O Retorno

"É para mim?"

Melanie Collins virou-se ao som da voz barítono e franziu a testa. Com um olhar que claramente dizia, sonha mais, para o homem encostado na porta, ela voltou ao balcão para continuar preparando o bolo de manga. Ela não tinha intenção de responder à pergunta verbalmente, esperando que ele entendesse a indireta e a deixasse em paz.

Ela mal tinha começado a aplicar a cobertura no bolo quando sentiu a respiração de alguém perto de sua orelha.

"Vamos lá, Melanie. Você sabe que eu não gosto de manga," o homem murmurou, sua voz carregada de diversão. "Eu preferiria algo mais... melancia..."

Ela enrijeceu com as palavras de duplo sentido e teria se virado para encará-lo, mas ele já estava perto demais, invadindo seu espaço. Virar-se agora significaria que ela acabaria roçando nele, o que ela se recusava a fazer.

"Você pode dar um passo para trás, por favor?" ela perguntou rigidamente.

"Se você pedir com jeitinho," Adam respondeu, o sorriso praticamente audível em seu tom.

"Adam," ela disse rispidamente, tentando afastá-lo, mas ele apenas se inclinou mais perto, claramente imperturbável com sua irritação.

"Melanie," ele retrucou, imitando seu tom. "Você parece tão séria. Relaxe um pouco. Você pode até gostar de me ter por perto."

Suas narinas se dilataram enquanto ela resistia ao impulso de se virar e empurrá-lo para longe. "Eu gostaria mais se você ficasse fora do meu espaço pessoal."

"Isso é engraçado," ele disse, inclinando a cabeça levemente, "porque seu espaço pessoal parece ser o lugar mais interessante que encontrei desde que voltei."

Melanie bufou, movendo a perna para chutá-lo, mas como de costume, ele se afastou bem a tempo, rindo baixinho. Ela girou, encarando-o.

"Você não tem outro lugar para estar? Algum lugar que não envolva roubar minhas mangas?" ela perguntou, notando a tigela na mão dele.

Ele ergueu a fruta roubada, o sorriso em seu rosto se alargando. "Achei que pouparia você do trabalho de decorar o bolo com estas. Elas são desperdiçadas em algo que ninguém vai comer."

Melanie cruzou os braços, seu olhar se intensificando. "Oh, alguém vai comer. O homem que me ama vai comer cada pedaço porque eu fiz com amor."

O sorriso de Adam vacilou por uma fração de segundo, seus olhos afiados se estreitando brevemente antes que o sorriso zombeteiro retornasse, cheio de diversão debochada. "Amor, é? Você é bastante ingênua. Eu não esperava isso de você, Melanie. Então, deixe-me adivinhar — você está fazendo este bolo para o amor da sua vida? Seu querido marido? Aquele que se casou com você, deixou você para trás e mal se preocupou em manter contato nos últimos três anos?"

As mãos de Melanie congelaram no meio do movimento, seus nós dos dedos ficando brancos enquanto ela apertava o saco de confeitar com muita força. Adam tinha um jeito de encontrar as rachaduras, os pontos fracos que ela trabalhava tão duro para esconder, e mirar diretamente neles. Os últimos três anos tinham sido difíceis — solitários, até — mas por alguma razão, sempre que Adam decidia lançar uma de suas alfinetadas verbais, doía diferente.

Mas ela seria amaldiçoada se deixasse ele ver o quanto suas palavras a feriam. Ela inspirou profundamente, dizendo a si mesma para permanecer calma, antes de se virar para ele com um olhar que poderia cortar aço. "Meu marido foi para o exterior para estudar e trabalhar duro — diferente de alguém que passou os últimos três anos festejando, bebendo e desperdiçando tempo."

O sorriso de Adam se alargou, lento e deliberado, e o brilho de seu piercing no lábio captou a luz enquanto ele se inclinava contra o balcão. "Você está com ciúmes, Melon? É isso? Que tal eu levar você comigo da próxima vez?"

A expressão de Melanie se transformou em uma careta de puro nojo. "Não, obrigada. Eu preferiria passar esse tempo com Spencer."

Sua resposta foi uma risada baixa e zombeteira enquanto ele caminhava para trás, "Seu precioso Spencer. Bem, não vou impedi-la, Melanie. Ele estará aqui em breve, não é? Melhor continuar com esse bolo — você não iria querer decepcioná-lo."

Com um último sorriso irônico, Adam virou-se e saiu da cozinha, deixando para trás o leve aroma dele e uma Melanie perturbada. Por que aquele homem tinha que ser tão sarcástico?

Ela fechou os olhos, voltando-se para o bolo, seus movimentos mais lentos, mas mais concentrados agora. Ela não tinha tempo para desperdiçar com Adam e suas provocações. Sua mente precisava se concentrar no que importava — em Spencer, que finalmente estaria retornando para casa depois de todos esses anos. Logo, todos os seus problemas chegariam ao fim, e as provocações de Adam não significariam nada.

Três anos. Era quanto tempo ela tinha esperado por ele. Quando Spencer havia deixado o lar para perseguir seus sonhos no exterior, ela havia feito uma promessa — para ele e para si mesma — que cuidaria de tudo que ele deixou para trás. Sua família, suas responsabilidades, até mesmo o negócio em declínio que ele estava cansado demais para consertar sozinho. E agora que ele estava voltando, ela mal podia esperar para surpreendê-lo com tudo que havia conquistado.

Os lábios de Melanie se curvaram em um sorriso suave e agridoce enquanto as memórias a inundavam. A última vez que ela o vira foi no dia do casamento deles. E então ele se inclinou, roubando o creme do canto dos lábios dela com um beijo brincalhão. "Eu amo o sabor de manga e você."

Logo, ela lembrou a si mesma. Logo, ele estaria em casa, e voltaria para o que havia deixado para trás. Finalmente, o bolo estava pronto. Agora, tudo o que ela tinha que fazer era cortar outra manga e adicioná-la no coração...

Antes que ela pudesse fazer isso, uma empregada entrou correndo, "Senhora. Mestre Spencer está aqui."

Sem pensar duas vezes, ela largou a faca e correu para fora da cozinha, seu pulso acelerando a cada passo. Ele estava aqui. Ela absorveu a visão dele. Ele ainda era tão bonito.

Mas justo quando ela estava prestes a dar um passo à frente — justo quando ela teria pulado em seus braços — seus passos vacilaram. Ao lado dele, estava uma mulher... sua mão entrelaçada na dele.

E atrás deles, estavam os olhos zombeteiros de Adam Collins, seu atormentador e seu cunhado.