Um início

Um desempregado no meio da sociedade.

Arthur era um jovem de 16 anos que estava prestes a completar sua vida no ensino médio. Ele era preguiçoso, não prestava atenção nas aulas, não conversava com ninguém, não tinha nenhum amigo, tinha muitas olheiras e dormia durante as aulas. Mas, por algum motivo, ele tirava sempre as melhores notas da turma.

Depois que Arthur concluiu o ensino médio, ele voltou para a casa dos seus pais biológicos. O seu pai era um marinheiro muito experiente em seu trabalho, mas também era alcoólatra; todos os finais de semana, ele voltava embriagado para casa. Sua mãe era uma enfermeira de primeiro posto; ela sempre voltava tarde da noite devido aos seus turnos noturnos. Ele passou cerca de dois anos inteiros morando com eles, foram setecentos e trinta dias recebendo reclamações todos os dias. Assim que Arthur completou dezenove anos, ele foi expulso de casa e mandado procurar um emprego.

Antes de Arthur voltar para a casa de seus pais biológicos, ele morava com sua tia Alice, irmã de sua mãe. Foi ela quem o tirou das mãos de seus pais quando era bem pequeno e o criou desde os primeiros anos até concluir o ensino médio. Porém, ela havia falecido um ano antes de Arthur concluir o colegial. Ele não tinha mais para onde ir e teve que voltar para a casa dos seus pais. No início, ele não foi bem recebido, mas, depois de um tempo, ele foi se acostumando com a sua forma de vida.

A única coisa que Arthur fazia era ficar em casa jogando no seu celular. Às vezes, até passava a madrugada assistindo filmes ou séries de ação. Arthur tinha um pequeno problema de audição, e o jeito que ele assistia seus filmes e séries, sem nem sequer sair do quarto, era de incomodar. Os sons altos de tiros durante a madrugada faziam com que, todas as noites, seus pais se sentissem incomodados.

"Vai embora daqui, moleque!" — disse seu pai, bêbado, seriamente.

Os seus pais por outro lado, não tinham um pingo de amor por seu filho. Arthur foi uma pedra em seus sapatos, foi como se ele estivesse atrapalhando o relacionamento de seus pais. O garoto não se sentia incomodado com isso; ele passou toda a sua vida trancado no quarto e apanhando de seu pai quando não conseguia fazer nada que ele mandasse. Para Arthur, ser expulso de lá foi como um alívio em sua vida.

Com seu moletom branco e sua calça escolar, o cabelo bagunçado, sentindo um vento frio no rosto e com muita fome, ele começou a andar pelas ruas em busca de um lugar para morar ou de uma oportunidade de emprego. Ele entregou currículos, mas nenhum deles aceitou sua mão de obra e esforço. Arthur estava desorientado; seus pais não devolveram seu celular. Então, começou a chover, uma chuva intensa sem previsão para acabar. Enquanto colocava o capuz para se proteger da chuva, Arthur se aproximou da janela de um carro e começou a se observar através dela. Ele começou a ver seu estado deplorável, sua situação atual. Enquanto ele tirava o capuz, a janela do carro se abriu e um rapaz de terno preto e óculos escuros apareceu.

"Está perdido, garoto?" — perguntou o rapaz, com um tom suave, enquanto seus olhos observavam Arthur.

"Perdido? Faz um tempão que estou tentando arranjar um emprego, minha situação atual é uma merda" — respondeu Arthur, com ironia e desespero.

"Faz quanto tempo que você não se alimenta?" — perguntou o rapaz, enquanto fumava seu cigarro com uma expressão pensativa.

"Não faço nem ideia, eu saí de casa faz pouco tempo, talvez nem tenha completado duas semanas" — respondeu Arthur, com uma voz cansada e um olhar perdido.

"Ta afim de dar uma volta?" — perguntou o rapaz com um sorriso no rosto.

Arthur aceitou a carona e eles seguiram rumo à sede da STDI, uma empresa líder em soluções tecnológicas e desenvolvimento de inovação.

"Qual é o seu nome, garoto?" — perguntou o rapaz seriamente.

"Meu nome é Arthur, ou pelo menos é o que minha tia me chamava", — disse Arthur confuso enquanto comia.

"Não tem certeza sobre o seu próprio nome?" — perguntou o rapaz surpreso.

"É que eu não fui registrado pelos meus pais, então não tenho um nome oficial. Minha tia me chamava de Arthur, mas não tenho sobrenome", — explicou Arthur enquanto comia.

"Pode me chamar de Desconhecido, eu não me importo com o que as pessoas me chamam" — completou Arthur com um tom irônico.

"Chegamos" — falou o rapaz com um breve sorriso no rosto.

Arthur estava confuso, mas não se importava; ele simplesmente seguiu o rapaz, que mostrou a ele todo o local. Era um espaço enorme, com várias áreas destinadas a diferentes funções: um setor para experimentos, outro para estudos, um refeitório e até uma área de treinamento. Arthur ficou impressionado... com o cheiro da comida.

No entanto, a comida teria que esperar; o rapaz queria testar o potencial de Arthur, queria ver do que ele era capaz, pois algo nele despertou o interesse do rapaz.

"Onde estamos indo?" — perguntou Arthur confuso.

"Eu quero ver do que você é capaz" — disse o rapaz firmemente.

Então, eles chegaram a uma sala totalmente branca, com apenas uma porta e janelas grandes que circundavam todo o local. Havia pessoas vestidas de branco e usando máscaras transparentes atrás das janelas, parecendo médicos ou cientistas, com jalecos brancos imaculados e equipamentos de proteção individual. Seus rostos estavam parcialmente ocultos pelas máscaras, o que lhes conferia um ar de anonimato e profissionalismo. Assim que o rapaz colocou Arthur dentro daquela sala, ele o submeteu a diversos testes de resistência e mentalidade, além de avaliar seu físico e sua determinação.

Robôs aniquiladores começaram a emergir do solo, alguns com formato arredondado, semelhante a um boneco de neve, mas com cabeças que lembravam tigelas invertidas e expressões de fúria, enquanto outros tinham um formato humanóide. Eles eram equipados com garras e mãos robóticas robustas e resistentes. O objetivo de Arthur era eliminá-los; porém, eram numerosos. Ele começou a subir em cima dos robôs e arrancar suas cabeças e braços com facilidade, como se fosse um verdadeiro destruidor, aniquilando todos. Aquele era apenas o primeiro estágio.

Durante os testes, Arthur estava bem cansado; era sua primeira vez treinando desse jeito. Ele nunca foi de treinar tanto; era mais de ficar em casa. Às vezes, praticava exercícios na escola, mas a maioria das aulas faltava. Uma coisa que Arthur sempre foi bom era no parkour; ele costumava voltar para casa fazendo parkour pelo bairro. Sua tia Alice vivia levando multas por ele sempre ficar pulando sobre as casas e os carros. Ele era um menino agitado.

O rapaz que se apresentava como Rafael Oliver começou a avaliar os documentos de Arthur; porém, eles não diziam nada de interessante sobre ele, apenas que era um adulto de dezenove anos desinteressado e preguiçoso, além de causar caos por onde passava. Rafael ficou impressionado com os resultados e se perguntou:

"Quem é esse garoto" — perguntou a si mesmo, impressionado e confuso.