A manhã do sábado chegou com um clima agradável e um céu limpo. Paola acordou mais tarde que o normal, por conta dos remédios que ainda tomava. Despertou com o som suave de pássaros e, ao olhar pela janela, sentiu uma leve ansiedade. Sabia que o dia prometia algo diferente.
Felipe, de blazer cinza e camisa branca impecável, entrou no quarto após bater duas vezes.
— Está pronta? — perguntou sério, mas com um leve tom de cuidado na voz.
— Quase... Só vou terminar o penteado. — respondeu ela, diante do espelho, com os cabelos levemente ondulados, presos em um meio coque delicado.
Paola usava um vestido azul-pastel, de tecido leve, com mangas rendadas e uma saia que ia até os joelhos. Simples, elegante, e exatamente como Felipe havia pedido. Ele a observou por um instante e disse:

— Ficou... bem. Vamos.
No carro, o silêncio dominava. Felipe mantinha os olhos na estrada, mas de vez em quando olhava para ela de canto, como se a estivesse avaliando.
Chegaram à cerimônia no fim da tarde. Era um casamento luxuoso, em um salão de festas à beira-mar. A mãe de Felipe os esperava na entrada, com um sorriso orgulhoso.
— Que linda, Paola! — elogiou Clara, elegante em um vestido vinho e saltos baixos. — Felipe, finalmente encontrou alguém que presta!
— Mãe... — disse ele, revirando os olhos.
Durante a recepção, Paola foi alvo de vários olhares. Especialmente de Daniel, irmão de Felipe. Vestido com terno azul-marinho e um charme natural no sorriso, ele se aproximou dela com um copo de champanhe em mãos.
— Você tá deslumbrante. Meu irmão teve sorte dessa vez, hein? — disse, com um sorriso sincero.
— Obrigada... Felipe foi conversar com... alguém. — respondeu, tentando não demonstrar desconforto.
— Ah... com a Geovana, provavelmente. A ex dele. — disse Daniel, casual.
— Ex? — ela ergueu as sobrancelhas.
— É... eles ficaram juntos por quase dois anos. Acabou porque ela traiu ele. Mas acho que ele nunca superou isso completamente. — Daniel bebeu um gole. — Mas entre nós... você é mil vezes melhor que ela.
Nesse momento, Felipe apareceu. Os olhos fixos nos dois, claramente incomodado.
— Tá tudo bem aqui? — perguntou seco.
— Sim. Só conversando. — disse Daniel.
Felipe segurou a mão de Paola, firme.
— Vem comigo.
Ela obedeceu, sem entender. E então, de frente a Geovana, ele a apresentou:
— Essa é a Paola, minha namorada. E essa — olhou para Paola — é a Geovana. Uma mulher que tem... presença, charme, algo que certas pessoas ainda precisam aprender a ter.
Paola sentiu o rosto esquentar. Respirou fundo e respondeu, firme:
— Pode até ser... Mas pelo menos eu sei ser fiel e não preciso destruir ninguém pra me sentir importante.
Ela se virou e saiu, deixando Felipe parado, com Daniel observando em silêncio.
— Você foi um babaca agora. — disse o irmão. — Tu tem uma joia rara nas mãos e joga como se fosse lixo.
Felipe não respondeu. Foi atrás dela, a encontrou sentada sozinha em um banco no jardim, com os olhos perdidos nas luzes da festa ao fundo.
— Tá com ciúmes? — ele perguntou, se aproximando.
— Não. Tô apenas surpresa com a forma como você me expôs. — respondeu fria.
— Você tava flertando com o meu irmão. — disse, irritado.
— Eu estava sendo educada. Ele foi gentil comigo. Algo que você deveria aprender a fazer.
Eles ficaram em silêncio por alguns segundos. A tensão era palpável.
— Vamos embora. — ele disse, ríspido.
No carro, não trocaram uma palavra. Ao chegarem na mansão, ele ordenou:
— Sobe. Troca de roupa.
Ela subiu sem discutir.
Enquanto isso, ele ficou na sala. Abriu uma garrafa de vinho tinto e se serviu. Encostado na parede, com o olhar distante, balançava a taça devagar. O ciúme queimava dentro dele, mas ele não sabia lidar com isso.
Paola, no quarto, tirava os brincos e olhava seu reflexo no espelho. Uma mistura de mágoa, raiva e... confusão. Afinal, por que aquele homem frio ainda conseguia mexer tanto com ela?