Narrado por Akira Shinroz
A floresta estava silenciosa demais. Até os pássaros pareciam evitar o caminho que eu seguia.
Meus passos me levaram até um campo enegrecido — cinzas no chão, restos de madeira carbonizada, pedaços de memória espalhados como cacos de vidro.
Ali… foi onde minha vila existiu.
E no centro daquele inferno, ele me esperava.
— Você cresceu — disse a voz rouca, marcada pela arrogância de quem não teme consequências. — Akira Shinroz, o último.
A figura saiu das sombras. Roupas escuras, armadura leve, uma cicatriz atravessando o rosto como um trovão. Ele sorriu, como se não tivesse apagado a minha infância com uma lâmina.
— Eu te procurei por muito tempo — respondi, com as espadas divinas já em mãos. — E hoje… você vai morrer.
— Ah, vingança... doce e inútil. Você vai descobrir que o ódio nunca preenche o vazio, garoto.
— Talvez. Mas vai me dar forças pra te arrancar a cabeça.
Ele atacou primeiro.
Rápido.
Frio.
Preciso.
Nos primeiros minutos, tudo foi um borrão de aço e sangue. Eu mal conseguia acompanhar seus movimentos. Meu corpo era jogado contra árvores, espinhos rasgavam minha pele, e a aura branca queimava descontrolada.
— Você não é nada além de um brinquedo quebrado! — ele rugiu, cravando uma adaga no meu ombro.
Gritei.
Mas me recusei a cair.
A aura branca me envolveu como um casulo, e meus olhos brilharam dourados como o sol. Era como se o poder de Caos sussurrasse dentro de mim... não com palavras, mas com raiva pura. Selvagem. Ardente.
E então, com as duas katanas divinas, me ergui.
Cada golpe meu agora fazia o ar tremer. Cada corte era mais certeiro. Mais cruel.
A luta virou massacre.
E quando a espada atravessou o peito dele — devagar, impiedosa — eu vi o terror nos olhos dele pela primeira vez.
— Isso... é pelo meu pai... minha mãe... todos.
Ele tentou dizer algo. Mas eu não deixei.
Arranquei a espada sem hesitar.
O corpo caiu.
O silêncio voltou.
Eu fiquei ali, respirando como uma fera, as mãos tremendo, o sangue dele no meu rosto.
Mas não me senti melhor.
Nem aliviado.
Apenas... vazio.
Vingança é como fogo. Queima tudo. Até o que sobrou de você.