CAPÍTULO 11

Avery ficou comovida com a ideia de salvar centenas de crianças e pacientes idosos. Ela não podia ignorar um ato como aquele. Fechando o relatório médico, ela perguntou: "Onde ele está agora?"

Dois minutos depois, Avery se encontrou na sala de recepção do primeiro andar, frente a frente com ninguém menos que o lendário Alexander Moran. Ela não pôde deixar de pensar: "É realmente ele? Ele é ainda mais impressionante pessoalmente. E parece tão jovem!"

Avery notou que ele parecia apenas três ou quatro anos mais velho que ela, mas havia algo nele — uma aura de autoridade, uma mistura de maturidade e calma — que o fazia parecer mais velho do que realmente era. "Mas sério, por que diabos ele está usando um chapéu bucket indoors no meio do verão?", ela pensou, divertida com sua escolha estranha.

Enquanto isso, Alexander também a estava avaliando, com um olhar firme e analítico. De perto, Avery era ainda mais deslumbrante. Suas feições delicadas combinavam com uma pele impecável e radiante. Seus olhos grandes, emoldurados por cílios longos, eram brilhantes e expressivos, dando-lhe uma graça felina. Uma testa lisa, um nariz perfeitamente esculpido e lábios cheios e rosados completavam sua aparência impressionante.

Cada detalhe de sua beleza era perfeito, e Alexander finalmente entendeu por que Louis sempre a elogiava tanto. Louis não estava exagerando.

Seus olhares se encontraram em um olhar intenso, nenhum dos dois piscando, como dois cervos pegos pelos faróis. O momento pareceu se arrastar até que Louis apareceu silenciosamente com dois copos de água, limpando a garganta alto o suficiente para tirá-los daquele transe.

A voz de Alexander era calma e educada, mas com um tom que sugeria que ele não era alguém com quem você gostaria de se meter. "Prazer em conhecê-la, Senhorita Carter. Por favor, sente-se", ele disse.

Avery piscou e murmurou: "Obrigada", antes de se sentar à sua frente na mesa de conferência. Alexander a imitou, tomando seu lugar com a mesma postura composta. Louis colocou um copo de água na frente de cada um deles antes de se retirar para o canto, ficando lá como uma espécie de guarda-costas silencioso.

Os olhos de Alexander estavam fixos nos de Avery, calmos e penetrantes.

"Senhorita Carter", Alexander começou, com um tom medido e deliberado, "entendo que a Dra. Annie mencionou que você deveria contatá-la se sua avó tivesse alguma preocupação pós-cirúrgica. Gostaria de pedir se você poderia contatá-la em meu nome e ver se ela estaria disposta a tratar minha irmã."

Alexander lembrou que a equipe do hospital havia mencionado que a Dra. Annie tinha entrado em contato pessoalmente para realizar a cirurgia na avó de Avery. Embora os motivos não estivessem claros, ele suspeitava que a conexão de Avery com Annie poderia ajudar.

Avery ergueu uma sobrancelha. "Você não tem as informações de contato da Dra. Annie? Por que não entrar em contato você mesmo?"

Alexander permaneceu calmo. "Enviei inúmeros e-mails, mas ela não respondeu."

Avery balançou levemente a cabeça. "A Dra. Annie é muito exigente. Ela deixou claro que não aceitará novos pacientes por um ano. Mesmo que eu peça, duvido que ela concorde."

"Eu ouvi falar", respondeu Alexander, mantendo sua compostura. "Mas se a Dra. Annie concordar em tratar minha irmã, darei a ela o modelo mais recente do Miracle 3.0 — que nem sequer chegou ao mercado ainda — como um sinal da minha gratidão."

O interesse de Avery foi despertado ao ouvir sobre o Miracle 3.0. Notando sua mudança de expressão, Alexander continuou: "O Miracle 3.0 não é apenas à prova de terremotos, colisões, quedas e impactos. Agora também é à prova d'água. Pode alternar entre um SUV e um sedan, e só existe um deles no mundo agora."

