Uma Noite de Sangue - Parte I

Slady coloca a mão biônica na têmpora, masseando com uma leve força, Raizer olha para Slady, preocupado, colocando as mãos nas costas de Elisa para a jovem não cair do colo de Slady.

"Você parece um pouco mal, precisa ir para casa."

Raizer vai até Slady, querendo ajuda-lo a se levantar.

"Eu consigo sozinho, não se preocupe."

Slady se levanta, segurando Elisa em seu braço biônico, se virando e vai em direção as escadas para colocar a jovem no quarto.

Raizer observa a situação, preocupado com seu amigo, mas confiando que ele cuidará bem de sua filha, se sentando na cadeira e esperando.

"Esse homem... porque ele não aceita nenhum cuidado? Ele nunca mudou mesmo." Raizer suspira.

Ao retornar, Slady vai até a bolsa de compras e pega com o braço biônico

"Slady." Raizer o chama.

"Hm?" Slady olha para Raizer.

"Você parece com dor de cabeça, não precisa de ajuda?"

"Não."

Ele pega a bolsa de compras e se ajeita, dando um ulitmo olhar para Raizer.

"Eu apenas tive... alguns pensamentos, desculpa pela cena."

Slady vai embora da La Taberna, Raizer solta um suspiro, reconhecendo a teimosia do amigo.

Ao sair, Slady sente o ar fresco das ruas de Libretãnhya, voltando a andar pela enorme cidade. O sol do inicio da manhã ainda era quente, então ele continuou a manter o sobretudo preso na cintura.

Por ser ainda inicio da manhã, Slady ainda tinha uma boa quantidade de Lynes para gastar...

**Meio-Dia**

Na biblioteca, Shaphira ja tinha acordado e estava em sua forma híbrida, vestindo uma avental e cozinhando, esperando Slady com um almoço.

Ela olhava para a porta, a cauda dela balançava de leve, suas orelhas estavam eretas, prontas para escutar qualquer som ao arredor.

De repente, a porta se abre, surgindo Slady, que estava carregando algumas compras. Shaphira desligou o fogo e foi até Slady, abraçando-o.

"Mestre!"

Ela esfrega o rosto no peito de Slady, sua cauda balançava de felicidade.

"Oh."

Slady largou as compras, colocando a mão normal no cabelo dela, afagando suas orelhas e fios capilares.

"Você está bem?" Perguntou Slady.

"Sim, estou ótima."

Shaphira se separou, ajeitando o avental dela.

"Conseguiu comprar as roupas?"

"Sim."

Slady coloca as compras no sofá, Shaphira foi na hora procurar as roupas.

"Oh!!"

Ela puxou um vestido, tirando a avental para tentar vestir.

Slady foi para a cozinha, olhando para o almoço que Shaphira estava fazendo, continuando a cozinhar por ela.

Shaphira passa uma certa dificuldade para por as roupas, considerando que ficava mais quente devido aos pelos e sua cauda ficava presa na saia do vestido.

"Ahh!!"

Slady olha para a cena, parecendo se divertir com a frustração da jovem, continuando a cozinhar.

"Dificuldades, hm?" Pergunta ele, sem emoção

"Sim! Eu não sei colocar essas coisas!"

Shaphira pega uma calcinha e um sutiã, mostrando para Slady.

"Onde coloco isso, Mestre?" Pergunta ela, inocente

Slady se vira, olhando para Shaphira e coloca a mão no queixo.

"A calcinha você põe em suas partes intimas e o sutiã, você precisa por nos seios." Diz Slady em tom casual.

"Grrr!"

Shaphira resmunga, tendo que tirar o vestido para tentar por as roupas de baixo.

**alguns minutos depois**

Ao terminar o almoço, Slady se vira, vendo Shaphira sentada no sofá com as pernas juntas ao peito, as roupas jogadas no chão, chorando baixinho.

Slady observa a cena em silêncio, ele pega uma tesoura da bancada da sala e pega o vestido que tinha comprado, se sentando ao lado de Shaphira, começando a cortar uma área específica em circulo.

