Infância

Ao acordar na madrugada, Slady se dá conta do que tinha acontecido naquele dia. Ele tinha passado o dia todo com Faller e Victoria. Normalmente, o dia era muito lento para ele, sempre ocupado com Elisa e Shaphira, o seu trabalho como bibliotecário e como assasino de criminosos.

Ao olhar ao redor, Slady vê Shaphira ao seu lado, como sempre. Ao lembrar-se que está na mansão de Faller e Victoria, ele compreende que tinha dormido lá.

Não sabia-se porque tinha acordado naquela madrugada, ele era alguém que ficaria tranquilamente dias sem dormir, mas nunca acordaria de madrugada sem algum motivo específico. Ao escutar um som vindo da cozinha, ele teve sua conclusão.

'Alguém invadiu a mansão nessa madrugada?'

Pensou Slady, sua mão biônica fica com as unhas ou garras mais afiadas, preparando para defender o local. Ao entrar na cozinha, sua vista mostrava-se para... Elisa?

Ela estáva tomando leite de um copo, talvez isso faria ela dormir mais rápido ou acalma-la. Ela estava usando um pijama feminino e ela parecia um pouco... triste, talvez seja um dos motivos que, apesar de ainda atenciosa, estava distante.

"Slady?"

Ela tomou um pequeno susto, colocando o copo na pia.

"Desculpa, não queria ter acordado você."

Ela abaixa a cabeça, ainda depressiva. Slady não sabia muito como ajuda-la, mas não aguentaria ver aquele estado mental que Elisa se encontrava naquele momento.

"Não se desculpe. Mas você parece um tanto depressiva, quer conversar sobre isso?"

Pergunta Slady, falando em tom baixo e andando até Elisa.

"Eu agradeceria... mas não quero acordar ninguém."

"Podemos passear um pouco na rua, não vou deixar ninguém te machucar."

Elisa olha para Slady com um pouco de surpresa, mas viu que ele estava falando sério.

"Ok... eu vou trocar de roupas."

***

Andando por Libretãnhya, Slady e Elisa andam de lado a lado. Elisa observa as luzes que compõem uma parte da cidade com um olhar mais tranquilo, mas ainda melancólico. Slady permaneceu inexpressivo, não querendo colocar pressão em Elisa para ela falar o que sente.

"Slady..."

"Sim?"

"Posso segurar sua mão?"

Ela estende a mão para Slady, era como um gesto de confiança, intimidade e conforto. Era algo que faria bem para Elisa

"Claro."

Slady coloca a mão mecânica sobre a dela, Elisa observa o protótipo dele com curiosidade.

"Nunca te perguntei sobre isso, mas, como você perdeu seu braço?"

A voz dela era suave, não querendo ser desrespeitosa. Slady acenou com compreensão, respondendo-a enquanto entrelaçava seus dedos com a dela.

"Eu acabei perdendo o meu braço faz muito tempo em uma luta contra uma Criatura Renkai."

"Era forte?"

"Não, eu que era fraco."

Elisa ficava surpresa, mas acenou com a cabeça

"Entendo..."

Ela entrelaçava os dedos dela com a de Slady com tamanha firmeza, como se não quissese soltar ele por um tempo.

"Eu... ainda não superei a morte de meu pai."

Ela afinalmente declara, Slady ouve tudo com atenção e cuidado

"Os humanos criam conexões que os fazem temerem a sua perda. Quando a perda do indivíduo acontece, deve ser avassalador."

"Sim."

Os lábios de Elisa ficam trêmulos, como se ela quissese controlar as lagrimas, não querendo chorar na frente de Slady.

"Elisa, peço-lhe para não controlar seu choro."

Então Elisa se agarra á Slady, começando a chorar no peito dele.

"Eu... quero meu pai..."

Era terrível para uma garota de 15 anos ter que passar por tudo isso, ver Elisa chorar era demais para Slady, seu desejo de se vingar da morte de Raizer aumentou muito.

"..."

Sem saber o que dizer, Slady coloca a mão nas costas de Elisa, acariciando-as com muita delicadeza. Ele a puxa por um balanço de um parque de forma discreta, se sentando no brinquedo e puxando Elisa para seu colo, que não hesitou nenhuma vez e continuou a chorar.

"Eu não quero perder mais ninguém... minha mãe e meu pai já se foram... não quero perder você, Slady."

Diz Elisa, escondendo seu rosto no peito de Slady, que como uma tentativa de tentar acalma-la, começou a dar tapas delicados nas nádegas dela, como fazia quando ela era apenas uma menina pequena.

