Slady estáva operando o cérebro de Roger e Rin Yuang, querendo apagar algumas memorias deles. Mas de repente, como uma voz em sua mente, ecoou.
"Será que isso que estás a fazer é certo?"
Então ao olhar para trás, como um fantasma, que ninguém pode ver, a não ser Slady, uma mulher, com cabelos brancos e pretos, olhos fechados e com seu corpo nu coberto por um tecido branco, se aproxima dele.
"Não gosto muito de me interferir em seus atos, mas apenas sou curiosa."
Ela coloca as mãos nos ombros de Slady, como uma massagem, um carinho em sua alma.
"Legalmente, não é correto. Mas vou fazê-lo para o bem deles." Diz Slady em um murmúrio, olhando para a mulher.
Ele não estava irritado com o espírito mental, como se estivesse bastante acostumado com a presença dela. Então ele continuou sua operação.
"Compreensivo, não vou encomoda-lo."
Ela apenas se encosta no ombro de Slady, observando o trabalho dele.
A mulher acariciava o peito de Slady, mesmo que ele não sinta fisicamente, era como um carinho em seu espirito.
Horas depois após terminar a operação, Slady se levantou, colocando os cérebros de Roger e Rin no pote de vidro com um liquido.
"Melhor colocar no lugar certo."
Ele colocou em uma bolsa e saiu da biblioteca. No meio do caminho, o espírito mental aparece novamente.
"Eles são seus amigos?" Pergunta a mulher, flutuando ao lado de Slady.
"Conhecidos, eu suponho. Mas parece serem confiáveis." Diz Slady, sem emoção.
"Você não quer a minha ajuda?"
"Não, eu sei fazer isso sozinho." Diz Slady em murmúrio
"Ok, apenas me chame se precisar, é o *acordo*, afinal."
Então a mulher desaparece da mente de Slady.
Alguns minutos depois, Slady chegou em uma cabana abandonada. Ao entrar, ele se depara com os corpos nus de Rin e Roger, onde tinha a área em suas cabeça que faltava o cérebro deles.
Ele observou o corpo de ambos com indiferença, começando a colocar o cérebro nos dois e recobrar a consciencia deles.
"Isso vai ser chato..." Slady murmura para si.
***
No dia seguinte, Rin Yuang acorda no seu dormitório do Departamento de Investigação Criminal de Libretãnhya, sem se lembrar de nada de Slady, a não ser o dia que foi levada por ele até o dormitório alguns dias atrás. Como se naquele dia, ela tinha o conhecido, não antes.
"Hmmmmmm."
Ela se espreguiça, como se tivesse tido uma ótima noite de sono, como se nada tivesse acontecido com ela.
Como era o final de semana, ela não tinha nenhum trabalho á fazer, então aproveitaria aquele tempo para ela, talvez para treinar e passear com os amigos.
***
Na biblioteca, Slady foi acordado por Shaphira, que estava deitada ao lado dele, mordendo a bochecha dele com leveza.
"Pai."
Slady acorda com facilidade. Normalmente, ele atacaria qualquer um por reflexo, mas reconhecia a presença e o cheiro de Shaphira com facilidade. Afinal, era um instinto paternal.
"O quê você quer?" Pergunta ele.
"Eu quero treinar, ficar bem forte, como você."
"Eu sou fraco fisicamente, garota." Murmura Slady.
"Mas..."
Shaphira apenas solta um suspiro, sabia que Slady tinha razão, fisicamente ele era muito fraco, apenas o seu braço biônico era a parte "física" do seu corpo que era forte.
"Então quero ser forte para te proteger, pai." Diz ela, séria.
Aquilo surpreendeu Slady, apesar de não demonstrar. Para ele, o pai que tinha que proteger seus filhotes, não ao contrário.
"Não precisa..."
Ele foi interrompido por Shaphira.
"Por favor..."
Ela faz uma carinha de cachorro abandonado, aquilo foi longe demais para Slady. Que para alguém tão racional e pouco emocinal, era impossível negar o pedido de Shaphira, principalmente após o jeito tão... manhoso que ela pediu.
"Ok."
