Trancada

Ele sabia; essa era a maneira dela de provocá-lo para que ele liberasse Audrey.

Ela havia prometido 'vir' com o café da manhã e não vir e 'fazê-lo'.

Ele não gostava do que eles faziam na Cozinha do Clã, ele precisava comer algo feito do seu cardápio, e nada mais.

Cara? Ela sabia que ele não gostava da personalidade dela, e era por isso que ela propositalmente a mencionou para ele.

"V**** c*****!"

Ele se levantou furiosamente, a cadeira caindo para trás devido à colisão repentina com a parte de trás de sua perna. Ele a odiava, queria que ela sumisse de sua vista, de sua vida. Mesmo trancada, ela ainda estava causando problemas para ele.

De repente, ele pensou no que seu beta havia dito mais cedo.

'Por que não mandá-la para longe da matilha já que ela causa tantos problemas para você, Alfa?'

Talvez fosse hora de fazer isso. Ele sabia que mantê-la por perto e fazê-la realizar todo tipo de trabalho e punições nunca traria sua mãe morta de volta.

Era hora de mandá-la para longe de sua matilha. Ela não merecia estar aqui. Ela era sem lobo e inútil, ele não se importava com o que acontecesse com ela depois que deixasse sua matilha, não se importava se ela morresse ou vivesse.

"Alfa, Alfa Sebastian da matilha Lua Branca está aqui," Andrew o informou, parado em frente à mesa do Alfa Lake.

"Deixe-o entrar." Ele respondeu sem levantar os olhos do relatório que estava lendo.

"Sim, Alfa."

Andrew inclinou a cabeça e saiu.

Alguns segundos depois, a porta foi aberta, e um homem bonito com uma camiseta branca e calças de combate verde-militar entrou no escritório, seu cabelo comprido preso em um coque baixo e arrumado.

Ele se sentou na cadeira em frente à mesa do Alfa Lake.

"Eu pedi para você se sentar, Sebastian?" Ele perguntou, levantando a cabeça do relatório.

"Oh? Também senti sua falta, meu querido amigo," Alfa Sebastian lhe deu um largo sorriso.

Alfa Lake zombou, ele esperava isso dele. Eles se conheciam desde a infância, eram como irmãos, mas Alfa Sebastian era mais como o irmão insensato e irritante. Ele não estava com humor para suas palhaçadas.

"O que você quer?" Ele perguntou friamente, cruzando os braços sobre o peito e relaxando em sua cadeira.

"Oh, querida Deusa da Lua!" Alfa Sebastian cobriu o rosto com a mão, balançando a cabeça em insatisfação.

"Você está sem companheira há tanto tempo que não se importa mais com a próxima lua cheia." Alfa Sebastian suspirou.

Ele sabia que seu amigo podia ser indiferentemente frio sobre as coisas, mas como ele poderia esquecer? A lua cheia sempre foi realizada em sua Matilha!

"Bem, é por isso que tenho você, certo? Como um lembrete irritante, agora fale. Não tenho o dia todo.

Alfa Sebastian riu. Seu amigo nunca deixava de surpreendê-lo.

"Sei que você é o Alfa mais forte vivo, meu caro amigo, mas poderia mostrar um pouco de respeito aqui? Eu também sou um Alfa. Não um servo seu." Alfa Sebastian choramingou como uma criança.

Mas ele sabia que era assim que Alfa Lake falava com pessoas com quem se importava, ele só adorava provocá-lo, qualquer coisa para obter uma reação daquele rosto estoico.

Alfa Lake suspirou, pegou o relatório da Matilha e voltou a lê-lo. Ele não ia dar corda para esse louco à sua frente.

"Ei, ei, ei. Não me ignore. Tudo bem, vou te contar. Estraga-prazeres!" Alfa Sebastian murmurou a última parte para si mesmo.

"Eu ouvi isso."

"Ficaria preocupado se não ouvisse. Alfa," Alfa Sebastian se endireitou na cadeira, sua expressão também ficando séria.

"A lua cheia é daqui a dois meses. Você tem a maior matilha," Ele pausou, esperando para ver se Alfa Lake captou o que ele estava tentando dizer.

"E daí?" Alfa Lake perguntou impacientemente.

Alfa Sebastian suspirou, parece que teria que soletrar palavra por palavra.

"Um e-mail foi enviado para você ontem. Sua Matilha foi escolhida para sediar a cerimônia da lua cheia deste ano... novamente," Ele cruzou as pernas, tamborilando os dedos no colo.

Alfa Lake franziu um pouco a testa. Ontem, ele estava muito irritado para verificar seus e-mails.

Aquela garota tola sempre conseguia desestabilizar seu dia.

Ele forçou o pensamento dela para fora de sua cabeça, não queria se lembrar de algo tão sem valor e estúpido quanto aquela fêmea sem lobo.

"Ok." Veio sua resposta curta. Ele pegou seu telefone da mesa e começou a digitar nele. Ele sabia que isso estava por vir, mas só precisava ouvi-lo dizer.

Ele já tinha planos pendentes. Tudo o que precisava era dar uma ordem de aprovação e tudo estaria pronto.

"Hmm, o que você está fazendo?" Alfa Sebastian estava confuso, ele acabara de informá-lo que a lua cheia seria realizada em sua Matilha, e tudo o que ele podia dizer era 'Ok?' e ele até começou a rolar a tela do telefone como se ele não estivesse lá.

Ele pensou que ele pelo menos falaria mais sobre isso ou perguntaria sobre os preparativos.

"Fazendo arranjos para a próxima lua cheia," Alfa Lake respondeu e continuou digitando.

