Laila Fernandes
Ando de um lado para o outro no escritório já pensando no que farei quando o Loirão me demitir, quer dizer, eu tenho o pagamento do meu primeiro mês de trabalho ainda intacto e isso é o que me salvará, mas preciso de um plano para que eu saiba para onde irei quando for embora daqui.
Lembro que a Marina mencionou algo sobre a mãe dela estar alugando quartos em sua casa para completamentar a renda, talvez eu possa ir para lá, a grana que tenho deve dar para segurar até que eu consiga um novo emprego, é isso, ao menos tenho um plano a seguir.
Mesmo assim, meu coração dói só de pensar em ficar longe do James e do Jason, eu realmente me apeguei aqueles dois pedacinhos de gente.
A porta se abre me tirando dos meus pensamentos e o Loirão passa por ela com sua áurea dominante, eu me preparo internamente para o que está por vir já imaginando o pior.
Collin_ Então senhorita Fernandes, o que faço com você? Minha noiva está muito ofendida e exige a sua demissão, meu pai acha que um pedido de desculpa basta e...
Laila_ De jeito nenhum! Se depender de um pedido de desculpas para manter o meu emprego prefiro ser mandada embora, mesmo que sofra por me afastar dos gêmeos, deixar o meu orgulho de lado é que eu não vou, ela me ofendeu primeiro!
Collin_ Calma senhorita Fernandes, nem me deixou terminar de falar. Eu ia dizer que é melhor deixar as coisas como estão, é nítido que a senhorita vem fazendo um bom trabalho, além disso, os meus sobrinhos te adoram e a minha mãe também.
Laila_ A é? Então, por que me chamou aqui?
Collin_ Primeiro porque a senhorita merece no mínimo uma advertência, no futuro se abstenha e não dê palpite na conversa dos seus patrões, mesmo que isso tenha relação com o James e o Jason, também não quero que se refira a minha noiva de forma tão desrespeitosa, que essa seja a primeira e a última vez. Estamos entendidos?
Poderia dizer a ele que se ela procurar vai achar, pois não aguentarei desaforo de ninguém, mas preciso manter o meu emprego, então apenas balanço a cabeça concordando ao menos em parte, ele não precisa saber disso.
Collin_ Mais uma coisa, isso aqui é para você.
Ele me estende um envelope e eu o olho confusa.
Laila _ O que é isso?
Collin_ É o seu visto permanente.
Laila _ Não acredito!!! Isso é sério mesmo?
Pergunto não me contendo de alegria.
Collin_ Sim, jamais brincaria com um assunto desses.
O Loirão diz todo sério com aquela pose dominante e eu tento ficar mais contida.
Laila _, Mas quando? Como? Isso foi tão rápido.
Collin_ Tenho os meus contatos senhorita Fernandes, agora minha mãe ficara mais tranquila sabendo que a babá dos netos dela não é mais uma imigrante ilegal.
Laila_ Nem sei como agradecer.
Collin_ Não agradeça a mim, só fiz isso pela mamãe.
Laila_ Mesmo assim obrigada.
Digo sem jeito.
Collin_ Isso é tudo, a Senhorita já pode se retirar.
Laila _ Está bem senhor Watson, boa noite.
Me despeço e abro a porta pronta para sair.
Collin_ Senhorita Fernandes.
Laila_ Sim?
Respondo virando para trás e dando de frente com ele que empurra a porta, fechando-a novamente e invadindo o meu espaço pessoal, até estar a centímetros da minha boca.
Aí meu Deus esse homem é quente, muito quente, mas preciso me manter firme mesmo que minhas pernas estejam bambas, meu coração acelerado e meu olhar preso ao dele.
Collin_ No futuro evite dançar no ambiente de trabalho, por mais que tenha gostado da vista não quero os meus seguranças se distraindo de suas funções por sua causa.
Laila_ O quê! Mas eu…
Collin_ Boa noite, Senhorita Fernandes.
Ele se despede encerrando a conversa não me dando tempo para responder e saindo logo em seguida.
Laila_ Idiota!
Falo baixinho bufando irritada, espero alguns segundos recuperando a minha compostura e só aí vou para o meu quarto evitando passar pela cozinha mesmo estando faminta, não estou a fim de responder nenhuma pergunta e sei que as meninas estão prontas para um interrogatório e a Constancy para me dar um puxão de orelhas.
