Anne havia jurado se afastar da família Beaumont, mas o destino tinha outros planos. Quanto mais ela tentava se libertar, mais se enredava—desta vez, com o irmão de Denis.
Augustine se inclinou e sussurrou em seu ouvido: "Estou com você. Não se preocupe."
Anne ofereceu um sorriso fraco, embora mal chegasse aos seus olhos. Ela desejava poder voltar no tempo e reescrever tudo. Mas era tarde demais.
Augustine deslizou um braço pela cintura dela, puxando-a para mais perto. Anne parou de respirar, seus olhos se arregalando. "Gostei dela no momento em que a vi," ele disse, seus olhos se fixando nos de Denis. "Então, eu a pedi em casamento. Ela disse sim. Vocês receberão nosso convite de casamento em breve."
O rosto de Denis se contorceu em um sorriso desdenhoso. "Casamento? Com ela? Hah!" Ele soltou uma risada. "Boa tentativa, Anne. Não conseguiu encontrar mais ninguém para me provocar, então escolheu meu irmão? Você realmente acha que eu cairia nessa? Você me ama há anos. Como poderia se casar com outra pessoa? Você é minha, minha namorada. Pare com essa bobagem e venha aqui."
Ele estendeu a mão em direção a ela, mas Augustine se colocou entre eles. Seu comportamento brincalhão evaporou, substituído por uma seriedade arrepiante.
"Ela não é mais sua namorada," ele disparou, empurrando Denis para trás. "Ela terminou com você. Supere isso."
Tania, que estivera observando silenciosamente o impasse, finalmente perdeu a paciência. A irritação passou por seu rosto enquanto puxava a manga de Denis. "Denis, minha barriga dói. Me leve para o quarto."
Denis a ignorou sem nem ao menos olhar para ela. Seu foco permaneceu fixo em Anne, a obsessão nublando seu julgamento. "Vou dizer pela última vez," ele advertiu. "Venha aqui e peça desculpas. Esquecerei tudo e perdoarei você."
"Você ainda quer que eu peça desculpas," Anne disparou com indignação. "Primeiro, eu nunca a empurrei. Se você está tão convencido de que eu fiz isso, por que não verifica as imagens de vigilância?"
Ela apontou um dedo para a câmera de segurança montada no canto do corredor, sua luz vermelha piscando silenciosamente.
A boca de Denis se abriu, mas Anne não lhe deu chance de falar. "Segundo," ela continuou friamente, "eu terminei com você. Acabou, Denis. Não há futuro para nós." Ela olhou para Augustine. "Vamos."
Augustine assentiu e segurou sua mão. Juntos, eles se viraram para sair.
Mas Denis não tinha terminado. "Você ainda é minha funcionária!" ele gritou, sua voz ecoando pelas paredes do hospital. "Eu ordeno que você volte para o escritório. Agora."
Anne parou no meio do passo, um sorriso lento e desafiador curvando seus lábios enquanto se virava para ele. "Sua funcionária?" O escárnio pingava de seu tom. "Você não verificou sua caixa de entrada. Enviei meu e-mail de demissão esta manhã. Você não é mais meu chefe. Não preciso mais seguir suas ordens."
"Você..." Denis deu um passo à frente, a raiva fervilhando em seus olhos.
"Denis." Tania puxou seu braço e o trouxe de volta.
Augustine riu. "Por que não se concentra na sua namorada em vez de assediar minha noiva?" Seu olhar se dirigiu claramente para Tania. "Ela parece inquieta. Não deveria estar cuidando dela? Leve-a de volta para o quarto."
"Noiva? Humph!" O rosto de Denis se contorceu em um sorriso feio. "Não me faça rir. Anne me ama há anos. Ela nunca ficaria com outro homem. Não se deixe enganar, Augustine. Ela está usando você para chamar minha atenção. Não consegue ver isso? Fique longe dela."
Ele estendeu a mão e agarrou o colarinho de Augustine, puxando-o para frente.
Mas Augustine não recuou. Em um movimento rápido, ele afastou as mãos de Denis e deu um passo à frente, sua expressão escurecendo. "Você é quem precisa ficar longe dela. Se vier atrás da Anne novamente, esquecerei que compartilhamos o mesmo sangue."
