Avery sentou-se graciosamente na beira do sofá, sua postura ereta e composta, mãos delicadamente dobradas em seu colo.
Isaac disse lentamente, "Você vai conhecer seus pais biológicos amanhã. Providenciei um motorista para levá-la até lá, e há presentes preparados para eles.
"Faz anos que você não vê sua família, então certifique-se de passar tempo com eles, de se acomodar. Não se preocupe com nada por aqui."
Avery assentiu, compreendendo. "Obrigada."
Isaac gesticulou para o contrato de transferência de propriedade sobre a mesa de centro. "Esta casa é um presente de despedida da sua mãe e de mim. Não é nova, mas foi bem conservada e está totalmente mobiliada. Espero que seja adequada para você."
Avery já havia dado uma olhada no contrato. A casa era seu lar de infância, um pequeno apartamento desgastado, mal adequado para se viver. Os Murphy o mantiveram, esperando lucrar com uma demolição ou como um lugar para parentes idosos. Agora, estavam oferecendo a ela como um gesto simbólico, já que nenhum desses planos tinha dado certo. Ela sorriu educadamente.
"Obrigada, Pai. Mas por favor, fique com a casa por enquanto. Eu avisarei se precisar dela."
Um lampejo de descontentamento cruzou o rosto de Isaac, e seu tom esfriou. "Tudo bem. Se você mudar de ideia, é só ligar para o Elias. Ele cuidará de tudo imediatamente."
Avery assentiu novamente para mostrar que entendia.
Após uma breve pausa, Isaac continuou, "Amanhã vai ser um dia agitado. Pedi à Mia para arrumar suas coisas. Descanse bem esta noite e saia cedo amanhã para não deixar seus pais esperando."
Avery não tinha certeza se seus pais biológicos estavam tão ansiosos quanto os Murphy para vê-la partir, mas ela podia perceber que Isaac e sua esposa certamente estavam.
Levantando-se, ela disse educadamente, "Obrigada, Pai. Vou descansar um pouco."
Sua atitude gentil e obediente pareceu agradar Isaac. Ele suspirou, fingindo arrependimento. "Avery, você é uma boa menina. Se meu filho há muito perdido não tivesse já uma namorada, eu teria adorado ver você como minha nora."
Avery conteve a vontade de agradecê-lo por poupá-la desse destino. Lembrando que Isaac não tinha sido totalmente cruel ao longo dos anos, ela ofereceu um simples boa noite e seguiu para o andar de cima.
Isaac a observou partir, com uma mistura de culpa e relutância em seu olhar. Ele estava surpreso com o quanto ela permanecia obediente, mesmo estando prestes a partir. Ele esperava resolver esse assunto rapidamente para que seus filhos verdadeiros pudessem finalmente se mudar.
Com esse pensamento, ele guardou os papéis, apagou as luzes e subiu as escadas.
No quarto principal, Regina Murphy andava nervosamente em seu luxuoso robe de seda. Quando Isaac entrou, ela imediatamente perguntou, "Então, o que Avery disse?"
"Ela não fez alarde," Isaac respondeu, descartando o assunto. "Ela recusou a casa, disse que pediria se algum dia precisasse."
Regina ficou surpresa. "Aquela casa velha pode estar um pouco deteriorada, mas ainda vale alguma coisa. Acho que ela apenas considera que está abaixo dela. Que ganância!"
Isaac franziu a testa. "Não acho que Avery seja assim."
Regina lançou-lhe um olhar afiado. "Estamos vivendo em uma mansão que vale mais de 60 milhões de dólares. Você acha que ela vai se contentar com uma casa que mal vale 200 mil?"
Ela então levantou a mão, exibindo seu anel de diamante. "Você sabe onde encontrei este anel de diamante Vision?"
"Não," Isaac disse com um suspiro de alívio. "Mas graças a Deus você o encontrou. Teria sido uma perda terrível."
"Mia o encontrou enfiado nas roupas de Avery enquanto arrumava as malas," Regina disse friamente. "Sempre mantivemos este anel trancado em nosso quarto. E adivinha quem o pegou? Avery. Aquela pequena ladra ingrata."
"Aposto que ela está apenas esperando uma desculpa para tirar mais de nós no futuro," Regina continuou com um tom duro em sua voz. "Precisamos proteger o que é nosso—para nossos próprios filhos. Não podemos dar mais nada a ela."