Capítulo 4 – Caminho Solitário

Capítulo 4 – Caminho Solitário

As vozes animadas preenchiam o salão da associação de caçadores. Alguns comemoravam uma missão bem-sucedida, outros falavam sobre as guildas da região, suas conquistas e rivalidades. Era ali que muitos caçadores sonhavam em entrar para uma equipe, fazer nome, ganhar prestígio.

No nível 2, Gabriel já era elegível para entrar em uma guilda. Poderia escolher alguma menor, ser apadrinhado por um grupo, ou até — como alguns sugeriam — tentar fundar sua própria.

Mas ele não queria nada disso.

Sentado em um banco próximo à janela, observava o movimento do lado de fora enquanto um pedaço de pão repousava esquecido em sua mão. Ouvir tantos caçadores falarem sobre alianças, táticas de equipe e planos de expansão só reforçava o que ele já sabia desde o começo.

Sozinho era melhor.

Não precisava fingir, nem dividir planos, nem dar satisfações. O sistema era seu segredo. Algo impossível de explicar — e, se fosse descoberto, atrairia ganância, inveja ou coisa pior.

Ele levantou-se e caminhou até a porta. Passou por dois caçadores discutindo sobre o recrutamento de novatos, um deles até comentou:

— Ei, garoto! Está no nível 2, não tá? Já pensou em se juntar a alguém?

Gabriel apenas olhou por cima do ombro e respondeu com simplicidade:

— Não preciso de ninguém.

Deixou a associação e seguiu pelas ruas de terra batida da vila, sob o céu de nuvens esparsas. Seus passos não tinham pressa. Não havia batalhas marcadas, nem monstros no caminho. Mas mesmo assim...

[Experiência +1 – Atitude Independente]

[Progresso: 15%]

Um leve sorriso apareceu no canto de seus lábios. Até mesmo escolher a solidão… lhe dava experiência.

Ele estava criando o próprio caminho.

Um caminho silencioso.

E que ninguém seria capaz de seguir.

Gabriel caminhava pelas ruas movimentadas da vila, observando os vendedores ambulantes, os artesãos afiando lâminas e os aprendizes treinando em pátios abertos. Já era fim de tarde, e a luz alaranjada do sol tingia as paredes das construções com um tom quente e dourado.

No bolso, o peso das moedas começava a se acumular. As missões simples, mesmo sem risco, pagavam bem o suficiente para quem não gastava com frivolidades. Gabriel havia economizado tudo: cada cobre, cada prata.

Parou diante de uma loja discreta, com uma placa de madeira pendurada que balançava com o vento. Gravado nela estava escrito: "Armas & Equipamentos - Forjador Rurik".

Empurrou a porta, e um sino soou. O interior era apertado, mas cheio de itens cuidadosamente organizados: bastões, espadas curtas, adagas, escudos pequenos, armaduras leves. Rurik, um anão robusto de barba grisalha, ergueu os olhos de uma bigorna.

— Hm. Primeiro equipamento, garoto?

Gabriel assentiu.

— Algo leve, mas durável. E que não chame atenção.

O anão sorriu de canto, como quem já conhecia esse tipo.

— Então está no lugar certo.

Após alguns minutos avaliando armas e armaduras, Gabriel fez suas escolhas com calma. Não queria parecer forte demais, nem fraco. Apenas… comum.

[COMPRA REALIZADA]

[Novos Equipamentos Adquiridos:]

Espada curta de ferro (Dano +3)

Capa reforçada de couro (Defesa +2)

Botas resistentes (Aumento leve de mobilidade)

Cinto de utilidades (Espaço adicional para itens)

[Dinheiro restante: 18 moedas de prata | 63 de cobre]

[Experiência +2 – Aquisição de Equipamento Adequado]

[Progresso: 17%]

Gabriel deixou a loja vestindo o novo equipamento sob a capa antiga, mantendo o visual simples. A espada curta estava embainhada nas costas, discreta, mas eficiente.

Ele andou pela vila com passos firmes. Estava mais preparado do que nunca…

e ninguém fazia ideia disso.