Os olhos de Avery se arregalaram, e ela soltou um suspiro suave. Um carro como aquele melhoraria drasticamente as chances de qualquer pessoa em uma emergência. Ela sempre quis um carro Miracle, mas com apenas 100 produzidos por ano, eles eram quase impossíveis de conseguir. O processo de reserva era um pesadelo, exigindo tantas informações pessoais que ela não estava disposta a compartilhar.

O sorriso sutil de Alexander se alargou ao observar sua reação.

"Senhorita Carter", Alexander insistiu, "se você pudesse me ajudar a entrar em contato com a Dra. Annie, eu ficaria incrivelmente grato. Mesmo que ela diga não, eu lhe deverei um favor. Mas se ela concordar, eu ficaria em grande dívida com você. Confie em mim, sua ajuda não passará despercebida."

O que Alexander não mencionou foi que qualquer pessoa que o contrariasse rapidamente se arrependeria.

Enquanto Avery refletia sobre seu pedido, ela olhou para cima, perguntando-se se valia a pena ter Alexander lhe devendo um favor. Com suas poderosas conexões e habilidades impressionantes, uma parceria futura poderia definitivamente funcionar a seu favor.

Alexander fez um aceno sutil para Louis. Enquanto ela ponderava suas opções, Louis se adiantou com um aceno respeitoso. "Senhorita Carter, tenho os registros médicos da Srta. Lucy Moran prontos. Gostaria deles em cópia física ou digital?"

Avery ficou atônita. O nome a atingiu como uma onda de reconhecimento. "A Lucy Moran? A gênia dos negócios?", ela pensou surpresa.

Avery admirava Lucy há anos e tinha acompanhado sua incrível ascensão ao sucesso. Se ela já teve um modelo a seguir, Lucy era esse modelo. Mas Lucy havia desaparecido da vida pública anos atrás. Avery não tinha ideia de que ela estava doente, muito menos que era irmã de Alexander.

Após um breve momento de reflexão, Avery decidiu. "Documentos escritos seriam melhores."

Louis imediatamente tirou um pacote cuidadosamente selado de sua pasta e o colocou respeitosamente à frente dela. "Obrigado, Senhorita Carter, por ajudar o Sr. e a Srta. Moran."

Com um toque de preocupação, Louis acrescentou: "Peço desculpas se isso for um inconveniente, mas a situação da Srta. Moran é extremamente delicada. Se a notícia vazar, poderia ter sérias repercussões para o Sr. Moran e o Grupo Moran. Por favor, certifique-se de que os registros sejam destruídos depois que terminar com eles."

"Não precisa se preocupar com isso", respondeu Avery seriamente. "Apenas a Dra. Annie verá esses arquivos médicos."

Alexander olhou para seu relógio. "Certo, nossos dez minutos acabaram. Obrigado novamente, Senhorita Carter. Até nosso próximo encontro." Ele se levantou e ofereceu sua mão a Avery.

Enquanto ela se levantava, não pôde deixar de notar como a mão dele era perfeita — uma combinação impecável de proporção e graça, quase como uma obra de arte. Levou alguns segundos para Avery sair desse transe antes de estender sua própria mão para encontrar a dele.

Quando suas mãos se tocaram, ela sentiu uma faísca sutil, um leve choque elétrico que formigou pelo seu braço direito. "Quantos miliamperes isso poderia ser?", Avery se perguntou, divertida apesar da situação. "Um? Dois? Talvez três?"

Enquanto isso, Louis, parado de lado, estava lutando para conter seu choque. Ele ajustou seus óculos, olhos arregalados de incredulidade.

O Sr. Moran iniciou um aperto de mão com ela. E durou mais de um segundo? Todos que conheciam Alexander sabiam o quanto ele odiava contato físico. Mesmo quando um aperto de mão era esperado, seus cumprimentos eram sempre breves — nunca durando mais de um segundo. Mas hoje, parecia, ele havia feito uma exceção para Avery.

Louis contou mentalmente os segundos. Um, dois, três, quatro... O Sr. Moran segurou por quatro segundos antes de soltar, pensou ele, atordoado.

Quando Alexander soltou a mão de Avery, ele lhe deu um pequeno aceno antes de se virar para sair. Ao passar, ela sentiu um leve aroma refrescante que achou estranhamente atraente.

Fora do hospital, Alexander colocou sua máscara e olhou para sua mão.