Segurando a mão de Anne, ele se afastou.
Denis deu um passo à frente, pronto para ir atrás de Anne e Augustine, mas seu assistente se apressou, com urgência estampada em seu rosto. "Sr. Beaumont, o presidente quer vê-lo imediatamente. É importante."
Denis pausou, apertando a mandíbula. Seu olhar permaneceu fixo no casal que desaparecia na esquina. 'Isso não acabou, Anne. Se você acha que se esconder atrás do Augustine vai mantê-la longe de mim, está completamente enganada.'
Seus olhos escureceram com fria determinação.
"Denis," a voz fraca de Tania interrompeu seus pensamentos ferventes. Ela apertou o estômago. "Minha barriga... está doendo."
Ele virou a cabeça em sua direção e olhou furiosamente para Tania, fazendo-a recuar. "Ela realmente empurrou você?" ele perguntou com desconfiança.
Tania empalideceu instantaneamente. "Você está me acusando de mentir? Por que eu mentiria?"
"É melhor você não estar mentindo," ele advertiu antes de caminhar pelo corredor com seu assistente se esforçando para acompanhá-lo.
"Denis..." Tania chamou atrás dele, mas ele nem sequer olhou para trás. Ela fechou os dedos com força, as unhas cravando nas palmas das mãos.
Enquanto Denis marchava em direção à saída do hospital, ele deu uma ordem ao seu assistente. "Pegue as imagens de vigilância da sala de espera. Quero saber se Anne realmente empurrou Tania."
"Sim, senhor," o assistente respondeu, já pegando seu telefone.
Denis saiu do hospital e dirigiu de volta para o escritório.
Depois que o médico terminou de fazer o curativo em seu ferimento, Anne e Augustine finalmente saíram da sala.
Anne diminuiu o passo e olhou para Augustine. "Obrigada pela sua ajuda."
Seu habitual sorriso brincalhão dançou em seus lábios. "Me agradecendo de novo? Proteger minha noiva é meu dever. Você não precisa me agradecer."
As bochechas de Anne ficaram de um rosa brilhante. Ela abaixou a cabeça, colocando o cabelo atrás da orelha. "Hum... desculpe por usá-lo daquele jeito mais cedo."
"Não me importo," ele disse quase imediatamente. "Na verdade, gosto da ideia."
Anne levantou os olhos para ele, confusa.
"Vamos nos casar."
O coração de Anne pulou, uma, duas vezes—e depois trovejou contra sua caixa torácica. "O quê?" ela soltou, olhos arregalados. Certamente, ela tinha ouvido mal.
"Estou falando sério, Anne," ele disse sinceramente. "Quero me casar com você."
Ar frio encheu seus pulmões enquanto ela tomava um fôlego profundo, seus ouvidos zumbindo. "Por quê? Quer dizer – por que eu? Por que você iria querer se casar com alguém como eu?"
O olhar de Augustine se tornou intenso enquanto ele recordava alguns incidentes do passado. Anos atrás, quando ainda era um menino, alguns bandidos o haviam sequestrado. De alguma forma, ele conseguiu fugir.
Enquanto fugia desses sequestradores, ele havia cruzado o caminho com Anne, corajosa além de seus anos. Ela o havia puxado para trás de uma pilha de caixotes em um beco estreito, salvando-o daqueles bandidos.
Ele nunca a esqueceu. Como poderia? Aquele momento havia se gravado em sua alma. A partir daquele dia, a gratidão se enraizou em seu coração. Ele queria retribuir, proteger a garota que uma vez o havia protegido.
Mas Anne estava com Denis. Então Augustine ficou afastado, observando das sombras. Depois de ver a ruptura entre eles, ele viu sua chance de finalmente ficar ao lado dela.
"Por que eu quero me casar com você não é importante," ele disse, mantendo o motivo em segredo. "O que importa é que você se beneficiaria deste casamento. Sei que Denis tem te traído com aquela atriz, Tania. Você não quer vingança? Sair de cabeça erguida? Mostrar a ele que você não precisa dele—que nunca precisou?"