Cap 10

Laila Fernandes 

Ando de um lado para o outro no escritório já pensando no que farei quando o Loirão me demitir, quer dizer, eu tenho o pagamento do meu primeiro mês de trabalho ainda intacto e isso é o que me salvará, mas preciso de um plano para que eu saiba para onde irei quando for embora daqui.

Lembro que a Marina mencionou algo sobre a mãe dela estar alugando quartos em sua casa para completamentar a renda, talvez eu possa ir para lá, a grana que tenho deve dar para segurar até que eu consiga um novo emprego, é isso, ao menos tenho um plano a seguir.

Mesmo assim, meu coração dói só de pensar em ficar longe do James e do Jason, eu realmente me apeguei aqueles dois pedacinhos de gente.

A porta se abre me tirando dos meus pensamentos e o Loirão passa por ela com sua áurea dominante, eu me preparo internamente para o que está por vir já imaginando o pior.

Collin_ Então senhorita Fernandes, o que faço com você? Minha noiva está muito ofendida e exige a sua demissão, meu pai acha que um pedido de desculpa basta e...

Laila_ De jeito nenhum! Se depender de um pedido de desculpas para manter o meu emprego prefiro ser mandada embora, mesmo que sofra por me afastar dos gêmeos, deixar o meu orgulho de lado é que eu não vou, ela me ofendeu primeiro!

Collin_ Calma senhorita Fernandes, nem me deixou terminar de falar. Eu ia dizer que é melhor deixar as coisas como estão, é nítido que a senhorita vem fazendo um bom trabalho, além disso, os meus sobrinhos te adoram e a minha mãe também.

Laila_ A é? Então, por que me chamou aqui?

Collin_ Primeiro porque a senhorita merece no mínimo uma advertência, no futuro se abstenha e não dê palpite na conversa dos seus patrões, mesmo que isso tenha relação com o James e o Jason, também não quero que se refira a minha noiva de forma tão desrespeitosa, que essa seja a primeira e a última vez. Estamos entendidos?

Poderia dizer a ele que se ela procurar vai achar, pois não aguentarei desaforo de ninguém, mas preciso manter o meu emprego, então apenas balanço a cabeça concordando ao menos em parte, ele não precisa saber disso.

Collin_ Mais uma coisa, isso aqui é para você.

Ele me estende um envelope e eu o olho confusa.

Laila _ O que é isso?

Collin_ É o seu visto permanente.

Laila _ Não acredito!!! Isso é sério mesmo?

Pergunto não me contendo de alegria.

Collin_ Sim, jamais brincaria com um assunto desses.

O Loirão diz todo sério com aquela pose dominante e eu tento ficar mais contida.

Laila _, Mas quando? Como? Isso foi tão rápido.

Collin_ Tenho os meus contatos senhorita Fernandes, agora minha mãe ficara mais tranquila sabendo que a babá dos netos dela não é mais uma imigrante ilegal.

Laila_ Nem sei como agradecer.

Collin_ Não agradeça a mim, só fiz isso pela mamãe.

Laila_ Mesmo assim obrigada.

Digo sem jeito.

Collin_ Isso é tudo, a Senhorita já pode se retirar.

Laila _ Está bem senhor Watson, boa noite.

Me despeço e abro a porta pronta para sair.

Collin_ Senhorita Fernandes.

Laila_ Sim?

Respondo virando para trás e dando de frente com ele que empurra a porta, fechando-a novamente e invadindo o meu espaço pessoal, até estar a centímetros da minha boca.

Aí meu Deus esse homem é quente, muito quente, mas preciso me manter firme mesmo que minhas pernas estejam bambas, meu coração acelerado e meu olhar preso ao dele.

Collin_ No futuro evite dançar no ambiente de trabalho, por mais que tenha gostado da vista não quero os meus seguranças se distraindo de suas funções por sua causa.

Laila_ O quê! Mas eu…

Collin_ Boa noite, Senhorita Fernandes.

Ele se despede encerrando a conversa não me dando tempo para responder e saindo logo em seguida.

Laila_ Idiota!

Falo baixinho bufando irritada, espero alguns segundos recuperando a minha compostura e só aí vou para o meu quarto evitando passar pela cozinha mesmo estando faminta, não estou a fim de responder nenhuma pergunta e sei que as meninas estão prontas para um interrogatório e a Constancy para me dar um puxão de orelhas.