***
Em uma área mais afastada da biblioteca e mais limpa, especificamente, uma área de colinas, Slady estava sentado nas gramas e com as costas apoiadas em uma árvore, observando analiticamente o treino de Shaphira.
ela tenta controlar a Energia Renkai, principalmente para tentar fortalecer seu corpo, sem muito sucesso. Era algo que Slady tinha que ter um aprofundamento para entender e tentar ajudar Shaphira a controlar essa energia unica nela.
Afinal, apenas Destruidores são capazes de controlar a Energia Renkai com uma certa maestria e dominio, e Shaphira era a única Criatura Renkai que Slady conhecia que não era um Destruidor, era consciente e poderia dominar aquela energia.
"Shaphira."
"Sim?"
Ele então se levanta e fica por trás de Shaphira, colocando a mão sobre a mão direita de Shaphira, a outra ele coloca na coxa dela, mudando sua posição para algo mais firme e preparado.
"Se posicione bem, então feche os olhos, sinta seu coração bater e tenta se concentrar." Diz Slady
Shaphira obedece, fechando os olhos e se concentrando. Então de sua mão direita, a Energia Renkai pura começa a se manifestar, Slady fica surpreendido, mas mantem o controle
"Dispare contra a árvore."
Então Shaphira abre os olhos e dispara a Energia Renkai com força, fazendo os dois cairem no chão, com Slady caindo nas gramas e Shaphira em seu colo.
"Desculpa, pai!"
"Sem problemas."
Slady a acalma, então se levanta com cuidado e vai até a árvore, vendo que não teve um efeito significati-
"Espera..."
Ele passa a mão na árvore, percebendo que tinha acontecido uma espécie de "corrupção" naquela árvore, ou só talvez, a Energia Renkai não teve uma forma ainda. Mas ele definitivamente vai ter que cortar aquela árvore depois.
"Essa garota... parece ter muito talento."
Então Shaphira se aproximou de Slady, cutucando as costas dele.
"Então, Pai, Como eu fui?"
"Acho que você vai ser bem forte, apenas tem que treinar mais para termos a conclusão."
A garota paraceu ter gostado da resposta, com a cauda dela balançando um pouco.
"Ótimo, vou treinar muito e ficar muito forte."
"Perfeito."
Após um tempo, Shaphira terminou seu treino, sem muito resultado ainda, ela estáva cambaleando e acabou caindo no colo de Slady, se aconchegando ali.
"Descansar..." ela murmura, adormecida.
Slady colocou a mão na cabeça dela, acariciando com cuidado.
"Você foi bem, descanse."
Apesar de ver Shaphira salivando na camisa de Slady, ele não sentiu nojo ou repulsa, apenas fechou os olhos e apreciou um pouco aquele momento.
"Que garotinha mais fofa..."
A voz ecoou na mente de Slady, que olhou para o lado e viu aquela mesma mulher, sentada ao lado dele, parecendo igualmente relaxada com ele.
"Mesmo que você mesmo não entenda bem oa sentimentos daquela garota, você é uma figura paternal incrivel para ela."
A mulher se encosta no peito de Slady, como se tivesse também apreciando ao homem, como Shaphira.
"Apesar de sua falta de emoções aparente, você é alguém indiferente á coisas pequenas, isso faz as pessoas se sentirem confortaveis e confiar em você."
"Indiferença... isso não deve ser uma coisa negativa?" Murmura Slady.
"Em algunas ocasiões, sim. Mas muitas vezes, isso faz bem ás pessoas que estão por perto de você e para você mesmo."
"Entendo."
Slady coloca a outra mão no cabelo da mulher, que apenas suspira em relaxamento.
"Mesmo que eu não possuia um corpo fisico para sentir seu toque, que eu apenas seja uma *parte de você*, ainda assim, é bom aprecia-lo, como um gesto de autocuidado"
Então aquela mulher desaparece da mente de Slady, então ele percebe que está com as duas mãos no cabelo de Shaphira, acariciando-os em um gesto praticamente automático.
"Autocuidado..."
ele pensa sobre aquela palavra, olhando para Shaphira com apreciação escondida através da sua inexpressividade. Suas orelhas abaixadas, igualmente como a sua cauda, seus lábios abertos, soltando um ronco semelhante á um ronronar e salivando no peito dele, suas unhas afiadas quase rasgando o tecido da pele de Slady através da camisa, como se ela nunca quissese sair do seu colo
Muitas pessoas se sentiriam irritadas, repulsivas ou até sentindo dor, mas Slady parecia igualmente em paz. Como se fosse a coisa mais natural do mundo, para ele, era natural.