De volta à sua casa, Gabriel entrou em silêncio, como de costume. A espada curta foi cuidadosamente retirada e deixada ao lado da cama, enquanto a capa reforçada repousava sobre o encosto de uma cadeira. A tranquilidade daquele espaço simples o fazia se sentir no controle — ninguém ali o observava, ninguém o cobrava. Era só ele... e o sistema.

Sentou-se na cama por um momento, olhando pela janela o céu noturno sem nuvens. A lua iluminava a vila em prata silenciosa, e Gabriel sabia: enquanto todos dormiam para descansar do cansaço físico, ele dormia para se tornar mais forte.

Deitou-se. Fechou os olhos.

E o sistema agiu.

[Experiência +1 – Descanso em Segurança]

[Progresso: 18%]

Alguns dias se passaram

O tempo passou sem pressa.

Enquanto os outros caçadores suavam em treinamentos, se arriscavam em florestas hostis ou enfrentavam monstros perigosos, Gabriel apenas vivia. Dormia bem, caminhava pela vila, fazia tarefas simples, comia em silêncio nas tavernas locais e, vez ou outra, aceitava missões de coleta sem risco.

Ninguém prestava muita atenção nele. Era apenas mais um garoto com rosto calmo demais e passos tranquilos demais para o mundo caótico dos caçadores.

Mas por dentro, ele crescia.

Na manhã daquele dia, antes mesmo de sair da cama, o sistema notificou:

[Nível Aumentado – Parabéns! Você alcançou o Nível 3]

[Todas as habilidades básicas atualizadas para Nível 3]

[Expectativa de Vida aumentada em +10 anos]

[Vitalidade, resistência, força e percepção levemente aprimoradas]

Gabriel se levantou, sentindo-se mais leve, mais desperto. Nada havia mudado visivelmente, mas ele sabia. Estava mais forte. E não havia movido um único dedo em combate.

[STATUS DO PERSONAGEM]

Nome: Gabriel

Raça: Humano

Classe: Nenhuma

Nível de Poder: 3

Progresso: 0%

Idade Atual: 17 anos

Expectativa de Vida: 130 anos

Habilidades:

Todas as habilidades básicas atualizadas para Nível 3

Equipamentos:

Espada curta de ferro (Dano +3)

Capa reforçada de couro (Defesa +2)

Botas resistentes (Aumento leve de mobilidade)

Cinto de utilidades (Espaço adicional para itens)

Título: Nenhum

Descrição:

Um caçador de Rank F-

Gabriel vestiu sua capa reforçada e prendeu a espada curta às costas com a familiaridade de quem já havia repetido o gesto dezenas de vezes. O sol da manhã mal havia tocado o topo das árvores quando ele saiu de casa e seguiu pelas ruas da vila.

Mesmo no nível 3, sua presença continuava discreta. Não era cercado por bajuladores, nem temido pelos novatos. Para a maioria, ele era só mais um caçador de Rank F- e era exatamente assim que Gabriel preferia ser visto.

Ao chegar à associação de caçadores, o ambiente estava movimentado. Missões novas sendo registradas, mapas atualizados, boatos sobre monstros anormais circulando entre os aventureiros.

Gabriel passou por tudo isso como quem atravessa uma névoa. Dirigiu-se ao balcão principal e aguardou calmamente sua vez. A atendente o reconheceu e sorriu com educação.

— De volta, Gabriel? Veio pegar missão?

Ele assentiu com um simples movimento de cabeça.

— Algo tranquilo, de preferência.

A atendente vasculhou os pergaminhos até puxar um pequeno rolo com o selo azul — missões de baixo risco.

— Temos mais uma de coleta na Floresta Nebulosa. Pouco perigo, mas exige atenção. Aceita?

Gabriel pegou o pergaminho e leu brevemente. Era exatamente o tipo de missão que ele procurava.

— Aceito.

[Missão Aceita: Coleta de Flores Lunares – Floresta Nebulosa]

[Experiência +1 – Aceitação de Missão Adequada ao Nível]

[Progresso: 1%]