Capturada (1)

Meu corpo doía por causa das amarras, correntes de prata queimando minha pele enquanto eu lutava para me mover. Um velho saco de batatas áspero arranhava minha pele, escondendo minha nudez da minha recente e breve transformação.

As paredes úmidas da cabana pareciam se fechar sobre mim, o ar pesado com o cheiro de decomposição e madeira velha. Cada respiração era densa, carregada com a magia que me prendia. Eu estava sozinha, mas não completamente sozinha. Três figuras pairavam logo além do meu alcance, seus rostos borrados como se minha mente não pudesse compreender totalmente suas feições.

A floresta lá fora estava escura, a única luz vinha do bruxuleio de um fogo moribundo no canto do quarto. Projetava sombras sinistras nas paredes, dançando e mudando como espectros na noite. O som das folhas farfalhando e os chamados distantes das criaturas noturnas eram abafados como se a própria floresta tivesse se fechado ao meu redor, me isolando do mundo que eu conhecia.