O telefone tocou assim que saí do banho. Eu tinha ficado lá dentro por muito mais tempo que o necessário, pensando em como minha vida tinha mudado tão drasticamente em apenas algumas semanas. Parece impossível, e ainda me pego tendo esses momentos em que quero me beliscar para ter certeza de que é real.
Nesse período, passei de desejar a morte a querer viver mais do que qualquer coisa. De viver no pior tipo de inferno imaginável a ser o mais feliz que já fui em minha existência. A única coisa que me atormenta agora é o quão fácil foi perder tudo da última vez e a preocupação em como não deixar isso acontecer novamente.
Duvido que eu seria um idiota duas vezes, mas também não esperava que as coisas dessem errado da última vez, e é isso que está me preocupando pra caramba. Como fui tão cego para as pessoas e situações ao meu redor. As drogas tiveram sua parcela de culpa, claro, mas não vou usar isso como desculpa pela bagunça que fiz de nossas vidas.