Ensinando a Construir Uma Nave Intergaláctica em um Planeta Pós-Apocalipse Usando Lixo Como Combustível (Sim, É Possível)por Zolomon Hendrick

Antes de tudo, vamos deixar uma coisa clara: se você está em um planeta pós-apocalíptico, cercado de ferrugem, cadáveres, areia radioativa e restos de memes de uma civilização falida, e ainda assim está vivo e com ambição de sair voando por aí, parabéns. Você é oficialmente mais teimoso que a maioria das formas de vida inteligente.

Agora, a parte ruim: você está ferrado.

A parte boa? Com as instruções certas, você pode sair daí pilotando uma nave movida a lixo, restos tecnológicos e ódio puro.

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1. Avaliação do Terreno – O Que Você Tem e O Que Vai Precisar Roubar

Você vai precisar de três coisas básicas:

Metal que não derrete ao contato com atmosfera. (Ou seja, não colha de brinquedos infantis ou de torres religiosas.)

Fontes de energia estável ou instável (tanto faz, só explode em momentos diferentes).

Algum nível de isolamento contra radiação, vento ácido ou a própria vergonha.

Faça um inventário:

Carcaças de carros antigos? Estrutura.

Micro-ondas abandonados? Geradores de calor interno.

Geladeiras? Revestimento térmico primário.

Bonecas falantes? Circuitos rudimentares e medo eterno.

Tintas fosforescentes? Interface de comunicação (improvisada, mas eficaz contra nativos supersticiosos).

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2. O Reator de Lixo – Sim, Ele Funciona (Mal, Mas Funciona)

A base será um reator de fusão improvisado a partir de:

Placas solares estilhaçadas,

Células de bateria de drones militares antigos,

Toneladas de lixo orgânico fermentado com bactérias mutantes.

O truque? Processamento termocatalítico forçado.

Em português: jogue lixo num recipiente isolado, aqueça até cheirar como o intestino de um verme espacial, extraia o gás, comprima com força bruta (martelos, prensas, ou seus inimigos), e canalize para propulsão via tubos de escape de ônibus espaciais aposentados.

Observação de campo: Já escapei de um planeta ruína usando um reator de suco de vegetais fermentado, restos de espuma de colchão e dois ursos radioativos pedalando num tambor giratório. A nave durou três saltos. Eu, até hoje, tenho coceiras nos domingos.

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3. Montagem da Estrutura – Quando em Dúvida, Solda e Reza

Se você tiver acesso a algum tipo de plasma ou laser cortador, ótimo. Caso não, vai usar pregos enferrujados e esperança endurecida.

Sugestões de fusão improvisada:

Derreta fios de cobre e use como cola condutora.

Use os esqueletos metálicos de robôs desativados como andaimes.

Para controle de temperatura, use as portas de geladeira como escudo térmico. (Não é piada. NASA já fez parecido, e eles têm menos senso de humor que eu.)

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4. Computador de Navegação – Raramente Preciso, Sempre Inútil

Você acha que vai usar um supercomputador quântico com IA sensível. Vai nada.

Você vai usar:

Um console de fliperama ligado a um cérebro de hamster modificado.

Uma calculadora científica dos anos 2000 com firmware alterado pra calcular trajetórias orbitais (e jogar Tetris).

Fitas VHS com comandos de voz gravados.

(“Subir. Subir. NÃO ISSO, MALDITO— explosão”).

Navegar será um ato de fé e reflexos. Mas honestamente, se você sair da atmosfera sem virar purê, já é vitória.

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5. Decolagem – A Arte de Não Virar Uma Chama no Céu

Sua decolagem será brutal, feia, descontrolada — mas se você:

Ancorar com correias de aço derretido num eixo giratório,

Direcionar toda a propulsão para um buraco cavado à mão,

Gritar frases como “EU SOU IMORTAL” ou “POR ZOLOMON” no momento da ignição,

… então talvez você suba.

Use lixo como propulsão secundária: gás metano extraído de cadáveres de mutantes, vapores industriais de centrais abandonadas, ou simplesmente os discursos políticos arquivados da era pré-apocalipse (altamente inflamáveis).

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Conclusão Improvável: Pode Não Funcionar, Mas É o Que Você Tem

Você não vai criar uma nave bonita. Vai criar um frankenstein interestelar fedendo a plástico derretido e carne reciclada. Mas se ela voar, você venceu o planeta.

E no fim, não é esse o objetivo?