"Shhhhh..."
Suas mãos descem até chegar as nádegas de Shaphira, começando a dar tapinhas leves, sem intenção de machucar, como se estivesse cuidando de uma criança pequena. Talvez hoje tenha sido um dos poucos dias que Slady estáva realmente em paz.
***
Algum tempo depois, Slady já tinha colocado Shaphira na cama, agora ele já tinha tomado um banho e estáva em sua oficina da biblioteca, andando pelas diversas maquinas que ele tinha criado.
"Hmmmm..."
"Não está precisando de uma ajuda, Slady?"
A mulher surge-se na mente de Slady novamente, sentada em uma bancada.
"Você não precisa se oferecer a cada oportunidade, Truth."
A mulher, agora como identificada como Truth, apenas se espreguiça na bancada.
"Por favor, como uma *Destruidora da Verdade* vivendo dentro de sua mente, eu devo te ajudar em suas necessidades."
Slady permanece em silêncio, começando a organizar os materiais para fazer os preparativos para combates futuros.
"Não faz parte de nosso *acordo*?"
Truth coloca a mão sobre a de Slady, ele não retira, afinal, não sente o seu toque.
"Você me fornece o conhecimento para eu viver e eu lhe dou o conhecimento que você se esqueceu para você sobreviver. Somos uma dupla."
"Agradeço sua gentileza, mas eu sei fazer isso sozinho." Diz Slady.
Truth solta um suspiro, ela conhecia Slady há muito tempo, sabia o quão teimoso ele era, mas ela reconhecia que ele era completamente capaz de fazer quase tudo sem ela.
"Eu entendo."
Ela flutua até Slady, colocando suas pernas envolta de sua cintura e apoiando seu queixo em seu ombro, mesmo com os olhos sempre fechados, ela parecia enxergar completamente tudo que ele fazia.
"Eu posso ficar contigo, apenas para fazer companhia?"
Pergunta Trurh, parecendo muito entediada apenas descansar e deixar Slady fazer todo o trabalho sozinho.
"Eu tenho escolha?" Diz Slady em um murmúrio sem emoção.
"Claro que não tem! Você é meu!"
Diz ela, como se tivesse falando a maior crueldade de todas, mas era apenas um gesto de afeto mesmo. Afinal, mesmo dentro da mente de Slady, ela tinha um grande carinho por ele, como uma irmã.
Após um tempo, ele terminou os preparativos e colocou-os no bolso, preparados para testa-los.
"O que vai fazer agora?"
Pergunta Truth, ainda nas costas de Slady
"Tem um Inférius que se abriu por perto daqui, vai ser minha área de experimento.
"Melhor não acabar matando todo mundo lá."
Truth se afasta dele, desaparecendo da mente dele.
Slady olha para o espaço vazio onde estáva Truth, mesmo aquela Destruidora não possuindo uma forma fisica, era como se ela realmente estivesse ali, ao seu lado, sempre.
***
Ao entrar no Inférius, Slady olhou envolta e notou que era um Inférius Infernal, o mais comum dentre eles. Mas ao ver mais longe, parecia haver uma... luta?
Ao correr até lá, ele percebeu que era Faller lutando contra um Destruidor, O Destruidor da Maré.
"Desgraçado."
Faller segura sua espada com força, correndo até o ser, que estáva sendo controlado pela Energia Renkai, começando a criar uma chuva com águas afiadas, como lâminas.
Faller consegue corta-las com sua espada, então com sua mão livre, ele dispara um raio contra o Destruidor, que desvia e cria uma espécie de estaca de água, lançando em direção Faller.
Ele consegue cortar a estaca ao meio com sua espada, saindo um flash de luz da lamina e indo em direção ao Destruidor. Que criou um pequeno tsunami embaixo de seus pés e saltou para trás.
"Você é forte, humano.."
Ele ergue a mão para cima, criando um grande tsunami atrás dele, apagando as chamas quentes do Inférius e de brinde, com várias criaturas aquáticas vindo em direção a Faller.
"Mas nunca conseguirá vencer um Destruidor."