O nascer do sol tingia o céu de tons dourados enquanto Takashi e Kaien cavalgaram lado a lado pela trilha poeirenta que serpenteava entre as colinas. Seus cavalos, recém-adquiridos após a vitória sobre o Lorde Orc, avançavam de maneira ritmada, seus cascos ecoando na tranquilidade da manhã. Takashi vestia seu manto negro, a capa esvoaçando suavemente atrás de si, enquanto a máscara permanecia presa com segurança em seu cinto, como um lembrete silencioso do poder e da maldição que carregava. Kaien, com seu arco preso às costas e uma expressão serena, mantinha o olhar atento no caminho à frente. Ainda que poucos dias tivessem se passado desde que haviam unido forças, um elo silencioso já começava a crescer entre eles, moldado pelas batalhas e pelo respeito mútuo.
À medida que a estrada se desenrolava, surgindo entre árvores antigas e campos abandonados, os dois viajantes cruzaram com uma figura peculiar parada no meio do caminho. Era um jovem de estatura alta e postura imponente, trajando roupas simples e escuras, desprovido de qualquer arma visível. Seu cabelo desgrenhado e seu olhar firme transmitiam uma confiança inabalável. Takashi puxou as rédeas de seu cavalo, estudando o estranho com atenção, enquanto Kaien já posicionava discretamente uma mão próxima ao arco. O jovem levantou uma mão num gesto pacífico e falou, sua voz carregando um tom direto: "Não vim como inimigo. Meu nome é Raiko... E estou procurando por Takashi."
A tensão no ar permaneceu por um instante, até que Takashi, ainda sobre o cavalo, respondeu com a voz baixa e firme: "Você me encontrou. O que quer?" Raiko sorriu de canto, um sorriso que parecia carregar tanto desafio quanto respeito. "Ouvi rumores... Sobre um homem que carrega a máscara dos onis. Um homem que derrotou um Lorde Orc sozinho. Quero lutar ao seu lado." Kaien trocou um olhar cauteloso com Takashi, mas o espadachim, após um breve momento de reflexão, apenas assentiu com a cabeça. Ele sabia, por instinto, que Raiko falava a verdade. Contudo, confiaria de verdade apenas após vê-lo em ação.
A viagem continuou, agora com três cavaleiros seguindo pela trilha iluminada. Enquanto seguiam, Raiko contou um pouco de si: não carregava armas porque não precisava delas até o momento certo. Quando necessário, assim como Takashi, ele também possuía um artefato capaz de transformar seu corpo — uma máscara de oni vermelha, oculta sob suas roupas. Suas katanas surgiriam somente com a ativação do poder da máscara, tornando-o mortal em combate. Sua energia era impulsiva, mas havia uma sinceridade crua em suas palavras, algo que Takashi e Kaien reconheceram rapidamente. E assim, naquele trecho de estrada e incerteza, três destinos que antes vagavam sozinhos começaram a se entrelaçar de forma irreversível.
O trio avançava pelas colinas quando avistou uma movimentação estranha à frente. Um grupo de soldados de armaduras gastas e lanças em punho bloqueava a passagem estreita, suas faces cobertas por capacetes grosseiros. À frente deles, um estandarte improvisado tremulava ao vento — as cores pertenciam a um senhor feudal decadente, conhecido por usar mercenários para extorquir viajantes e mercadores. Takashi puxou as rédeas e lançou um olhar para Raiko e Kaien, que prontamente entenderam a situação sem que palavras precisassem ser trocadas. Raiko desceu do cavalo de um salto, seu corpo relaxado, mas seus olhos firmes como pedras. Takashi logo o seguiu, enquanto Kaien, mais atrás, já preparava o arco.
Os soldados avançaram sem hesitação, gritando ameaças vazias. Takashi, com movimentos ágeis e letais, usou sua katana para desviar golpes e contra-atacar de forma precisa, derrubando dois adversários rapidamente. Raiko, mesmo sem uma lâmina em mãos, demonstrava uma destreza impressionante — esquivando-se e desferindo socos potentes, usando o próprio peso dos inimigos contra eles. Cada movimento era calculado, cada ataque, eficiente. Kaien, posicionada em um ponto elevado, disparava flechas rápidas e certeiras, desarmando soldados antes que conseguissem cercar seus companheiros.
Quando a maioria dos mercenários tombou no chão, o verdadeiro perigo surgiu. Do fundo da formação inimiga, o líder apareceu. Era um homem corpulento, de armadura ornamentada e uma espada pesada descansando sobre os ombros largos. Seus olhos brilhavam com uma fúria quase animalesca. Ao vê-lo, Kaien recuou mais para as rochas altas, buscando uma posição para oferecer cobertura a longa distância. "Deixem ele comigo!", gritou Takashi para Kaien, enquanto trocava um olhar com Raiko. Era hora de liberar o poder que ambos carregavam.
Takashi levou a mão ao cinto, puxando a máscara azul com firmeza. Em um movimento fluido, a ajustou sobre o rosto. Seu corpo foi tomado por uma onda de energia brutal, sua capa tremulando com força enquanto a armadura azul de oni surgia em seu corpo como um rugido silencioso da própria terra. Raiko não ficou atrás; retirou a máscara vermelha oculta sob suas vestes e a colocou. O ar ao redor dele pareceu queimar por um breve instante, enquanto sua forma era revestida por uma armadura carmesim, e duas katanas surgiam em suas mãos, reluzindo sob o sol.