"Hmmmm~ hmmmm~ hmmm~"

Os sons vindo de Slady acalmava Shaphira de uma certa forma, ela limpa as lagrimas de frustração e olha para o que Slady está fazendo.

"O que está fazendo, Pai?" Shaphira diz sem querer, cobrindo a boca e tentando corrigir.

"Desculpa, mestre!" Diz Shaphira, se sentindo culpada.

"Porque se corrigiu?"

Perguntou Slady, sem emoção e sem olhar para Shaphira, ocupado.

"É... porque é mais respeitoso, eu tinha lido em um dos livros que tem na biblioteca."

"Hmmmm..."

Slady solta um suspiro, terminando o trabalho e colocando o vestido de lado, se virando em direção a Shaphira.

"Você não precisa me chamar de mestre, eu não ligo para essas coisas." Diz Slady, cruzando os braços.

Shaphira pareceu surpresa, mas se sentiu muito alivada, sorrindo de forma genuina.

"Eu sempre quis te chamar de pai... na sua frente."

Ela vai até Slady, se sentando no colo de Slady, envolvendo ele com seus braços, pernas e sua cauda, parecendo muito feliz.

Slady fecha os olhos, passando a mão pelas costas cobertas de pelos de Shaphira.

"Não é nada, eu não ligo para títulos." Diz Slady, sem emoção.

"Eu sei, eu vou começar a te chamar de pai a partir de hoje."

Ela encosta no nariz no pescoço de Slady, cheirando profundamente, se sentindo mais calma em estar em contato com Slady, com seu cheiro, a sua figura paternal.

"Eu te amo." Ela murmura para si mesma

Slady escuta as palavras de Shaphira, ele se sente bem, era uma sensação agradável, ele não diz nada, mas em sua mente, ele dizia: 'Eu tambem te amo, filha.'

Slady coloca o vestido no colo de Shaphira, que se separa do abraço, pegando vestido, vendo mudanças que Slady tinha feito no tecido.

"Obrigada, Pai. Acho que vai dar certo."

Shaphira salta do colo de Slady, pegando as roupas intimas e o vestido, indo para o quarto dela e de Slady para se vestir.

Aproveitando esse momento, Slady foi organizar algumas compras que tinha feito (a maioria sendo alimentos) e começando a servir o almoço.

Ao terminar, Slady escuta um tossir, levantando o olhar para ver Shaphira, que finalmente tinha conseguindo por a roupa.

Era um vestido simples, a saia indo ate o joelho, com as mudanças feitas por Slady, a cauda dela podia sair pelo buraco na saia e havia um decote para os peitos de Shaphira não coçar na roupa ou não ficarem quentes demais.

"Funcionou!"

Shaphira dá um giro de 360 graus, mostrando como ficou para Slady com a saia voando um pouco no ar.

"Como achou, Pai?" Shaphira faz uma pose, dando um largo sorriso.

"Hmm..."

Slady coloca a mão no queixo, analisando cada detalhe.

"Ficou legal." Slady levanta o polegar da mão biônica.

"Eu queria mais do que isso!"

Shaphira reclama, sem estar brava de verdade, sua cauda balançava de forma calma, mostrando conforto de não ter a cauda presa pela saia.

"Gostou?" Perguntou Slady, sem emoção, ajustando o tapa-olho.

"Éh.. é um pouco desconfortavel, mas eu achei muito bonito."

Ela se senta no sofá, esticando as pernas.

"É sua primeira vez colocando roupas, além do fato que seu corpo é coberto por pelos, então é normal o desconforto." Diz Slady, colocando os pratos e panelas na mesa.

"Vamos comer, criança." Diz Slady, se sentando na mesa.

"Eu não sou uma criança! Você me disse que ja tenho 18 anos."

Diz Shaphira, se levantando e se sentando na cadeira para comer, amando a comida que tinha feito.

Slady se alimenta também, em silêncio, parecendo gostar do almoço de Shaphira, mas acabou ficando perdido em pensamentos do passado, denovo...