De qualquer forma, não podia estar mais feliz, tenho um visto definitivo e posso viver livremente nesse país sem medo de ser pega e deportada, amo o meu país, mas não há mais nada para mim lá, claro que quero voltar um dia, ou não, veremos o que o futuro me reserva.

Na manhã seguinte quando entro na cozinha para tomar o meu café antes de acordar os gêmeos, o interrogatório começa como eu previ.

Todo mundo tem uma pergunta a fazer, na verdade, a maioria temia que eu tivesse sido demitida devido à dança, mas não a Marina ela parece que tinha certeza que nada aconteceria, mal sabe ela que quase pedir meu emprego pela minha boca grande e não pelo rebolado, ao que parece a Constancy é muito discreta e não contou para ninguém sobre embate com a noiva do senhor Watson.

Marina_ Aqui está a sua parte da aposta Laila, aquele homem ficou hipnotizado quando te viu.

A Marina diz me entregando vinte dólares.

Laila _ Também não foi para tanto, mas obrigada.

Stacy_ E não foi mesmo!

Nancy_ Não foi? A para Stacy todo mundo aqui viu o jeito que o homem ficou.

Bhert_ Não só ele né, o Noah aqui ficou babando.

Bhert o chef de segurança diz apontando para o Noah, um dos seguranças mais jovens acho que ele deve ter por volta de uns vinte três anos e é realmente um gatinho, já peguei ele me lançando alguns olhares, mas nunca passou disso, até porque relacionamentos entre funcionários não é permitido ao menos em tese já que fora daqui à gente faz o que quiser.

Noah_ Cala boca Bhert.

Ele fala batendo no ombro do amigo parecendo estar sem jeito.

Noah _ Você dança muito bem Laila.

Laila _ Obrigada.

Respondo com um sorriso tímido, sabe que se ele me convidasse para sair eu não recusaria? Ele é bonito, educado, gentil e legal, mas por enquanto é melhor deixar as coisas como estão, até porque passei a noite sonhando com aquele maldito Loirão.

Marina_ E então quando dará outro show daqueles para a gente?

Laila_ Quando estivermos de folga e de preferência longe daqui, o Senhor Watson me proibiu de dançar no ambiente de trabalho, segundo ele estou distraindo os seguranças.

Bhert_ A isso, você está mesmo, não é Noah?

Noah_ Já falei para calar a porra da boca Bhert, você também estava olhando.

Constancy _ Tá bom já chega, o horário do café acabou, é hora de trabalhar, vão todos para as suas funções e Laila como hoje é sábado e os gêmeos podem acordar mais tarde, você ainda tem um tempinho, me siga até minha sala, quero conversar com você.

Laila _, Sim, senhora.

Falo já me levantando.

Constancy_ Então, Laila, eu tinha entendido que você precisava muito desse emprego.

Laila _ Preciso e muito.

Constancy _ Não me pareceu ontem a noite quando você ofendeu a senhorita Sarah em pleno jantar, e de surpreender que o senhor Collin não tenha te demitido.

Laila _, Na verdade, ele me deu uma advertência, e me entregou o meu visto.

Sarah_ O seu visto?

Laila_ Sim, o meu visto e ele é permanente da para acreditar? Não sou mais uma imigrante ilegal!

Constancy_ Tão rápido! Achei que fosse demorar mais um pouco, mas estou feliz por você.

Laila_ Eu também, não estou me aguentando de alegria.

Constancy_ Imagino, agora você pode viver nesse país de cabeça erguida.

Laila _ Nossa, nem fale, estou aliviada.

Constancy_ Tem mais uma coisa.

Laila _ Pode falar senhora Constancy.

Constancy _ Vi como o senhor Collin te olhava, na verdade, ele não tirou os olhos de você a noite inteira.

Laila _ A senhora também reparou? Pensei que tinha sido coisa da minha cabeça.

Constancy_ Cuidado menina, homens como o senhor Watson não se envolvem com empregadas e quando isso acontece eles só querem usá-las e depois as descarta como se fosse nada.

Laila _ Não se preocupe senhora Constancy, não serei brinquedo de ninguém, estou aqui somente para trabalhar e não esquentar a cama dos patrões, se ele espera isso de mim está muito enganado.

Constancy_ Fico feliz em ouvir isso, outras meninas com a Stacy, por exemplo, não pensariam duas vezes antes de se enfiar na cama dele.

Laila_, Pois essa com certeza não sou eu, sempre prezei muito pela minha dignidade.