CAPÍTULO 3

Isaac balançou a cabeça, com decepção clara em seus olhos. "Todo aquele comportamento obediente e atencioso era apenas uma maldita encenação?"

"Absolutamente," Regina zombou, sua expressão contorcida com desdém. O afeto que ela uma vez teve pela garota que chamava de filha há muito havia desaparecido. Ela acrescentou: "Quando Zoe esteve aqui dois dias atrás, ela não parava de admirar este anel de diamante. Eu estava planejando dá-lo a ela assim que ela e Andrew ficassem noivos. Quem poderia imaginar que Avery o roubaria bem debaixo dos nossos narizes!

"Talvez você não soubesse, mas Zoe e Avery estudaram juntas — do ensino fundamental até o ensino médio. Zoe me contou que Avery era popular entre os garotos, e eles costumavam enchê-la de presentes caros. Ela nunca hesitava em aceitá-los."

"Vamos não nos aprofundar nisso," Isaac a interrompeu, relutante em manchar a memória da garota que eles uma vez haviam estimado. "Ela está indo embora em breve. Nós a criamos; devemos apenas deixar para lá," ele disse, tentando superar a amargura.

"Estou te avisando," Regina disse severamente. "Não dê a ela nem um maldito centavo. Pessoas pobres são como poços sem fundo. No momento em que elas experimentam dinheiro fácil, continuarão voltando por mais. Não podemos deixar isso acontecer."

Isaac assentiu. "Não se preocupe. Serei cordial, mas ela não verá um tostão meu."

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Enquanto o casal tramava para manter Avery afastada, ela estava em seu quarto quase vazio, olhando para sua bagagem arrumada, quase rindo. Cinco malas estavam empilhadas perto da porta — duas cheias de roupas, uma com sapatos, outra com bolsas, e a última com produtos para a pele e joias, nenhuma delas valendo mais de cinco dígitos. Todas as coisas realmente caras tinham ido embora, mas ela não se importava.

Ela pegou algumas roupas e seu tablet, colocando-os em uma bolsa menor. Rabiscando um bilhete, ela o leu em voz alta para si mesma: "Estou indo embora. Não se preocupem e não sintam minha falta!" Ela colocou o bilhete em sua mesa e saiu silenciosamente do quarto.

Avery deixou para trás tudo o que a família Murphy já havia lhe dado. Enquanto ela passava pela sala de estar escura e vazia, colocou suas chaves e o cartão da casa no armário ao lado da porta. Sem olhar para trás, ela saiu e se dirigiu para seu modesto carro preto — aquele que ela comprou com seu próprio dinheiro, sem um centavo dos Murphy.

Uma vez dentro do carro, Avery pegou seu telefone e discou um número. Quando a chamada foi atendida, ela disse: "A partir de agora, cancele todos os contratos com o Grupo Murphy."

Houve um momento de silêncio atônito antes que o telefone explodisse com vivas animados.

"Finalmente! Você parou de ser capacho deles!"

Avery riu suavemente. "Sinto muito pelo incômodo que causei. Mas a partir de hoje, estou oficialmente fora daquela família. Eles não são mais nosso problema."

Risadas soaram do outro lado da linha. "Todo mundo está aqui! Venha comemorar conosco!"

O som de risadas e vivas jorrou pelo telefone, inundando os ouvidos de Avery. O barulho ficou mais alto.

"Claro que sim! Parabéns por tomar a decisão certa e cortar laços com o Grupo Murphy! Primeira coisa amanhã, vou contatá-los e encerrar todas as parcerias deles com o Grupo V. Mesmo que eles venham implorando, não vamos recuar," eles acrescentaram, com entusiasmo evidente.

Avery fez uma careta com o barulho, esfregando as têmporas. "Estou dirigindo. Conversamos depois," ela disse, engatando o carro.

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Ela não tinha ideia de que, do outro lado da rua da vila, um SUV estava estacionado sob as árvores, à espreita como um predador, observando silenciosamente cada movimento seu.

Era Alexandre. Momentos depois que ela partiu, Alexandre no SUV emitiu uma ordem seca.

"Siga aquele carro. Mantenha-se fora de vista."

"Sim, senhor," seu secretário Louis Connor respondeu, seguindo suavemente o carro de Avery a uma distância segura, confiante de que ela não notaria.

Depois de um tempo, a curiosidade venceu Louis. Ele olhou pelo retrovisor e perguntou: "Sr. Moran, o senhor voltou para casa e voou até a cidade. Lembro que seu objetivo era encontrar Isaac pessoalmente e verificar como ele conseguiu os direitos exclusivos de distribuição do West End do Grupo V. Mas assim que aquela garota apareceu, o senhor mudou seu foco para ela. Está interessado nela?"

Interiormente, ele pensou, Se o Sr. Moran algum dia demonstrasse interesse por uma mulher — caramba, seja ela de dezoito ou trinta e oito anos — eu ficaria tão grato. Provavelmente cantaria aleluias.

Alexandre permaneceu em silêncio, braços cruzados, olhos fechados, completamente impassível diante da pergunta.

Mas Louis, persistente como sempre, não conseguia deixar o assunto de lado. "Ela costumava ser a menina de ouro da família Murphy. Agora, ela mudou seu nome para Avery Carter. Duas semanas atrás, ela fez o SAT; na semana passada, descobriu que não era filha biológica de Isaac, e hoje, ela deveria conhecer sua família verdadeira.

"Pelo que ouvi, ela é bem-comportada, educada e bastante discreta. Além de ser incrivelmente linda e uma aluna exemplar, não há nada mais que se destaque. Então, por que o interesse repentino?"

Alexandre permaneceu em silêncio, apenas alimentando a curiosidade de Louis.

"Não quero ser intrometido, mas o acordo de distribuição exclusiva do Grupo Murphy com o Grupo V está prestes a expirar. Se não o garantirmos agora, teremos que esperar mais três anos. E não podemos adiar o tratamento de Lucy por mais tempo. Precisamos encontrar a Dra. Annie através dos Murphy."

Finalmente, Alexandre falou, sua voz fria. "Você está comigo há anos e ainda não vê o que a torna diferente?"

Louis piscou surpreso, levando um momento para perceber que Alexandre estava falando sobre Avery. Ele reproduziu as ações dela em sua mente, tentando descobrir o que poderia fazê-la se destacar. Apesar de seus melhores esforços, ele não conseguia identificar nada e teve que admitir a derrota.

"Além da aparência dela, não vejo nada de especial. Por favor, me esclareça," Louis disse, com um toque de curiosidade em sua voz.