**13 anos atrás...**

Após o Segundo Despertar Renkai, Libretãnhya ainda estava ainda se reconstruindo, Slady estava indo em uma casa, era uma moradia simples, mas muito bem cuidada.

Ele bateu na porta com cuidado.

"Senhores Vick!"

Diz Slady com tom firme e sem emoção.

De repente, a porta se abre, revelando uma senhora, oferecendo um sorriso gentil.

"Sim, querido?"

Era a mãe dos irmãos: Natasha Vick e Jonhye Vick, ela não sabia que os dois filhos estavam mortos.

Ao lado da mulher, aparece um senhor, o pai dos irmãos.

"Oh, para que veio aqui, jovem?" Pergunta em tom calmo, mas estressado

No canto, havia uma menina de cinco anos, sentada no sofá, assistindo um progama infantil, estáva com atenção focada no desenho.

Slady respira fundo, sabendo que seria difícil falar sobre aquilo.

"Deve estar muito difícil a situação de vocês em relação ao que aconteceu alguns dias atrás..."

Os dois acenam em concordância, olhando para Slady.

"Mas infelizmente..."

Slady muda a voz, falando mais baixo, provavelmente para não atingir aos ouvidos da garota de 5 anos.

"Seus filhos, Jonhye e Natasha, acabaram sendo mortos no Segundo Despertar Renkai, defendendo a todos que puderam, morrendo com honra."

A os dois entram em choque, o sorriso gentil da mãe morreu instantaneamente, colocando a mão na boca, começando a derramar lagrimas dos olhos.

"Não... não é possivel!" Ela começa a chorar

O pai não ficou nem um pouco feliz, parecendo reconhecer Slady.

"Você é um amigo deles... eles ja me falaram sobre você!"

Ele avança em Slady, segurando ele pelo colarinho da camisa e o levantando no ar.

"Porque não os salvou?!! Eu sei que você poderia ser forte para salva-los! Eles te admiravam!"

Slady olha para o homem com um olhar frio e sem emoção.

"Não pude salva-los..." Diz Slady, querendo esconder a verdade

"Como ousa-"

Ele se prepara para dar um soco no rosto de Slady, a mulher tenta impedir.

"Não, por favor!"

Mas não o impede, Slady recebe um soco bem no rosto, sendo jogado no chão, com o sangue jorrando do nariz dele.

"Você deveria ter morrido no lugar deles!!!"

O homem se abaixa e começando socar o rosto de Slady, fazendo isso varias vezes, tentando arrancar alguma expressão de dor de Slady... mas não arrancou nada, Slady permaneceu imovel, impassivel, frio.

"..."

A mulher chora em silêncio, não podendo impedi-lo, mas a menina aparece na porta, assustada.

"Papai?" Pergunta a menina, com medo.

O homem para de bater em Slady, que apenas está no chão, olhando para o homem, sem expressar nenhuma dor.

"Querida, não veja isso."

O homem larga Slady, abraçando a esposa e a filha, trazendo-as para dentro de casa, esquecendo-o ali.

Slady apenas olhava para o céu, esquecido por aquela familia, a sensação de culpa estáva cobrindo sua alma, era doloroso, torturante.

'Realmente, eu deveria ter morrido, no lugar de todos.' Pensava Slady.

A chuva que cobria os céus caiam sobre o corpo e rosto de Slady, que permaneceu impassivel, ele queria chorar, ele queria gritar de dor, mas não foi capaz.

**momento atual**

"Slady...?"

Era a voz de Shaphira, amavel, cutucando os lábios de Slady com uma colher cheia de comida.

O cheiro da comida e a voz de Shaphira o recobrou da consciência, balançando a cabeça e abrindo a boca.

"Melhor se alimentar, Pai. Não pode ficar com o estômago vazio."

Ela coloca a colher na boca de Slady, que fecha os lábios e mastiga a comida, engolindo.

"Hmmmm..."