"Pronto." Ele guardou o telefone e sorriu maliciosamente para Alfa Sebastian.

Alfa Sebastian zombou, ele deveria ter imaginado. "Sempre um passo à frente, certo?"

"Sim. É disso que se trata ser Alfa. Sempre um passo à frente. Aprenda comigo, garoto, vai te fazer bem."

"Você!" Alfa Sebastian levantou-se de seu assento e agarrou Alfa Lake pela camisa. Ele estava prestes a socar seu rosto quando a porta do escritório se abriu de repente.

"Ainda brigando como crianças," Sra. Bridget estava parada na frente da porta, com as mãos juntas sobre a cintura e um sorriso amoroso e carinhoso no rosto.

Alfa Sebastian imediatamente ficou ereto, ajeitando suas roupas, ele se virou para a Sra. Bridget, fazendo biquinho como uma criança.

"Foi ele, Nana. Ele me intimidou... de novo." Ele caminhou até ela com os ombros caídos e se jogou em seus braços.

Ela o abraçou, dando tapinhas e esfregando suas costas como faria com uma criança.

Alfa Lake apenas ficou sentado ali, com um sorriso malicioso no rosto.

Ele sabia que a Sra. Bridget não acreditava nele, todos sabiam que ele era o travesso. Ele levantou-se de sua cadeira e foi até eles, arrancando Alfa Sebastian dela.

"Cresça, você é um Alfa agora." Ele disse friamente e passou por eles.

"Vamos, Alfa. O almoço está pronto."

"Oba!" Ele segurou as mãos dela e a seguiu animadamente.

Alfa Lake entrou em sua casa e parou. Algo não estava certo. Ele olhou para sua janela e viu as flores de lavanda murchas.

Não é de se admirar que o cheiro não estivesse mais tão forte quanto costumava ser, e não é de se admirar que ele não se sentisse relaxado ao entrar em sua sala de estar.

Ele havia se acostumado com o cheiro relaxante da flor de lavanda, isso ajudava a reduzir seu estresse em cinquenta por cento.

"Aquela garota miserável." Ele murmurou enquanto ia até sua sala de jantar e se sentava.

Ele nunca pediu a ela para começar a colocar flores em sua casa. Agora que pensava nisso, quem havia permitido que ela trouxesse flores para sua casa? Sua raiva em relação a Audrey só aumentava.

Ele também estava irritado por permitir-se acostumar com o maldito cheiro da flor.

Ele nunca quis gostar de nada que viesse dela. Ela era sua arqui-inimiga. Ele decidiu, iria mandá-la embora, assim como seu beta havia sugerido.

Ele tinha que fazer isso antes da lua cheia. Se ele fosse encontrar sua companheira nesta temporada, então não iria querer ela por perto. Ele queria um novo começo sem alguém ou algo que o lembrasse de seu passado doloroso.

"Oh, ótimo! Sinto cheiro de bife frito. Meu favorito!"

Alfa Lake cerrou os dentes, irritação evidente em seu rosto.

"Por que você o trouxe aqui?" Ele perguntou à Sra. Bridget, que estava puxando uma cadeira em frente a ele para que Alfa Sebastian se sentasse.

"Ele estava com fome." Ela disse simplesmente.

"Não me importo, vá embora." Ele olhou para Alfa Sebastian, para ter certeza de que ele entendeu que estava se referindo a ele.

"Nana! Ele está fazendo de novo." Ele olhou para a Sra. Bridget, fingindo estar triste.

Alfa Lake suspirou, desistindo de qualquer salvação que pensou que seu amigo poderia ter. Ele era um caso perdido, como estava.

"Deixe-o em paz, criança." Ela colocou bife e legumes na frente deles, servindo vinho de uva em seus copos.

Ela nunca foi fã de vinhos alcoólicos.

Alfa Lake se sentiu como um visitante em sua própria casa, só porque um Alfa adulto decidiu agir como um bebê mimado na frente de sua cozinheira.

"Tanto faz." Ele o ignorou e comeu sua comida.

"Aha!" Alfa Sebastian exclamou após alguns segundos de refeição pacífica.

"O que foi agora?" Os nervos de Alfa Lake já estavam irritados o suficiente para o dia por este louco. Ele se perguntou o que ele poderia querer agora.

"Algo não estava certo quando eu entrei. Agora eu sei!" Alfa Sebastian tomou um gole de seu vinho, estreitando os olhos para seu amigo por cima da taça de vinho.

"O quê?" a irritação estava clara na voz de Alfa Lake.

"Audrey. Onde está Audrey?" Ele olhou com desconfiança para Alfa Lake.

Ele sabia o quão profundo corria seu ódio por ela. Ele nunca o apoiou na maneira como ele a tratava como se fosse alguma assassina expiando seus pecados com trabalho duro e punições. Ele temia que ele pudesse tê-la matado.

Alfa Lake cerrou o punho com raiva. Ele tinha que mandá-la embora rápido.

Ele odiava pensar que seu amigo não era o único que pensava da mesma forma, não importa o quanto ele negasse, a verdade se instalava no fundo de seu estômago, e era que Audrey havia se forçado a entrar em sua casa.

Ela havia deixado seu estúpido carisma para trás. Ele a odiava por isso. Ele queria vê-la triste e chorando o tempo todo, mas ela estava sempre cheia de energia e sorrisos. Ele odiava seus sorrisos, isso o perturbava.

Ele a mandaria embora amanhã. Ele não se importava se ela sobrevivesse ou não. Ele não pode permitir que ela deixe um impacto nas pessoas ao seu redor e... nele.