De qualquer forma, não podia estar mais feliz, tenho um visto definitivo e posso viver livremente nesse país sem medo de ser pega e deportada, amo o meu país, mas não há mais nada para mim lá, claro que quero voltar um dia, ou não, veremos o que o futuro me reserva.
Na manhã seguinte quando entro na cozinha para tomar o meu café antes de acordar os gêmeos, o interrogatório começa como eu previ.
Todo mundo tem uma pergunta a fazer, na verdade, a maioria temia que eu tivesse sido demitida devido à dança, mas não a Marina ela parece que tinha certeza que nada aconteceria, mal sabe ela que quase pedir meu emprego pela minha boca grande e não pelo rebolado, ao que parece a Constancy é muito discreta e não contou para ninguém sobre embate com a noiva do senhor Watson.
Marina_ Aqui está a sua parte da aposta Laila, aquele homem ficou hipnotizado quando te viu.
A Marina diz me entregando vinte dólares.
Laila _ Também não foi para tanto, mas obrigada.
Stacy_ E não foi mesmo!
Nancy_ Não foi? A para Stacy todo mundo aqui viu o jeito que o homem ficou.
Bhert_ Não só ele né, o Noah aqui ficou babando.
Bhert o chef de segurança diz apontando para o Noah, um dos seguranças mais jovens acho que ele deve ter por volta de uns vinte três anos e é realmente um gatinho, já peguei ele me lançando alguns olhares, mas nunca passou disso, até porque relacionamentos entre funcionários não é permitido ao menos em tese já que fora daqui à gente faz o que quiser.
Noah_ Cala boca Bhert.
Ele fala batendo no ombro do amigo parecendo estar sem jeito.
Noah _ Você dança muito bem Laila.
Laila _ Obrigada.
Respondo com um sorriso tímido, sabe que se ele me convidasse para sair eu não recusaria? Ele é bonito, educado, gentil e legal, mas por enquanto é melhor deixar as coisas como estão, até porque passei a noite sonhando com aquele maldito Loirão.
Marina_ E então quando dará outro show daqueles para a gente?
Laila_ Quando estivermos de folga e de preferência longe daqui, o Senhor Watson me proibiu de dançar no ambiente de trabalho, segundo ele estou distraindo os seguranças.
Bhert_ A isso, você está mesmo, não é Noah?
Noah_ Já falei para calar a porra da boca Bhert, você também estava olhando.
Constancy _ Tá bom já chega, o horário do café acabou, é hora de trabalhar, vão todos para as suas funções e Laila como hoje é sábado e os gêmeos podem acordar mais tarde, você ainda tem um tempinho, me siga até minha sala, quero conversar com você.
Laila _, Sim, senhora.
Falo já me levantando.
Constancy_ Então, Laila, eu tinha entendido que você precisava muito desse emprego.
Laila _ Preciso e muito.
Constancy _ Não me pareceu ontem a noite quando você ofendeu a senhorita Sarah em pleno jantar, e de surpreender que o senhor Collin não tenha te demitido.
Laila _, Na verdade, ele me deu uma advertência, e me entregou o meu visto.
Sarah_ O seu visto?
Laila_ Sim, o meu visto e ele é permanente da para acreditar? Não sou mais uma imigrante ilegal!
Constancy_ Tão rápido! Achei que fosse demorar mais um pouco, mas estou feliz por você.
Laila_ Eu também, não estou me aguentando de alegria.
Constancy_ Imagino, agora você pode viver nesse país de cabeça erguida.
Laila _ Nossa, nem fale, estou aliviada.
Constancy_ Tem mais uma coisa.
Laila _ Pode falar senhora Constancy.
Constancy _ Vi como o senhor Collin te olhava, na verdade, ele não tirou os olhos de você a noite inteira.
Laila _ A senhora também reparou? Pensei que tinha sido coisa da minha cabeça.
Constancy_ Cuidado menina, homens como o senhor Watson não se envolvem com empregadas e quando isso acontece eles só querem usá-las e depois as descarta como se fosse nada.
Laila _ Não se preocupe senhora Constancy, não serei brinquedo de ninguém, estou aqui somente para trabalhar e não esquentar a cama dos patrões, se ele espera isso de mim está muito enganado.
Constancy_ Fico feliz em ouvir isso, outras meninas com a Stacy, por exemplo, não pensariam duas vezes antes de se enfiar na cama dele.
Laila_, Pois essa com certeza não sou eu, sempre prezei muito pela minha dignidade.