Assim, os dois voltam a comer juntos, a comida fazendo Slady esquecer das memórias terríveis do passado

**algumas horas depois...**

Já era a noite, não foi um dia mais agitado, Slady ficou lendo alguns livros da biblioteca, Shaphira ficou caçando e treinando em sua forma de Criatura Renkai, agora, ela estava dormindo no sofá em sua forma híbrida, de barriga para cima, não usando nenhuma roupa devido os pelos ja cobrir tudo.

Slady estava no computador, parecendo ler algumas coisas, principalmente algumas denuncias em relação a uma gangue na cidade que estava sendo investigada pela Criminal Investigation of Libretãnhya (C.I.L)

Soltando um suspiro e lendo os crimes cometidos pela gangue, Slady se ajeitou na cadeira, olhando para Shaphira, sabendo que ela iria ter uma noite longa de sono, Slady se sente aliviado.

Ele entra em um site no computador, onde é administrado por ele mesmo. O site possui uma aparencia simples, com algumas propagandas nos cantos para Slady receber um dinheiro.

No site, em diversos contatos de Slady, há pedidos em dinheiro para ele fazer e receber por isso.

Mas em sua maioria, são pedidos para assasinar criminosos que cometeram crimes contra o cliente ou seus próximos, então Slady vê um que lhe agradou.

'Olá, senhor ou senhora.'

Considerando o fato que ninguém sabe a identidade de Slady nesse site, é comum as pessoas se referir a ele como *senhor ou senhora*

'Eu tenho uma amiga que acabou sendo abusada por um homem, eu não sei quem ele é, mas pelo que eu tenho das provas, ele parece ser um criminoso de uma gangue recentemente investigada pela policia.'

'Eu sei que eles só irão prendê-lo, mas eu quero por justiça, eu posso te pagar por (uma grande quantidade de Lynes) pela cabeça dele, por favor.'

Ao olhar as provas, as acusações eram verdadeiras. Era um vídeo do que tinha acontecido com a amiga da mulher, era muito repugnante.

Slady pesquisa sobre o homem, conseguindo acessar os dados do homem

***

Yai Chang

Idade: 28 anos

Ficha Criminal: assalto a mão armada, assasinato, abusos sexuais e fisicos, trafico de drogas e tortura.

***

Slady apenas leu essas informações, então retornava ao site e responde a mulher.

'Certo, te mandarei a prova e você me entrega o dinheiro.'

Alguns minutos se passam, a mulher respondeu a mensagem.

'Obrigada, senhor ou senhora. Não precisa me mandar a prova, eu sei que você é confiavel.'

Em alguns segundos depois, Slady recebe uma notificação de uma grande quantidade de Lynes sendo transferida para Slady, ele tinha ficado surpreso com a confiança da mulher, ele podia facilidade ficar com o dinheiro e não fazer nada.

Mas ele não é assim.

'Certo.'

Slady manda a mensagem para a mulher e desliga o computador, ele pega as duas pistolas na gaveta da bancada e olha para a janela, vendo a chuva cair no céu, era maravilhoso aquele momento.

Mas querendo focar em seu trabalho, Slady se levanta e pega um chapéu, colocando em sua cabeça, cobrindo um pouco do seu rosto com a sombra.

Antes de Slady, ele olhou para Shaphira, que ainda estava dormindo no sofá, sua cauda balançando de forma casual e suas orelhas eretas, prontas para escutar qualquer som.

Slady se abaixou um pouco, passando a mão normal pelo rosto de Shaphira, que deu uma lambida de forma natural e esfregou o rosto na mão de Slady, querendo absorver o cheiro.

Slady permaneceu parado por alguns segundos, depois se levanta e pega uma coberta e coloca sobre Shaphida, desligando as luzes da biblioteca e dando um ultimo olhar para Shaphira.

"Durma bem, filha." Diz Slady, sem emoção.

Saindo da biblioteca, Slady sente o vento gelado em seu rosto, a chuva caindo sobre seu corpo, então Slady começa a andar pela floresta em direção a Libretanhya, seu unico pensamento sobre essa noite seria...

'Nessa noite, derramarei o sangue dos pecadores da humanidade.'