O líder dos mercenários, mesmo vendo aquela transformação sobrenatural diante de seus olhos, avançou com um grito bestial. E assim começou a verdadeira batalha — uma dança feroz entre o aço, a fúria e o poder dos onis recém-despertos. Enquanto Kaien, das sombras, mirava e disparava flechas para impedir que novos soldados interferissem, Takashi e Raiko mostravam ao mundo porque as máscaras dos onis não deveriam ser subestimadas.
O chão tremeu sob os pés do líder inimigo enquanto ele corria, brandindo sua espada colossal em direção a Takashi. A lâmina cortou o ar como um trovão, mas Takashi, agora em sua forma transformada, moveu-se como uma sombra viva. Em um único impulso, desviou para o lado, sua katana de dentes de dragão riscando o metal da espada inimiga, produzindo um chiado cortante. Raiko avançou pela lateral, suas duas katanas gêmeas reluziam como labaredas rubras, obrigando o adversário a recuar por um instante. O combate era brutal e sem trégua: cada golpe do líder era pesado, exigindo de Takashi e Raiko movimentos precisos para não serem esmagados.
Takashi girava em torno do inimigo, desferindo cortes rápidos que tentavam encontrar brechas na pesada armadura. Raiko, mais agressivo, lançava ataques alternados, suas lâminas cruzando o espaço com velocidade impressionante. Por duas vezes, o líder tentou agarrá-los com investidas de pura força, mas Kaien, de seu ponto elevado, disparava flechas precisas que o forçavam a mudar de posição. Cada flecha que cortava o vento era como uma extensão da vontade do grupo, criando aberturas cruciais para os ataques de Takashi e Raiko.
Em certo momento, o inimigo, enfurecido, ergueu sua espada em um golpe vertical devastador mirando Takashi. Mas antes que a lâmina pudesse atingi-lo, Raiko cruzou suas katanas acima da cabeça do companheiro, bloqueando o golpe com um estalo ensurdecedor. As pernas de Raiko afundaram na terra pela força do impacto, mas seu olhar permaneceu firme. Aproveitando a brecha, Takashi deslizou para o lado e, com um grito surdo sob a máscara, desferiu um corte ascendente que rasgou parte da armadura do peito do líder.
O oponente, cambaleando, soltou um grunhido de dor misturado a raiva. Kaien, aproveitando a oportunidade, disparou uma flecha especial — revestida em óleo inflamável — que atingiu o ombro do inimigo, explodindo em chamas. Em meio ao fogo, Takashi e Raiko avançaram juntos para o golpe final: as katanas afiadas cortaram simultaneamente, uma de cada lado, cravando-se fundo na armadura. O impacto derrubou o líder de joelhos, e com um último corte sincronizado, terminaram a luta.
O silêncio reinou por alguns segundos, até que Takashi e Raiko retiraram suas máscaras, a armadura se desfazendo em fragmentos de luz. Eles respiravam pesadamente, sentindo o peso da batalha nas costas. Kaien desceu de seu posto, sorrindo de forma aliviada, o arco ainda em mãos. Estavam sujos, cansados, mas vitoriosos. Sem uma palavra, os três se entreolharam, uma aliança silenciosa sendo firmada naquela estrada marcada pelo sangue e pela luta.
Enquanto o corpo do líder caía pesadamente no chão, a poeira e a fumaça das flechas incendiárias ainda pairavam no ar. Takashi enfiou a katana no solo por um momento, respirando fundo, sentindo a adrenalina ainda queimando em suas veias. Raiko limpava o suor da testa, com um sorriso satisfeito no rosto, como se aquela batalha tivesse apenas aquecido seus músculos. Kaien se aproximou rapidamente, o arco ainda firme nas mãos, mas seu olhar era de alívio. Sem a necessidade de palavras, os três sabiam: tinham vencido juntos. Takashi ergueu os olhos para o horizonte e viu o céu tingido pelos primeiros tons de crepúsculo, como se a natureza estivesse celebrando a vitória deles.
O vilarejo, antes mergulhado em terror, começava a dar sinais de vida. Portas entreabertas revelavam rostos desconfiados, crianças eram puxadas para trás pelas mães temerosas, enquanto os mais corajosos começavam a sair, encarando seus salvadores com uma mistura de medo e esperança. Mas Takashi não buscava reconhecimento. Ele apenas limpou a lâmina da katana com um movimento hábil, voltando a prendê-la em sua bainha no cinto. Raiko, com um sorriso de canto, trocou um olhar cúmplice com Takashi, como se reconhecessem um ao outro não apenas como guerreiros, mas como irmãos de propósito.
Sem grandes cerimônias, os três voltaram a montar em seus cavalos — já seus companheiros desde encontros anteriores. Não haviam recebido presentes, nem necessitavam de recompensas materiais. A estrada diante deles era longa e cheia de incertezas, mas, agora, Takashi, Kaien e Raiko partiam juntos, unidos por um elo silencioso forjado em batalha. Ao cavalgar para longe do vilarejo, a poeira da estrada erguia-se atrás deles como uma promessa de lutas ainda mais difíceis... e de um destino que apenas começava a se revelar.