Ajustando seus óculos, Louis perguntou cautelosamente: "Sr. Moran, você está planejando não lavar as mãos hoje?"

Alexander lançou-lhe um olhar frio. "Que diabos você está tentando dizer?"

Um brilho travesso refletiu nos óculos de Louis. "Sua mão ainda carrega o calor e o perfume da Senhorita Carter."

"Se você não está se sentindo bem, vá ver um médico", respondeu Alexander friamente, enfiando a mão no bolso enquanto se afastava.

De volta à ala VIP, Avery pegou os registros médicos de Lucy, examinando cuidadosamente cada detalhe. Os registros revelaram que cinco anos atrás, Lucy havia sofrido um acidente de carro catastrófico. Sua cabeça foi atingida primeiro e depois esmagada sob o veículo. Embora a cirurgia de emergência tenha salvado sua vida, as graves fraturas no crânio causaram danos irreparáveis ao seu cérebro, deixando-a em coma prolongado.

O acidente também deixou seu rosto gravemente desfigurado. Nos últimos cinco anos, Lucy havia passado por mais de vinte cirurgias para restaurar parcialmente sua aparência e melhorar a condição das fraturas do crânio. No entanto, vários fragmentos ósseos permaneciam alojados em seu tecido cerebral.

Um fragmento, em particular, estava perigosamente próximo ao seio transverso, onde até o menor movimento poderia causar sangramento fatal. A cirurgia necessária para remover esses fragmentos era extremamente complexa e arriscada, e nenhum médico havia se disposto a realizá-la. Adiar o procedimento aumentava o risco de Lucy cair em estado vegetativo — ou pior, morte cerebral.

Avery avaliou a condição crítica de Lucy ao examinar os registros médicos. Mesmo a Dra. Annie admitiria que esta cirurgia é difícil, pensou Avery, dividida entre se envolver ou ficar de fora.

Imersa em pensamentos, ela pegou seu telefone e começou a procurar notícias sobre o acidente de carro de Lucy. Como Alexander mencionou que o incidente estava sendo mantido em sigilo, não foi surpresa que nenhuma informação detalhada estivesse disponível online.

No entanto, ela encontrou alguns artigos esparsos sobre um grande desentendimento entre Lucy e o conselho de administração do Grupo Moran cinco anos atrás. O conselho havia emitido um ultimato público: se Lucy não renunciasse a todos os seus cargos, eles transfeririam a maioria de suas ações para seus rivais dentro da Família Moran.

À medida que o prazo do conselho se aproximava, Lucy desapareceu sem deixar rastros, deixando apenas alguns documentos. Esses papéis revelaram que ela havia concordado com a maioria das exigências do conselho, mantendo apenas sua posição de diretora e transferindo 12% de suas ações para Alexander, enquanto mantinha apenas 3% para si mesma. Depois disso, ela desapareceu da vida pública, e Alexander assumiu o cargo de CEO do Grupo Moran.

Nos anos que se seguiram, circularam rumores de que Lucy havia morrido, mas nenhuma evidência jamais surgiu.

Enquanto Avery analisava os relatórios, sua mente trabalhava rapidamente. Lucy deve ter visto o perigo chegando e garantiu que seu irmão estivesse preparado para o sucesso, Avery raciocinou internamente. Ela também notou que Alexander havia lançado a marca "Miracle" por volta da mesma época. Será que o acidente de sua irmã alimentou sua obsessão em criá-la? ela se perguntou.

"A confusão complicada das famílias ricas...", suspirou Avery, colocando seu telefone de lado. Pelo menos Lucy era uma irmã leal, e Alexander parece ter sido igualmente dedicado a ela. Tenho que admitir, isso é algo que respeito, pensou ela.

"Mas devo assumir a cirurgia de Lucy?"

Após um momento de hesitação, ela tirou uma foto dos registros médicos de Lucy e enviou para um grupo de chat chamado "Dra. Annie", com a mensagem:

[Tenho uma paciente de alto risco aqui, e a recompensa é um Miracle 3.0. Quem topa?]

Avery era, na verdade, a elusiva Annie. Mas Annie não era apenas ela — era um pseudônimo para toda a sua equipe médica.