Capítulo 7: A Origem da Rivalidade

Flashback: Smallville, Kansas, 15 anos atrás, Final da Primavera]

O sol poente banhava os campos de milho de Smallville em tons dourados, e o ar carregava o cheiro de terra úmida. Liam, então apenas Clark Kent, um adolescente de 16 anos com óculos desajeitados e ombros largos demais para sua timidez, caminhava por uma estrada rural, carregando uma mochila cheia de livros da escola.

Ele ainda estava aprendendo a controlar seus poderes, e seus passos eram cuidadosos, como se temesse quebrar o chão sob seus pés.

Ao longe, um rugido de motor cortou o silêncio. Um conversível preto, reluzente e fora de lugar na simplicidade de Smallville, parou ao lado de Clark. No volante estava Lex Luthor, 20 anos, cabelo ruivo curto e um sorriso afiado como uma lâmina.

Ele usava óculos de armação fina e uma jaqueta de couro, a personificação de um jovem herdeiro tentando se reinventar longe da sombra do pai, Lionel.

"Clark Kent, o garoto da fazenda," disse Lex, desligando o motor. "Você está a quilômetros de casa. Quer uma carona ou prefere continuar suando?"

Clark hesitou, ajustando os óculos. Ele já tinha ouvido falar de Lex

— o filho rebelde dos Luthor, recém-chegado a Smallville para gerenciar uma fábrica da LuthorCorp. Algo no tom de Lex, confiante e provocador, o deixava desconfortável, mas a curiosidade venceu. "Obrigado, Lex. Eu... aceito."

Dentro do carro, Lex dirigiu com uma mão no volante, a outra tamborilando no painel.

"Você é diferente, Clark. Não se encaixa aqui, não é? Smallville é pequena demais pra alguém como você."

Clark franziu a testa, olhando pela janela. "Eu gosto daqui. É tranquilo."

Lex riu, um som curto e seco. "Tranquilo é só outro jeito de dizer estagnado. Este lugar é um museu, Clark.

A humanidade precisa de visionários, não de fazendeiros." Ele lançou um olhar de lado, avaliando Clark. "Você já pensou no que poderia fazer se parasse de se esconder?"

As palavras acertaram Clark como um soco. Ele apertou a mochila contra o peito, sentindo o peso de seus segredos. Lex parecia enxergar através dele, e isso o assustava. "Não sei do que você tá falando," murmurou.

Lex sorriu, mas não insistiu. Em vez disso, mudou de assunto. "Vem comigo até a fábrica amanhã. Quero te mostrar uma coisa. Algo que pode mudar o mundo."

Cena: Fábrica da LuthorCorp, Noite Seguinte

A fábrica da LuthorCorp, nos arredores de Smallville, era um monstro de concreto e aço, iluminado por holofotes que cortavam a escuridão. Clark, ainda inseguro, seguiu Lex por corredores de máquinas zumbindo, até uma sala trancada com portas de segurança reforçadas.

Lex digitou um código, e as portas se abriram, revelando um laboratório secreto.

No centro da sala, suspenso em um campo magnético, estava um fragmento verde brilhante

— kryptonita.

Ao redor, monitores exibiam dados de análises químicas, e uma cápsula de contenção guardava o que parecia ser um artefato alienígena, com símbolos que Clark reconheceu com um arrepio: eram kryptonianos.

"O que é isso?" perguntou Clark, sua voz tremendo. A kryptonita o fazia sentir um vazio no estômago, mas ele disfarçou, ficando a alguns passos de distância.

Lex se aproximou do fragmento, os olhos brilhando com fascínio. "Isso, Clark, é o futuro. Encontrei esses materiais em um meteorito que caiu perto de Smallville anos atrás.

A composição é diferente de qualquer coisa na Terra. E esse dispositivo?" Ele apontou para o artefato. "Não é humano. É tecnologia de outro mundo. Imagine o que podemos fazer com isso

— energia ilimitada, armas invencíveis, até imortalidade."

Clark engoliu em seco. Ele sabia que o "meteorito" era parte da destruição de Krypton, e o artefato provavelmente veio com sua nave. "Lex, isso pode ser perigoso. Você não sabe o que está mexendo."

