A Despedida - Parte II

Slady se aproxima daquelas flores, se agachado e acariciando suas pétalas com delicadeza.

"Junto você está novamente, Raizer, meu amigo. Ao lado de sua amada e nossos antigos amigos."

Então ele se encosta em uma árvore, parecendo aproveitar aquele momento sozinho, em paz.

"Meu coração se desmancha ao ve-los morrerem, ter que enterra-los aqui doi-me o coração. Sinto como se estivesse carregando o fardo de todos vocês..."

Ele coloca os braços em formato de *X* sobre seu peito, como se tivesse protegendo seu coração.

"Mas não poderei chorar nesse momento, não sou capaz de demonstrar o meu desespero interno."

Slady volta a olhar para as flores do jardim, fechando os olhos por um breve momento.

"Mas eu não vou deixar a morte de todos ser em vão, se eu tiver que carregar o fardo de todos vocês para buscar a justiça por suas almas, eu farei sem hesitar."

Então Slady se levanta, olhando para a biblioteca por uns segundos.

"Se for capaz de escutar a minha voz, Raizer e Raintalya, eu cuidarei bem de sua filha, tornarei-a forte para que nunca tenha o mesmo destino de vocês."

Ele olhou para trás, olhando para as flores.

"Ela será uma mulher incrivel, garanto á vocês."

Slady continuou andando pelo jardim, chegando em outro grupo de flores que há.

"Aqui vocês estão, Natasha e Jonhye."

Ele se sentou ao lado das flores, acariciando suas pétalas.

"Talvez eu não tenha sido o amigo mais próximo ou amavel com vocês, eu reconheço isso, mas não vou deixar que seus sacrifícios por todos ser em vão."

Slady retira a mão da flor, apoiando a sua mão mecânica em seu joelho.

"Vocês não tinham só o talento que muitos invejavam, mas a coragem que poucos da idade de vocês teriam se tivessem em sua pele."

Ele soltou um suspiro profundo, olhando para as nuvens que começaram a se acumular.

"Será que nesse dia irá chover porque alguma divindade além da humanidade chorará por Raizer, ou só pelo acúmulo do vapor da água e sua condenação, levando a chuva?"

Então só ficou o silêncio, Slady se levantou e começou a andar devolta para a biblioteca.

'eu quero que descansem em paz, meus amigos. Mas se suas almas ainda não tiveram o descanso eterno, eu irei eliminar a sua causa.'

Assim pensou Slady.

***

No "enterro" de Raizer, estava chovendo fortemente. Slady e Elisa estavam observando á distância. A jovem não conseguia conter suas lágrimas, ainda segurando a mão do homem ao seu lado, como se quissese se estabilizar.

"Porque eu não posso ver o meu pai, Slady?" Perguntou Elisa.

"As pessoas irão ve-lá e irão tentar pega-la para levar á um orfanato ou apenas te tratar como alguém importante por ser filha de um grande homem." Slady olhou para Elisa. "Você quer isso?"

"Não." Elisa abraçou o braço de Slady. "Quero estar com você e com a Shaphira, me sinto melhor com vocês."

"Você vai estar, não precisa se preocupar."

Ele colocou a mão sobre o cabelo de Elisa, acaricando-o com uma grande delicadeza e cuidado. A moça fechou os olhos e decidiu esconder o rosto no peito de Slady, querendo se apoiar no homem que tanto confia.

Aquilo machucava profundamente o coração de Slady, seu lado de pai se tornou cada vez mais forte. Sem poder controlar seu corpo, ele envolveu os dois braços envolta de Elisa de forma protetiva.

"Você está segura."

"Eu sei..." Elisa se aconchega no abraço, retribuindo o gesto com toda a sua força. "Eu sempre estarei segura com você e com a Shaphira."

Ver a tristeza daquela que perdeu sua figura paternal fez o desejo de justiça e vingança de Slady aprofundar-se muito mais. Mas ele se conteu, apenas não deixando Elisa sair de seus braços e cobrindo os ouvidos da jovem para ela não escute o discurso do funeral. Não querendo que ela sofra mais do que ja sofreu.

"Hoje é um péssimo dia para a humanidade..." Começa o discurso.

"Hoje não é só a morte de um, mas do fim de um grupo que tanto protegeu a raça humana do Inférius, Os Caçadores da Complexidade."

"Aqueles que um dia, salvaram centenas ou milhares de vida desse grande inimigo que tanto amaldiçoa o nosso mundo."

"Hoje, infelizmente, não temos sua presença em corpo para mostrar seu respeito tanto merecido. Mas podemos referência-lo ao seu espirito tão forte e resistente."

'Muita enrolação para tanta falsidade.' Pensou Slady 'nem se questionaram sobre o desaparecimento da filha de um deles, como se ela não fosse importante.'

Apesar de Slady não apreciar tais palavras, era notavel que, diante aos seus olhos, tinha muitos cidadãos, caçadores e até policiais que estavam tristes de verdade e outros tinham um grande respeito pelo grupo.