Apesar de surpesa, Elisa se sentiu na infância novamente. A lembrança de estar no colo de Slady quando pequena, abraçada nele e sentindo sua mão tapeando cuidadosamente seu bumbum a fazia se acalmar bem rápido.

Era um gesto infantil, claro, mas de grande importância para Elisa, principalmente quando era Slady o executor.

"Hmmm..."

Ela começa a se acalmar, adormecendo nos braços de Slady, as memorias de sua infância vagavam por sua mente com clareza.

***

Era um dia ensolarado, Raizer tinha saido para resolver algumas coisas em Libretãnhya, pedindo para Slady cuidar de Elisa. Ele confiava nele para isso.

Ao entrar na casa, Elisa, que estava brincando com algumas bonecas, vestindo uma roupa infantil e uma fralda, se levantou com animação ao ver a figura familiar de Slady.

"Titio Slady!!"

Ela o abraça na perna, querendo subir na perna dele. Slady olhou para Elisa com um olhar naturalmente frio, mas não era maldoso.

"Animada, criança?"

Ele pega ela nos braços, apoiando-a em seu peito.

"Sim, papai disse pra você fazer comida pra mim, me dar banho e brincar comigo."

Diz Elisa com uma voz madona e infantil, mas sem ser necessariamente mimada. Slady revirou os olhos, ele não gostava nem um pouco de ser mandado, principalmente por uma criança, mas não conseguia sentir raiva de algo tão adorável.

"Seu pai é um homem mau comigo."

Ele a coloca no chão, dando um rapido carinho desajeitado no cabelo dela.

"Não, ele não é um homem malvado. Papai é bom!"

Diz Elisa, colocando as mãos em forma de punho e apoiando em suas cintura, fazendo um bico infantil.

"Eu sei..."

Ele coloca a mão sobre a testa, massageando a têmpora.

"Enfim, o que você gosta de comer, menina?"

"Eu gosto de... hmmmm... hambúrguer!"

"Não pode."

"Porque não? Eu gosto de hambúrguer!"

"Eu sei que gosta, eu vou fazer algo mais saudável pra você."

Elisa cruza os braços de forma infantil, se virando e voltando a se sentar no chão para brincar com suas bonecas.

"Você é do mal, Slady!"

"Se ser mal é te fazer bem, eu serei com prazer."

Slady coloca a mão no cabelo curtinho de Elisa, que não conseguiu ficar brava por muito tempo.

"Desculpa... só faça que a comida seja boa."

"Ótimo."

Alguns minutos depois...

Após fazer o almoço, Slady se agacha á pequena altura de Elisa, que olha para o prato de comida.

"Isso não parece-"

"Cala a boca e come."

Ele coloca a colher na boca de Elisa, que consumiu o alimento de forma obediente. Seus olhos brilham de prazer.

"Oh! Que gostoso! Titio Slady, o melhor cozinheiro do mundo!"

"Obrigado."

Slady coloca o prato de comida sobre o colo de Elisa, que começou a comer a comida com prazer.

"Hmmmmm..."

Slady se afasta para se alimentar, mesmo com a frieza em sua expressão, em seus olhos havia um grande carinho por aquela garota.

Após uns minutos depois, Slady tinha dado um banho em Elisa, que se comportou de forma correta e se sentia confortavel em ser banhada por ele.

Após tudo isso, Slady se encontrava com Elisa em seus braços, adormecida e salivando através de seu descanso, com Slady dando tapas quase automáticas no bumbum de Elisa.

Aquelas lembranças eram como uma imagem agradável na mente de Elisa. Apesar de quase não conhecer nada sobre o passado de Slady e sobre quem ele *realmente* é, uma única certeza tinha em sua mente.

Ele era alguém que Elisa poderia confiar com tudo que tinha.

***

Em um laboratório distante...

As máquinas estavam desligadas, os cientistas estavam dormindo em seus dormitórios. Mas havia uma unica luz que estáva ligada.

Em uma sala de contenção, havia uma cápsula de tamanho humano que continha uma mulher. Ela tinha belos cabelos ruivos e ela estava completamente nua naquela cápsula, mostrando um corpo muito forte e construido. O que normalmente os humanos poderiam chamar de um "físico perfeito"

Sua cabeça estava ligada á alguns fios, como se sua mente estivesse em algum lugar... seu corpo estava tenso e se contorcia de vez em quando, como se algo que não era possível de se ver acontecia.

De repente, seus olhos se abrem. Relevando um olhar frio e penetrante...