Capítulo 9: Sombras de Smallville: Laços e Luzes

Apartamento de Lois Lane, Metrópolis, Madrugada

O apartamento de Lois Lane no coração de Metrópolis era um caos organizado: pilhas de papéis espalhadas na mesa de centro, um laptop aberto com a manchete do Planeta Diário

— "Lex Luthor Preso: Projeto Adão Desmantelado"

— e uma cafeteira que ainda exalava o aroma de café forte. A janela panorâmica revelava as luzes da cidade, agora calma após a quase-catástrofe dos satélites de Lex.

Liam, ainda no uniforme de Superman, mas com a capa dobrada sobre o sofá, estava sentado ao lado de Lois. Ele segurava uma xícara de café, mais por hábito do que necessidade, seus olhos azuis fixos na cidade. Lois, com uma camiseta larga e óculos de armação preta, digitava furiosamente, mas seus olhares ocasionais para Liam diziam mais do que palavras.

"Você está quieto, Smallville," disse ela, sem tirar os olhos da tela. "Lex preso, Bizarro fora do controle, Metrópolis salva... e você aí, parecendo que perdeu a final do campeonato de milho."

Liam sorriu, mas o peso em seus ombros era visível. "É só... Lex. Ele sempre soube onde me atingir. Smallville, o bunker, Bizarro. E agora, mesmo preso, sinto que ele ainda está jogando." Ele olhou para Lois, suavizando. "Mas você? Publicando a história do século e ainda me aguentando. Como você faz isso?"

Lois parou de digitar e girou a cadeira para encará-lo.

"Primeiro, eu sou Lois Lane, então aguentar você é só parte do pacote. Segundo..." Ela se inclinou, tirando os óculos e deixando a fachada de repórter durona de lado.

"Você não está sozinho nisso, Liam. Nunca esteve. Lex pode conhecer seus pontos fracos, mas eu conheço seus pontos fortes. E acredite, são muitos."

Liam segurou a mão dela, o calor de seu toque ancorando-o.

"Você sempre sabe o que dizer, Lois. Mas às vezes me pergunto se estou fazendo o suficiente. Bizarro, Lex, o Projeto Adão... tudo isso começou por minha causa. Se eu não tivesse chegado a Smallville—"

"Para," interrompeu Lois, firme, mas com ternura. "Você não escolheu cair na Terra, mas escolheu ser quem é. O garoto de fazenda que salva o mundo, que acredita em pessoas como Bizarro, que até tenta salvar Lex, mesmo depois de tudo.

Isso é quem você é, Liam. E é por isso que eu..." Ela hesitou, um raro momento de vulnerabilidade, antes de sorrir. "Por isso que eu fico com você, mesmo quando você deixa migalhas de kriptonita no meu sofá."

Ele riu, o som aliviando a tensão no ar. "Eu amo você, Lois. Sempre amei. Desde aquele primeiro dia no Planeta, quando você me chamou de 'caipira' e corrigiu meu artigo em cinco minutos.

Lois arqueou uma sobrancelha, divertida. "E você me chamou de 'mandona'. Acho que estamos quites." Ela se aproximou, beijando-o suavemente, um momento de paz em meio ao caos. Quando se afastaram, ela descansou a testa contra a dele. "Vamos passar por isso, Liam. Lex, Bizarro, o que vier. Juntos."

Cena: S.T.A.R. Labs, Metrópolis, Manhã Seguinte

O S.T.A.R. Labs, com seus corredores brancos e equipamentos de ponta, era um contraste com o bunker sombrio da LexCorp. Liam, agora como Clark Kent, com óculos e uma camisa xadrez, caminhava ao lado de Bizarro e Kara.

O clone, ainda desajeitado em seu uniforme rasgado, olhava ao redor com curiosidade, como uma criança descobrindo um mundo novo.

Dr. Emil Hamilton, chefe do laboratório, os aguardava em uma sala de contenção adaptada. "Superman, Supergirl, é uma honra. E... Bizarro.

Ele ajustou os óculos, estudando o clone. "Analisamos os dados do Projeto Adão e da kryptonita sintética. Bizarro é estável, mas sua fisiologia é única. Ele poderia nos ajudar a entender tecnologias alienígenas, além de ser um ativo em emergências.

Bizarro franziu a testa, confuso. "Eu... ficar? Não lutar?"

Liam colocou a mão no ombro de Bizarro, como fizera no bunker. "Você não precisa lutar, Bizarro. Aqui, você pode ajudar de outra forma. O S.T.A.R. Labs vai te dar um lar, e se precisarmos de você, estaremos juntos. Você é mais do que Lex queria que fosse."

Kara cruzou os braços, sorrindo. "Além disso, você é praticamente família agora. Vamos te visitar, e quem sabe? Talvez a gente te ensine a voar sem quebrar tudo."

Bizarro grunhiu, um som que parecia uma risada. "Eu gostar. Metrópolis... bom. Lex errado." Ele olhou para Liam, hesitante. "Você... amigo?"

Liam assentiu, sincero. "Sim, Bizarro. Amigo."

Dr. Hamilton gesticulou para uma câmara de análise. "Podemos começar com alguns testes não invasivos. Bizarro, você estará seguro aqui. E, se Lex tentar algo, estaremos prontos."

Enquanto Bizarro seguia Hamilton, Kara deu um tapinha nas costas de Liam. "Você fez bem, primo. Ele vai ficar bem aqui.

Agora, vai encontrar a Lois. Ela provavelmente já está escrevendo a sequência da história."

Liam sorriu. "Ela nunca para, né?"

"Nem você," respondeu Kara, voando para a saída. "Te vejo na Fortaleza!"

Cena: Planeta Diário, Tarde

De volta ao Planeta Diário, Liam, como Clark, entrou na redação barulhenta. Lois estava em sua mesa, cercada por repórteres, mas seus olhos encontraram os dele imediatamente. Ela se levantou, puxando-o para um canto mais quieto.

"Como foi no S.T.A.R.?" perguntou, ajustando a gravata de Clark com um gesto automático.

"Bizarro está instalado," respondeu Liam. "Ele vai ajudar o laboratório, e eles vão mantê-lo seguro. Se Lex tentar algo, Bizarro estará pronto."

Lois assentiu, mas seu olhar era penetrante. "E você? Está pronto pra deixar Lex no passado, pelo menos por um dia?"

Liam suspirou, olhando pela janela para a estátua de Superman na praça. "Lex sempre vai ser parte de mim, Lois. Smallville, o que aconteceu lá... moldou quem sou. Mas você me lembra por que eu continuo lutando.

Não é só por Metrópolis, por nois.

Lois sorriu, um brilho malicioso nos olhos. "Boa resposta, Smallville. Agora, que tal me ajudar com a edição final? Ou prefere salvar o mundo de novo?"

Ele riu, puxando-a para um abraço rápido. "Por você, Lois, eu faço os dois."

Enquanto o sol se punha sobre Metrópolis, Liam e Lois voltaram ao trabalho, lado a lado. Lex estava preso, Bizarro encontrara um propósito, e, por um momento, o peso do mundo parecia mais leve.

Mas, no fundo, Liam sabia que a luta nunca terminava.