De repente, uma voz ecoou da multidão.

"Tem certeza que o grupo teve um fim? Nunca acharam evidências sobre o participante secreto do grupo."

'Porque agora se preocupam comigo?' Pensa Slady consigo. 'Definitivamente não quero que pensam em mim nesse momento.'

Então aquele que discursava, responde ao homem.

"Ninguém sabe sobre o Servo da Verdade, ele apenas desapareceu quando teve o Segundo Despertar Renkai."

'"Servo da Verdade"? Não sabia que Raizer tinha um péssimo gosto para criar um apelido sobre mim.' Pensou Slady consigo 'mas é interessante, eu suponho.'

Então continuou o discurso sobre o "fim" dos Caçadores da Complexidade. Era mais uma lista de feitos incríveis que os membros principais tinham feito durante sua carreira, nada que tinha interessado Slady, que até tinha ido embora, mais preocupado com a própria Elisa do que com um mero discurso.

'Vocês não tem seus corpos para "honra-los" porque eu que os enterrei, seus imbecis.' Pensou Slady.

***

Algumas horas depois...

Slady estáva sentado na bancada da biblioteca, mexendo na câmera que tinha pego da La Taberna na noite passada.

"Eu preciso encontrar aquele dia..."

Enquanto passava os vídeos que aquela câmera de segurança continha, passava-se vários momentos do passado, onde tinha momentos de conversas entre Raizer e Raintalya (enquanto vivos) e até a imagem de Elisa quando criança. Tudo aquilo despertou um forte sentimento de nostalgia em Slady.

Shaphira estava na cozinha, fazendo um almoço. Tentando acertar a temperatura do fogo para não borbulhar na panela

"Não... ainda não... isso!" A cauda dela se agita de animação, agora que conseguirá fazer o almoço de forma mais rápida e simples.

Elisa, no entanto, estava no jardim de Slady. Tentando esquecer aquele momento difícil que estava passando, querendo se distrair um pouco com aquelas lindas flores.

Então Slady conseguiu achar o momento correto do vídeo...

***

após alguns minutos depois de Slady e o pessoal ter ido embora, Raizer estava sentado na bancada da La Taberna, limpando e guardando algumas coisas pessoais. Então, de repente, um grupo de... cientistas? Acabou entrando na taverna

"O local não está aberto, senhores. Podem se retirar." Diz Raizer

O grupo de cientistas, composto por dois homens e duas mulheres, estavam com expressões sombrias, quase maldosas em direção á Raizer.

"A gente estáva atrás de seu amigo, aquele que você chama de Slady. Mas acabamos nos interessando em sua filha." Uma mulher do grupo diz.

"O que tem ela?" Perguntou Raizer.

"Precisamos fazer um experimento..." o homem levanta um pouco do seu jaleco, mostrando uma pistola, como uma ameaça silenciosa "você pode nós dizer onde está aquele homem, o Slady?"

"Se vocês pensam que vou falar algo do meu amigo, vocês estão muito enganados..." Ele puxa a espada dele, que estava pousada em um canto. "Seja o que vocês tenham contra o meu amigo, eu não vou deixa-lo vocês tocarem um dedo nele ou na sua filha."

O grupo de cientistas ficaram hesitantes, sabendo que mesmo na terceira idade, Raizer poderia mata-los facimente.

"Não precisa de tanto, senhor." O homem levanta os braços. "A gente não vai fazer nada mais, só queremos fazer um 'experimento amigavel' com aquela jovem." Mas então, o homem deu um sorriso maldoso de repente. "Se você não quer cooperar conosco..."

Então, todos os cientistas saíram correndo. Antes de Raizer poder caça-los, a taverna começou a entrar em chamas. aqueles cientistas... tinham cercado aquele estabelecimento com gasolina e jogado um fósforo com fogo no local.

Por ser uma taverna feita de madeira, começou a cair os escombros, a fumaça tóxica começou a fazer Raizer tossir de forma descontrolada, fazendo seu coração bater mais rápido e doer, muito.

"Filha..."

Ele tenta subir as escadas para tentar salva-la, mas seu coração frágil atingiu um limite, fazendo ele cuspir sangue pela boca e cair, rolando até cair no chão.

Então nesse momento, Raizer solta o último suspiro e suas lágrimas caem de seus olhos, soltando sua espada e falecendo. Pensando que teve o seu fim, sem poder salvar a sua filha.

Então, devido às chamas, a câmera acabou saido no solo, terminando a última gravação.

***

"..."

Slady observou o dispositivo com sua mão mecânica tremendo, ele tinha tantas dúvidas...

'O que eles querem comigo ou com a minha filha?' Pensou Slady.

Mas, toda sua dúvida acabou se dissipando ao notar que acabou amassando a câmera com a sua mão. Então, mordendo os lábios, fazendo-os sangrar, sua mente estava com um único pensamento

'Eu irei mata-los.'

***

Assim se acaba o primeiro arco de The Inférius.