Collin Watson
Estar a mais de uma hora preso no trânsito de Nova York não está ajudando em nada em meu mau-humor, desde a minha conversa com a Laila ando em um stress constante e tudo parece contribuir para isso.
Collin_, Mas que droga Stevan! Esse carro não sai mais do lugar?
Pergunto já sem paciência ao meu motorista.
Stevan_ Desculpe senhor, parece que houve um grave acidente a duas quadras daqui e vão demorar para liberar a pista.
Collin_ E mais essa agora!
É oficial o meu dia está realmente uma merda e a culpa é dela, aquela babá que invadiu os meus sonhos, a minha vida e os meus pensamentos se tornando uma verdadeira obsessão para mim.
Como ela teve a audácia de recusar a minha oferta? Qualquer outra mulher teria ficado mais do que feliz com minha proposta e aceitaria na mesma hora, mas ela não, ela tem que ser tão irritante com aquela boquinha atrevida e me mandar me foder, tem que ser orgulhosa e almejar mais do que posso oferecer, imagina namorar a babá dos meus sobrinhos, imigrante de um país de terceiro mundo sem a mínima classe ou noção de como se comportar em meio a alta sociedade.
Não isso não acontecerá nunca, por mais que ela mexa comigo e desperte sentimento em mim os quais nenhuma mulher despertou antes não poderia assumi-la oficialmente, ela precisa entender isso, mesmo sendo linda, divertida, engraçada, nervosinha e… perfeita, ela não é o tipo de mulher que se almeja para um homem com eu, o CEO poderoso e bem-sucedido que administra com louvor uma multinacional que reina como a empresa número um no mercado de aviação, esperasse que eu esteja com uma mulher de classe, com uma família distinta e do mesmo nível social que o meu.
Mesmo que seja uma relação só de fachada a Sarah entenderia, eu sei que entenderia, e eu poderia ter a mulher que quero de verdade as costas da alta sociedade de Nova York, como uma vida paralela, tudo seria perfeito, mas não, a Laila tinha que ser toda orgulhosa e cheia de não me toques e complicar tudo.
O carro começa a andar me tirando dos meus pensamentos o que é algo bom porque eles só estão piorando o meu humor ainda mais, ao menos conseguirei chegar a reunião com aqueles franceses idiotas a tempo, porque eles tinham que marcar nosso encontro em um restaurante no outro lado da cidade quando poderíamos ter marcado no The Modern, por exemplo, se tem um lugar perfeito para se fazer uma bela refeição em um almoço de negócios esse é o The Modern, da próxima vez farei questão de escolher o lugar.
A Laila está furiosa comigo ela nem quer mais que eu fale com ela a não ser que seja sobre o James e o Jason e não sei se vou conseguir fazer isso, basta olhar para ela e sinto uma enorme necessidade de tela em meus braços, de beijar aquela boca linda e de sentir aquele cheiro maravilhoso.
Ela faz o meu coração acelerar toda vez que olha para mim com aqueles olhos verdes, ela é... Frustrante é isso, diabo de mulher teimosa!
Suspiro olhando pela janela e... Droga estou pensando tanto na Laila que até estou começando a ver ela pelas ruas, ei, mas é ela mesma como isso é possível?
Collin_ Stevan pare o carro agora!
Ele para o carro em uma freada brusca e saio apressado, nem preciso olhar para trás para saber que os meus seguranças estão me seguindo.
Laila_ Seu patife covarde!! Como pode machucar a minha amiga!!
É a voz da Laila, posso ouvir nitidamente é o mesmo tom furioso que ela usou comigo, sigo a voz dela e entro em um prédio antigo caindo aos pedaços, e lá está ela na portaria discutindo com um homem que aparenta ter uns vinte poucos anos, o cara tem boa aparência, mas inspira desconfiança, de longe posso perceber isso.
Eidhem_ O que você está fazendo aqui Laila? Agora que sabe que chutei a sua amiga finalmente resolveu ceder e me deixar fuder essa bucetinha?
Laila _ Você é um filho da puta nojento, e pode acreditar que o que fez a Bruna não ficará assim.
Eidhem_ A é? E o que dua imigrantes ilegais que não tem onde cair mortas podem fazer contra mim?
Laila _ Isso.
O meu queixo cai quando vejo ela dar um murro no rosto debochado do idiota, deixando o seu olho esquerdo roxo na mesma hora.
Eidhem_ Hora sua putinha desgraçada, eu vou estragar esse rostinho bonito que você tem e te ensinar uma lição, já que a surra que dei na amiga não foi o suficiente para vocês entenderem quem manda.
Ele vai para cima da Laila com tudo e uma raiva descomunal me atinge, minhas pernas ganham vida própria e quando dou por mim já estou em cima do covarde desferindo soco atrás de soco, ele até tenta se defender, mas além de ser maior e mais forte possuo amplo conhecimento em combate corpo a corpo.
Meus seguranças não interferem até que o miserável já esteja a ponto de desmaiar, só aí eles me tiram de cima do pedaço de merda.
