Nova esposa sinistra

Juhan e Saek são duas nações com histórias diferentes, mas interesses semelhantes. Durante muitos anos, trabalharam juntas em acordos comerciais, tecnológicos e de defesa. Os reis são amigos desde a juventude, os conselheiros sempre se encontraram em jantares importantes, e os líderes se cumprimentavam cordialmente diante das câmeras.

Mas a amizade entre os reinos já não era suficiente. Os povos de Saek e Juhan queriam uma união verdadeira, algo que garantisse a continuidade da aliança para as próximas gerações. Foi então que decidiram por um casamento entre os herdeiros.

Eu sou Choi Beomgyu, príncipe de Juhan, mais conhecido como o príncipe psicopata. Não entendo muito bem o motivo, mas gosto desse apelido.

Também temos Woon Yuri, princesa de Saek, mais conhecida como a princesa sinistra. Ainda não sei nada sobre ela, nunca a vi, mas a verei hoje, direto do altar.

Estou parado aqui, diante de todos, sob aquele teto dourado ridiculamente brilhante. A coroa pesa um pouco, e o paletó aperta mais do que deveria.

Minhas mãos estão cruzadas nas costas, e meus olhos... ah, esses não saem da porta do salão.

Minutos depois...

A música começa e os convidados se levantam como bonecos obedientes, se virando para a entrada de aguardando curiosamente.

Yuri entra com um vestido preto, aberto em uma das coxas, os cabelos soltos, maquiagem levemente escura, segurando um buquê de flores mortas.

Ela caminha como se estivesse indo a um funeral.

Sorrio de canto. Não sei se quero beijá-la ou arrancar esse vestido com as mãos. A forma como anda, o olhar entediado, o jeito de quem não se importa com nada, parece feita sob medida para mim. E o melhor, ela não faz ideia do que está despertando.

Yuri sobe os degraus lentamente. Quando para ao meu lado, não me olha de imediato, e isso me diverte mais do que deveria.

O oficiante inicia aquele discurso longo e inútil sobre união entre nações, paz, futuro e dever.

A cerimônia avança até o momento de dizer "sim".

— Príncipe Choi Beomgyu, você aceita a princesa Woon Yuri como sua esposa? — diz o oficiante.

Antes de responder, coloco a mão sob o queixo de Yuri, forçando-a a virar o rosto para mim. Ela me encara sem emoção alguma.

— Aceito.

O oficiante repete a pergunta para ela. Yuri solta uma risadinha curta antes de responder:

— Se já estava decidido, por que perguntar? Mas tudo bem. Aceito.

Meu sorriso cresce devagar ao ouvi-la pela primeira vez, como se tivesse encontrado uma joia rara caída no meio da sujeira.

O oficiante assente, dando início à próxima etapa:

— Podem trocar as alianças.

O assistente se aproxima com a almofada onde estão dois anéis prateados. Coloco o anel no dedo de Yuri com calma, sem desviar os olhos dos dela. Ela repete o gesto, deslizando a aliança no meu dedo.

O oficiante fala novamente, com solenidade:

— Agora, o noivo pode beijar a noiva.

Sem perder tempo, puxo Yuri pela cintura, atraindo-a para mais perto. Meus olhos passeiam pela plateia antes de eu beijá-la e ergo o queixo levemente, saboreando o momento.

— É com gratidão que agradeço a todos os cidadãos, por tornarem possível meu casamento com esta jovem que não conheço, mas cuja presença tanto me agrada — minha voz sai alta.

Seguro o rosto dela com uma das mãos, como se fosse de porcelana.

— Gostei de você.

— Psicopatas são assim mesmo — diz, com um leve sorriso, antes de deixar que meus lábios toquem os dela diante de todos.

Quando nos separamos, o sorriso de satisfação que se forma no meu rosto não é para ela, mas para o jogo que acabamos de começar.

Como o casamento foi firmado por um acordo, não há necessidade de comemorações. Por isso, tudo termina logo após o beijo. As câmeras disparam sem parar enquanto eu, Yuri e as majestades que chamamos de pai e mãe seguimos em direção ao carro que nos levará ao Palácio de Juhan. Lá, teremos um jantar reservado apenas para as duas famílias, como uma formalidade para selar a união diante dos pais.

Chegando no palácio...

As portas do palácio se abrem diante de nós. A equipe de criados se curva em silêncio enquanto passamos.

Meus pais caminham à frente, junto com os pais de Yuri, trocando palavras diplomáticas sobre o casamento recém-celebrado. Elogiam a cerimônia e reforçam a importância da união entre os reinos.

Aproveito a brecha e seguro a mão de Yuri, entrelaçando meus dedos nos dela. Ela apenas me observa em silêncio.

— Se nos derem licença, majestades — digo, olhando um por um. — Pretendo conhecer melhor minha nova esposa.

Os quatro apenas nos observam em silêncio, sem questionar.

Então puxo Yuri comigo, atravessando os corredores do palácio em direção ao meu quarto.

— Que forma interessante de me conhecer melhor — diz ela, me acompanhando.

— Que bom que pensa assim.

No quarto...

Ao entrarmos, tranco a porta. Ela não parece notar ou simplesmente não se importa. Observa o quarto como quem analisa um cativeiro.

