Capítulo: Um Toque de Smallville
Cena: Apartamento de Lois Lane, Metrópolis, Noite
A noite em Metrópolis era um mosaico de luzes neon e sons distantes de sirenes, mas o pequeno apartamento de Lois Lane no centro da cidade era um refúgio de calor e caos organizado.
Pilhas de papéis cobriam a mesa de jantar, o laptop de Lois exibia um rascunho de artigo intitulado "Anomalia Cósmica ou Conspiração Corporativa?", e o aroma de café recém-passado pairava no ar. Lois, com os cabelos presos em um coque bagunçado e óculos de leitura empoleirados no nariz, digitava furiosamente, alheia ao mundo.
A porta rangeu ao abrir, e Liam Kent — agora apenas Clark, sem a capa de Superman — entrou com cuidado, segurando um buquê de flores silvestres nas cores vibrantes de amarelo e roxo. Eram margaridas e lavandas, colhidas diretamente dos campos perto de Smallville, um lembrete das raízes que o mantinham humano.
Ele hesitou na entrada, um sorriso tímido no rosto, ainda sentindo o peso da missão contra Xar-Kon e o eco daquele beijo inesperado de Diana no telhado.
"Lois?" chamou ele, a voz suave, quase abafada pelo som do teclado.
Ela levantou os olhos, surpresa, e tirou os óculos, um sorriso se formando. "Smallville! Você voltou do espaço e já tá invadindo meu deadline? Isso é coragem." Seu tom era brincalhão, mas havia um brilho de alívio em seus olhos
— o mesmo que aparecia toda vez que ele retornava de uma missão perigosa.
Liam atravessou a sala, segurando as flores como se fossem um escudo. "Eu, hum, trouxe uma coisa pra você." Ele estendeu o buquê, um pouco desajeitado, as pétalas tremendo levemente em suas mãos.
"São de Smallville. Mamãe disse que lavandas são boas pra relaxar, e, bem, achei que você poderia gostar."
Lois pegou as flores, seus dedos roçando os dele, e cheirou o buquê, fechando os olhos por um instante. "Clark Kent, você é um romântico incorrigível. Margaridas e lavandas? Isso é praticamente um poema." Ela olhou para ele, arqueando uma sobrancelha. "
Ok, confesse: o que você fez? Salvou o universo e agora tá tentando me distrair com flores?"
Ele riu, esfregando a nuca, o gesto que sempre o traía. "Talvez um pouco dos dois. A missão foi... intensa. Zona Fantasma, um emissário chamado Xar-Kon, detritos do Projeto Adão. Mas a Liga deu conta. Eu só... queria te ver. E trazer algo que não fosse mais uma crise."
Lois colocou as flores em um vaso improvisado
— uma caneca do Planeta Diário
— e se aproximou, estudando-o com aquele olhar de repórter que via através de qualquer fachada. "Intensa, hein? E você tá com essa cara de quem tá escondendo algo.
Fala, Smallville. O que tá te preocupando?"
Liam hesitou, o momento com Diana piscando em sua mente.
Não era culpa, exatamente
— o beijo na bochecha foi um gesto de amizade, carregado de história, mas nada mais. Ainda assim, ele conhecia Lois. Ela perceberia qualquer sombra de dúvida.
"Nada de mais," disse, optando pela verdade parcial. "Só o peso de liderar a Liga. E, bem, Diana me lembrou de como eu era atrapalhado antigamente.
Tipo, tropeçar-em-estátuas."
Lois riu, o som enchendo o apartamento. "Você, atrapalhado? Impossível imaginar o Homem de Aço derrubando estátuas em Themyscira."
Ela deu um passo mais perto, colocando as mãos nos ombros dele. "Mas sabe, Clark, eu gosto do cara que tropeça. Ele é mais real que o cara que voa."
Ele olhou para ela, o coração aquecendo. "Você sempre sabe o que dizer, Lois." Ele a puxou para um abraço, cuidadoso para não usar sua força, e encostou a testa na dela. "Eu te amo.
E essas flores são só o começo. Prometo te levar pra Smallville no fim de semana, só nós dois, sem crises cósmicas."
Lois sorriu, inclinando-se para beijá-lo
— um beijo lento, cheio de certeza, que apagou qualquer eco de nostalgia do passado. "É uma promessa, Smallville.
Mas se aparecer outro vilão dimensional, eu mesma vou entrevistá-lo até ele desistir."
Eles riram, e Lois puxou Clark para o sofá, ainda segurando sua mão.
As flores na caneca brilhavam sob a luz da luminária, um pedaço de Smallville no coração de Metrópolis, enquanto o casal se acomodava, o mundo lá fora temporariamente em paz.
Cena: Varanda do Apartamento, Mais Tarde,
enquanto Lois voltava ao seu artigo, Clark saiu para a varanda, olhando as estrelas. Ele pensou na missão, na Liga, em Diana, mas acima de tudo, em Lois
— a âncora que o mantinha no chão, não importa quão alto voasse. Ele sorriu, sabendo que, com ela, nenhuma crise era grande demais.
De dentro, Lois gritou: "Clark, se você tá sonhando com o espaço, traz mais café quando voltar pra Terra!"
Ele riu, voltando para dentro. "Sim, senhora," respondeu, já planejando como convencer Lois a tirar um dia de folga. Com flores, café, e um pouco de charme de Smallville, ele tinha uma chance.