Lex virou-se, o sorriso desaparecendo. "Perigoso? O perigo é ficar parado enquanto o mundo avança. Meu pai acha que sou um fracasso, mas eu vou provar que ele está errado.

E você, Clark, poderia me ajudar. Você é... especial. Eu vejo isso."

Clark deu um passo atrás, o coração disparado. "Eu sou só um garoto de fazenda, Lex. Não tenho nada de especial."

Lex estreitou os olhos, como se tentasse decifrar um quebra-cabeça. "Você é um péssimo mentiroso, Clark. Mas tudo bem. Guardarei seus segredos... por enquanto."

O Ponto de Ruptura]

Nos meses seguintes, Clark e Lex desenvolveram uma amizade tensa, marcada por momentos de conexão e desconfiança. Lex compartilhava suas visões grandiosas, enquanto Clark tentava protegê-lo de si mesmo, especialmente quando Lex começou experimentos mais arriscados com a kryptonita. Clark salvou Lex de acidentes na fábrica várias vezes, usando seus poderes em segredo — uma explosão contida aqui, um colapso estrutural evitado ali. Cada incidente deixava Lex mais desconfiado, mais obcecado por desvendar o "mistério" de Clark.

O ponto de ruptura veio numa noite de tempestade. Lex, trabalhando sozinho no laboratório, ativou o artefato kryptoniano, desencadeando uma onda de energia que quase destruiu a fábrica. Clark, alertado por sua super-audição, chegou a tempo de desativar o dispositivo e salvar Lex, mas não antes que Lex visse Clark mover-se em super-velocidade e resistir a uma explosão que teria matado qualquer humano.

Na chuva, fora da fábrica em chamas, Lex confrontou Clark. "Você não é humano, é? O que você é, Clark? Por que está se escondendo?"

Clark, encharcado e exausto, baixou a cabeça.

"Eu só quero ajudar, Lex. Não quero machucar ninguém."

Lex riu, mas era um som amargo. "Ajudar? Você é uma ameaça ambulante. Se não confia em mim, como posso confiar em você? Eu poderia ter mudado o mundo com aquele artefato, mas você escolheu me deter."

"Lex, você quase morreu," disse Clark, a voz firme. "Isso não é sobre mudar o mundo. É sobre poder."

Lex deu um passo à frente, os olhos brilhando com raiva e traição. "Você não entende, Clark. O poder é a única coisa que importa. E se você não está comigo, está contra mim."

Naquela noite, Lex deixou Smallville, levando consigo amostras da kryptonita e os dados do artefato. Clark voltou para a fazenda, carregando a culpa de não ter conseguido salvar a amizade. Ele não sabia, mas Lex já estava planejando o que viria a ser o embrião do Projeto Adão

— uma forma de usar a tecnologia kryptoniana para superar o "deus" que ele agora via como seu maior inimigo.

Conexão com o Presente

Anos depois, no bunker secreto da LexCorp sob Smallville, Liam, agora Superman, sentiu o peso daquele passado enquanto desativava o dispositivo do Projeto Adão. O zumbido dos circuitos kryptonianos e o brilho da kryptonita sintética eram ecos do laboratório de Lex, uma lembrança de como tudo começou.

Lex escolheu Smallville para o bunker não apenas por estratégia, mas como um lembrete cruel: "Eu te conheço, Clark. Eu sei onde você sangra."

A traição de Lex contra Bizarro, revelada no holograma, reflete a mesma frieza que ele mostrou ao abandonar Clark anos atrás. Lex nunca superou a sensação de ser "menor" que Clark, e o Projeto Adão é sua tentativa de reescrever essa história, de provar que a mente humana

— a sua mente

— pode superar um kryptoniano.

Enquanto Liam e Bizarro voam para Metrópolis, rumo à torre da LexCorp, Liam carrega a lembrança daquele jovem Lex, cheio de sonhos e raiva. Ele sabe que, em algum lugar dentro do vilão, ainda existe o eco do homem que quis mudar o mundo. Mas Liam também sabe que Lex escolheu seu caminho

— e agora, cabe a ele detê-lo, não por vingança, mas para proteger aqueles que Lex está disposto a sacrificar.