Tiro o paletó devagar e o jogo sobre a poltrona próxima, sem me importar se vai cair no chão. Em seguida, sento-me à beira da cama, com as mãos apoiadas nas coxas e os olhos fixos nela.

Yuri cruza os braços devagar, como se estivesse se preparando para uma conversa que ela mesma decidiu começar.

— Já que agora estamos oficialmente casados, acho bom você saber com quem se meteu.

Ela caminha até uma das poltronas e se senta de lado, cruzando as pernas e expondo sua coxa pela abertura do vestido.

— Eu odeio ser mandada, e detesto que me digam como agir, me vestir ou falar. Se você espera uma esposa que vai sorrir nas recepções e te chamar de apelidos carinhosos diante das câmeras, esqueça. Sou o tipo de pessoa que finge tropeçar só para derramar vinho na duquesa fofoqueira.

Inclino-me para trás, apoiando o peso nos braços, enquanto a escuto.

— Saio escondida quando quero e já fugi dos guardas três vezes em eventos diplomáticos. A realeza inteira tem medo de me convidar para galas porque apareço de preto, com botas de salto e uma expressão de nojo para metade dos convidados.

Ela apoia o cotovelo no braço da poltrona e o queixo na mão.

— Não gosto de flores, odeio músicas lentas, e se alguém me mandar sorrir, ficarei mais séria do que nunca. Eu sou assim, e não vou mudar só porque colocaram uma aliança no meu dedo.

Assim que ela termina de falar, começo a bater palmas lentamente.

— Palmas para a princesa sinistra — digo, com um sorriso enviesado. — Agora é minha vez.

Levanto-me da cama e caminho até ela.

— Também acho justo você saber com quem se casou.

Ajoelho-me diante dela, aproximando meu rosto do dela, olhando diretamente em seus olhos.

— Odeio ser contrariado e não suporto quando as coisas não saem do meu jeito. Detesto barulho. Inclusive, já tirei a vida de um passarinho bonitinho que pousava na minha janela só para cantar.

Gosto de ver como ela consegue me encarar naturalmente. Então, me aproximo mais.

— Não bebo, odeio perder o controle e detesto ser tocado. Quebrei o nariz da última pessoa que tentou me tocar.

Yuri sorri, fria, como se estivesse ouvindo uma piada.

— Então você detesta ser tocado, é? — diz ela, passando as mãos pelos meus músculos.

Num movimento seco, agarro seus pulsos e a jogo na cama com força, o suficiente para afundá-la no colchão. Subo por cima, com os joelhos prendendo suas pernas, bloqueando qualquer rota de fuga.

— Quanta delicadeza... — ela comenta, ainda sorrindo.

— Está cometendo um grande erro ao me provocar.

— Vai quebrar meu nariz também? — pergunta, desafiadora.

— Quebrar seu nariz não seria o suficiente. Prefiro usar o seu corpo como punição.

— Fique à vontade, alteza — responde ela, tranquila.

Solto uma risada baixa e rouca. Ela acha que estou brincando. Inclino-me até seu pescoço e mordo com força, chupando sua pele até deixar marcas permanentes. Ela solta um grito mais alto, porém falhado, enquanto o corpo se contorce debaixo do meu. Seguro firme, sem esforço.

— Você é do tipo masoquista... ou só não sabe dar um chupão decente?

— Tá achando ruim? — murmuro perto do rosto dela, com a voz carregada de crueldade contida.

Yuri solta uma risada breve.

— Ruim não. Doloroso, sim.

Minha boca se curva em um sorriso torto.

Deslizo a mão com brutalidade pelo corpo dela, puxando o vestido até a coxa ficar completamente exposta. Sem hesitar, me inclino, seguro firme a pele e mordo com força. O gosto metálico do sangue se espalha pela minha boca. Chupo sem pressa, como se marcasse território com a língua.

— Aaaah! — Yuri grita mais alto e contorce seu corpo violentamente sob o meu, tentando escapar, mas meus braços a mantêm imóvel.

— Agora sim — digo, lambendo o sangue que escorre lentamente da marca.

Solto sua perna devagar, observando a mordida profunda, a pele ferida e o sangue escorrendo. Me afasto lentamente, caminho até o espelho no canto do quarto. Me olho com calma, arrumo o cabelo com os dedos e, no reflexo, vejo que ela se senta devagar na cama, olhando para a coxa marcada.

— Hmpf — respiro fundo, como se estivesse satisfeito.

Batidas na porta...

Viro-me, com o cenho franzido, e caminho até a porta. Ao abri-la, deparo-me com um criado do palácio, que mantém o rosto inclinado em sinal de respeito.

— O jantar está servido, alteza — diz ele, esforçando-se para não olhar demais para dentro do quarto.

— Ótimo.

Ele se curva e se retira apressadamente. Fecho a porta sem pressa e volto meus olhos para Yuri.

Ela ainda está sentada à beira da cama, com os dedos próximos à mordida, limpando o sangue ao redor.

— Vamos jantar — digo, parando diante dela.

Abaixo-me levemente, apenas o suficiente para alcançar sua coxa novamente. Inclino-me sem pedir permissão e passo a língua, devagar, sobre a ferida, limpando o sangue.