estava mais calmo agora, enquanto cobria meu rosto com o travesseiro.

Miranda finalmente me deixou em paz, fechando a porta atrás dela.

"Nossa, não tenho notícias do Caleb desde ontem à noite," murmurei para mim mesma, procurando sem rumo pelo meu telefone na gaveta ao lado da minha cama.

No entanto, justo quando alcancei o telefone, a porta se abriu bruscamente, e entrou a Luna Catherine com uma expressão severa no rosto.

"Você!" Ela cuspiu, com os braços posicionados em ambos os lados da cintura. "Onde você estava ontem à noite? Procurei por toda a mansão e não consegui te encontrar."

Engoli em seco, rezando silenciosamente para que essa mulher não trouxesse nenhum drama desnecessário.

Descendo da cama, fiz uma reverência. "Bom dia, vossa graça. Eu estava dando uma volta pelos jardins para-"

"Não me importo com isso agora. Você pode se perder em uma rodovia, pelo que me interessa." Ela sibilou, fazendo com que eu engolisse o resto das minhas palavras.

Eu só tinha que aguentar. Não podia deixar essa mulher encontrar uma desculpa para me punir ou pior...

"De qualquer forma, por que você ainda não está de pé a essa hora?" Ela perguntou com desdém. "É assim que você quer servir esta alcateia como Luna? Você sabe a quantidade de trabalho que esse título implica?"

Mantive o olhar baixo, não querendo encontrar seu olhar.

Felizmente, ela bufou, desistindo. "Esteja lá embaixo em trinta minutos. Ou não. Você também pode passar fome, se quiser."

E com isso, ela se virou e trancou a porta atrás dela.

"Ugh, não acho que posso viver assim pelo resto da minha vida." Suspirei, sentindo uma onda avassaladora de autopiedade.

Desabei na cama, me sentindo presa e sufocada. Eu precisava de uma fuga, nem que fosse por um momento.

Meu olhar caiu sobre o telefone ainda agarrado na minha mão naquele momento. Disquei o número de Caleb, esperando que ele atendesse.

"Ei, mana," a voz calorosa de Caleb veio do outro lado. "Caramba, como você tem estado? Pensei que aqueles esnobes tivessem confiscado seu telefone ou algo assim."

"Caleb!" Exclamei, sentindo alívio me invadir. "Você está bem? Conseguiu voltar para casa?"

"Sim, estou bem, mana. Sua parelha enviou alguns de seus guardas para me escoltar." Sua voz soava provocativa.

Revirei os olhos, rindo secamente. "Engraçado. Somos parelhas, mas é aí que o relacionamento termina."

Inconscientemente, olhei para minha porta, meio que esperando que Kaene entrasse de repente.

Enquanto isso, Caleb assobiou. "Caramba. Você parece que o odeia e, honestamente, não te culpo. Tem algo errado?"

"Tudo está errado, Caleb. Nem sei por onde começar." Respondi, com lágrimas se formando nos meus olhos.

Mas rapidamente usei o dorso da minha mão para limpá-las. Não queria que Caleb notasse minha tristeza e fizesse algo estúpido.

"Ei, você sempre pode começar de algum lugar, mana. Leve seu tempo também." Caleb me incentivou a falar.

Eventualmente, respirei fundo e expliquei tudo. Bem, exceto a parte em que tive um caso com o Beta Negan.

Caleb ouviu atentamente, seu silêncio do outro lado me acalmando.

"E a Luna Catherine é simplesmente... insuportável," concluí com um grunhido, rangendo os dentes.

Bem, não era como se ele não soubesse disso por si mesmo. Ele tinha visto em primeira mão como a mulher podia ser insuportável.

"Você não merece nada disso, mana." A voz de Caleb estava cheia de raiva. "Vou até aí protestar c-"

"Caleb, não seja bobo." Suspirei, fungando para segurar o ronco tentando sair do meu nariz. "Aceitei meu destino. Só tenho que esperar que a situação aqui mude antes que eu perca a cabeça... Haha."

A coisa toda não era nada divertida, mas eu tinha que usar humor para me sentir melhor.

"Além disso..." Acrescentei. "Eu sou a Escolhida da Lua. Essa não é uma responsabilidade da qual posso fugir facilmente."

Houve alguns segundos de silêncio do outro lado, me fazendo ficar tensa. Mas eventualmente, Caleb suspirou.

"Espero que você saiba o que está fazendo, mana." Ele murmurou.

Um sorriso amargo curvou meus lábios enquanto eu respondia. "Eu sei, Caleb. Não é como se eu tivesse muita escolha de qualquer forma, mas ficarei bem."

Com isso, falamos sobre outras coisas, e Caleb conseguiu me fazer rir algumas vezes.

Mas eventualmente tive que desligar e quando o fiz, meu rosto já estava marcado por lágrimas quentes.

"Caramba, sou uma bagunça." Estralei a língua, passando as mãos pelo meu cabelo.

No entanto, nesse mesmo momento, Miranda irrompeu pela porta, seu habitual sorriso falso estampado no rosto.

"Ok, senhora, é hora de tomar seu banho..." Ela parou quando seu olhar caiu sobre meu rosto.

Tentei limpar as lágrimas do meu rosto, mas já era tarde demais.

"Meu Deus, você não pode descer parecendo assim, senhora. O que aconteceu?" Ela perguntou, e por um segundo pensei ter ouvido um tom de preocupação em sua voz.

Interessante…