Capítulo 45: O Guardião das Lâminas Vivas

Capítulo 45: O Guardião das Lâminas Vivas

Algum tempo se passou.

Gabriel, agora no nível 16, seguia com seu ritmo constante de evolução. Enquanto muitos caçadores passavam anos estagnados, ele parecia ascender naturalmente, como se sua conexão com o sistema fosse algo além da compreensão comum. Naquela manhã, com o céu coberto por nuvens densas e um vento frio cortando a cidade, Gabriel saiu para mais uma caçada.

Dessa vez, seu destino era uma antiga instalação industrial desativada nos arredores de Nova City. Boatos recentes indicavam que um monstro desconhecido havia se instalado nas ruínas, tornando a região inabitável. Os sons metálicos durante a noite, os desaparecimentos de animais e a constante interferência em aparelhos eletrônicos chamaram sua atenção.

Ao chegar, Gabriel foi recebido por um silêncio sepulcral. A neblina rastejava entre os prédios enferrujados, e os ventos faziam portas de metal rangerem como se algo gritasse ao longe.

No centro da antiga fundição, ele finalmente viu.

O monstro tinha forma vagamente humanoide, com quase quatro metros de altura. Seu corpo era composto inteiramente por lâminas flutuantes, que se moviam em sincronia como se obedecessem a uma vontade central. Não havia olhos, apenas um núcleo azul brilhante que flutuava no centro de seu peito, cercado por esferas metálicas menores que giravam a altíssima velocidade.

Era o Guardião das Lâminas Vivas, um monstro de nível 16. Criado, segundo lendas, a partir de antigas máquinas de guerra abandonadas, que absorveram energia mágica ao longo de décadas.

Gabriel se aproximou lentamente, observando as centenas de lâminas afiadas que compunham o corpo do monstro. Qualquer toque errado e ele seria cortado em mil pedaços — se fosse um caçador comum.

Mas não era.

— Vamos ver se suas lâminas cortam isso.

Sem hesitar, Gabriel ergueu a mão direita e invocou magia de gravidade nível 16. Um campo gravitacional massivo surgiu acima do Guardião, puxando todas as lâminas com força esmagadora. O monstro lutou para manter sua forma, tentando dispersar as partes do corpo e evitar a pressão, mas Gabriel foi mais rápido.

Com a mão esquerda, conjurou magia de relâmpago concentrado, criando um feixe tão denso que parecia sólido, e o lançou diretamente contra o núcleo azul.

O impacto causou uma reação em cadeia. As lâminas, descontroladas, começaram a colidir entre si. O núcleo, trincado, vibrava de forma errática. O Guardião recuou, suas partes girando como um furacão metálico, mas Gabriel não deu espaço.

Ele ativou psicocinese de precisão, parando as lâminas no ar como se pausasse o tempo. Cada uma ficou imóvel, flutuando a poucos centímetros de sua pele. E então, com um gesto sutil, virou todas na direção do núcleo e as lançou de volta, como uma chuva de espinhos guiada pela própria vontade do monstro.

O núcleo foi perfurado por dezenas de lâminas. Um clarão azul explodiu no centro do corpo do Guardião, e toda a estrutura metálica caiu ao chão com um baque seco.

Gabriel caminhou até os destroços e recolheu o núcleo, agora opaco e rachado, mas ainda valioso para forjadores mágicos. Ele olhou ao redor uma última vez e saiu andando calmamente, deixando para trás a instalação tomada pela poeira e pelo silêncio restaurado.

Enquanto entrava novamente em seu carro e partia, um pensamento cruzou sua mente:

— O próximo vai ter que ser maior.