A Laila continua no chão, ele havia a empurrado quando avancei nele e pela cara dela, tem alguma coisa errada.
Collin_ Você está bem?
Laila _ Não, o meu pé está doendo muito.
Collin_ Calma vai ficar tudo bem, vou te levar ao médico.
Me aproximo dela na intenção de pegá-la no colo, mas ela se afasta, o que me irrita profundamente.
Laila_ Não precisa, olha obrigada pela ajuda, se não tivesse aparecido não sei o que teria acontecido, mas a minha palavra continua de pé, não quero nenhum contato com você a não ser que seja profissional.
Collin_ Pelo amor de Deus, Laila, você precisa de um médico e isso vai além do que qualquer raivinha que você esteja sentindo por mim nesse momento.
Laila_ Raivinha? Você me humilhou, me tratou como se eu fosse uma vadia.
Collin_ Escuta não vou discutir isso agora, vou te levar para o hospital você querendo ou não.
Com isso pego ela no colo mesmo sob os seus protestos constantes e saio daquele lugar horrível.
Collin_ Você só pode ser maluca mesmo, o que tinha na cabeça quando foi enfrentar aquele cara sozinha?
Laila _ Raiva, muita raiva, aquele filho da puta era o namorado da minha melhor amiga e a espancou.
Collin_ Mais um motivo para você não ir confrontá-lo sozinha, por que não acionaram a polícia?
Laila _ Claro e garantir que a Bruna seja deportada.
Collin _ A, sim, a questão do visto, me passe os dados dela que darei um jeito nisso.
Laila _ Não obrigada, não quero te dever nenhum favor.
Collin_ Não se trata de você, se trata da sua amiga, ela precisa de ajuda e eu quero ajudar, assunto encerrado.
Ela respira fundo, mas balança a cabeça concordando.
Laila _ Ta tudo bem, mas só porque seria muito egoísmo da minha parte não permitir que você a ajude, você tem caneta e papel?
Collin_ Não, mas pode falar que decoro tudo.
Laila _ Como?
Collin_ Isso é uma coisa que faço com facilidade.
Laila_ Talento estranho, ela se chama Bruna Barbosa de Almeida, tem 22 anos e...
Collin_ Já é o suficiente, com isso resolvo tudo, e não é um talento estranho, é ser inteligente e sagaz.
Laila _ Se você diz.
Nos já estamos no hospital aguardando o médico vir com o raio-x que a Laila fez no para ver se ocorreu uma fratura ou se foi só uma torção.
Laila _ E então o que acontecerá com o energúmeno do Ehidem? Vi que alguns dos seus seguranças ficaram com ele, você não fez nenhum sinal secreto para eles apagarem o cara né?
Collin_ Eu não sou nenhum mafioso, Laila, aliás porque está preocupada, você mesma parecia muito disposta a matá-lo.
Laila_ Estava com muita raiva, ainda estou, na verdade, mas não sou nenhuma assassina.
Collin_ Você já teve alguma coisa com ele também?
As palavras saem da minha boca com um gosto amargo e só essa hipótese me faz querer voltar lá e quebrar o sujeito inteiro.
Laila _ Deus que me livre!!
Ela responde em português, eu a olho confuso, mas gosto de ouvi-la falando em seu idioma natal, algumas pessoas dizem que o idioma mais sexy é o Francês, mas isso porque nunca ouviram essa Deusa esquentadinha falando em português.
Collin_ O quê?
Laila _ Desculpe, eu quis dizer “De jeito nenhum, sai fora, nem fudendo!”
Collin_ Agora você foi bem clara, e então qual a história?
Laila_Mas eu já disse.
Collin_ Não sei se já percebeu, mas quando esta nervosa diz muitas palavras em português dificultando entender tudo o que você diz.
Laila _ Conto se você me disser o que estava fazendo lá, por acaso estava me seguindo?
Collin_ Não, estava a caminho de uma reunião com uns franceses idiotas, quando da janela do carro te vi caminhando pela rua, achei estranho já que a essa hora você deveria estar com meus sobrinhos, então sai para ver se havia acontecido alguma coisa e foi aí que te encontrei prestes a ser espancada.
Laila _ Eu não ia ser espacanda.
Collin_ A não? Você estava caída no chão com o pé machucado, o que ia fazer para escapar?
Ela sorri malignamente e tira do bolso um spray de pimenta.
Laila _ Nunca ando desacompanhada.
Collin_ A Claro e só esse spraysinho ia derrubar o sujeito.
Laila _ Esse não é um spray comum, ele cega o sujeito por pelo menos três dias.
Collin_ Sério?
Laila _ Sim, a visão apaga completamente e o idiota fica no escuro, além da dor absurda é claro.
Collin_ Interessante.
Laila _ Sim, é uma mistura poderosa de pimentas brasileiras que é puro fogo.
Collin_ Acredito em você, não quero nunca tirar a prova.
Laila_ Faz bem…