"P-por favor, me diga que isso é algum tipo de piada, Irene?" Elena perguntou, afastando-se lentamente de sua serva real. Ela envolveu os braços com mais força ao redor do peito enquanto o pensamento de ser banhada pelo Rei passava por sua mente. Ela gritou, temendo isso. Mas por alguma razão, uma sensação de formigamento se formou no fundo de seu estômago. Como se ela secretamente quisesse ser banhada pelo Rei?
Impossível!
"Honestamente, não é uma piada, minha Rainha," Irene afirmou calmamente. "Embora não seja obrigatório ser banhada por mim pelo resto da sua vida, é tradição que a esposa do Rei seja banhada e mimada por pelo menos uma semana, seja pelo marido ou por um servo real, após o casamento."
"Sim, você ainda não se casou com o Rei, mas ele insistiu. E eu não posso desobedecer ao Rei," Irene acrescentou, explicando a situação da forma mais simples possível.
Elena nem sabia como reagir depois de ouvir isso. Ela simplesmente ficou parada, olhando para Irene como se ela tivesse crescido duas cabeças. Sua mente estava em branco. Como ela iria escapar disso?
Por que um reino tão grandioso teria uma tradição tão boba? Como tal tradição ajudaria o Reino a crescer de alguma forma?
Elena passou as mãos pelo cabelo enquanto um suspiro cansado escapava de sua boca. Ela lançou um olhar para Irene antes de voltar seu olhar para o chão, tentando pensar em maneiras de contornar essa loucura. Infelizmente, nada veio à sua mente. Ela já estava casada com o Rei Killian no papel, então não havia motivo para ela não seguir a tradição. Além disso, se o Rei Killian havia tomado essa decisão, não havia como ela desobedecê-lo.
Elena poderia facilmente dizer a Irene para encobri-la e apenas deixá-la tomar banho sozinha, mas pelo que ela havia descoberto até agora, estava claro que Irene tinha muito medo do Rei e nem sequer ousaria desobedecê-lo.
Soltando um suspiro derrotado, Elena murmurou. "Tudo bem, você pode me ajudar a tomar banho." Suas pequenas mãos que envolviam seu peito caíram ao lado enquanto ela se lamentava silenciosamente. Ela não gostava disso. Seu corpo era dela, ninguém deveria vê-lo. Mas ter Irene banhando-a era muito melhor do que ter o Rei Killian banhando-a.
Bem, pelo menos as cicatrizes em suas costas já haviam se curado.
Após o consentimento de Elena, Irene a conduziu ao espaçoso banheiro do Rei Killian. Ela não havia entrado no banheiro antes e só conseguiu encontrá-lo porque o Rei Killian havia lhe dado as instruções anteriormente. Então, quando ela abriu a porta, seu queixo caiu. Seus olhos se arregalaram de surpresa, a expressão em seu rosto espelhando a de Elena. Ambas estavam maravilhadas.
"I-isso é para ser o banheiro?" Elena perguntou enquanto caminhava mais fundo no banheiro de Killian, um lugar grande o suficiente para ser confundido com uma sala de estar.
Como esperado, vermelho e preto permaneciam as cores proeminentes no espaço, mas o banheiro não era tão assustador quanto o quarto. Na verdade, embora escuro, parecia mágico tanto para Elena quanto para Irene.
Uma banheira moderna e elegante com veios semelhantes a mármore vermelho, colocada em uma plataforma branca, foi a primeira coisa que capturou os olhos de Elena. Era grande o suficiente para conter três pessoas, e o design... era simplesmente impossível de ignorar. Era incrível.
Além disso, os pisos e paredes eram revestidos de mármore preto brilhante com listras vermelhas profundas. Flores, espelhos de corpo inteiro, uma área de vaidade e até mesmo outra banheira, estavam posicionados perfeitamente em seus espaços. Havia muitas coisas bonitas no banheiro, algumas que Elena nem conseguia entender. Como a grande tela preta flutuante à frente.
"Minha Rainha, gostaria de assistir a alguns programas enquanto toma banho?" Irene perguntou no momento em que percebeu que Elena estava absorta na tela da televisão.
"Alexa, por favor, ligue a televisão," Irene ordenou.
"Televisão ligando." Uma voz robótica soou.
Os olhos de Elena se arregalaram de choque enquanto um suspiro quase silencioso deixava sua boca. "O que acabou de acontecer?" Ela pensou consigo mesma, achando difícil entender como aquela coisa preta flutuante se transformou em uma televisão e como Irene conseguiu ligá-la sem um controle remoto.
Além disso, quem diabos era Alexa?
Claro, Elena sabia o que era uma televisão, mas ela não esteve por perto para testemunhar a evolução da tecnologia ao longo dos anos. O que ela se lembrava era de um plasma e não de alguma tela preta flutuante.
"Alexia, por favor, desligue a televisão." Elena falou, seus olhos dilatando-se em descrença enquanto ela olhava para a tela.
"Desligando a TV," Alexa respondeu.
"Uau," Elena murmurou, um pequeno sorriso se formando em seu rosto. Ela não era burra, então conseguiu entender rapidamente o que estava acontecendo, e mal podia esperar para experimentar tantas novas tecnologias em breve.
Depois de despejar muitas ervas e líquido na banheira, Irene finalmente caminhou até Elena para ajudá-la a tirar o vestido. Ela lutou por um tempo até que Elena finalmente cedeu e tirou o vestido, expondo uma estrutura esbelta muito bonita.
Após tantos elogios e cumprimentos de Irene, Elena foi finalmente conduzida à água cheia de rosas. Ela soltou um suspiro suave enquanto afundava na água fresca, sentindo o rico aroma de rosas e morangos. Ela fechou os olhos, permitindo que as mãos suaves de Irene fizessem o trabalho.
Elena se sentiu calma e relaxada e não pôde deixar de se repreender internamente por ter sido tão tímida e assustada no início. Ser banhada não parecia tão ruim. No entanto, ela definitivamente nunca permitiria que o Rei Killian a banhasse. Nunca.
Depois do que pareceu uma hora de limpeza profunda, Elena se levantou e desceu da banheira. "Obrigada," ela murmurou para Irene, que imediatamente a cobriu com um roupão.
"É uma honra, Rainha Elena."
Ao chegar ao quarto, Irene também ajudou Elena a se vestir. Ela a ajudou a colocar uma bela camisola, arrumou seu cabelo e depois ajudou a passar um creme cicatrizante nas cicatrizes do rosto da Rainha.
"Tenha uma boa noite, minha Rainha," Irene cumprimentou, ao que Elena respondeu com um aceno de cabeça antes de Irene deixar o quarto.
Elena sentou-se na beira da cama, ainda absorvendo o ambiente. Por um momento, ela se permitiu respirar, esquecendo as coisas loucas que haviam acontecido no espaço de setenta e oito horas. No entanto, um forte sentimento de frustração logo borbulhou dentro dela quando se lembrou por que estava no quarto do Rei.
Ela realmente não queria compartilhar uma cama com ele. Ela nunca concordou com isso. Por quanto tempo isso continuaria? E se houvesse outras tradições malucas?
Elena fechou os olhos por um momento, respirando trêmula. Ela teria que enfrentá-lo. Não havia como escapar do momento.
Elena esperou por um tempo, seu coração martelando no peito enquanto imaginava o Rei entrando no quarto a qualquer momento. Suas mãos agarraram os lençóis, enquanto ela tentava acalmar seu coração acelerado. Ela estava pintando tantos cenários de como a noite seria em sua cabeça. Infelizmente, os cenários só a deixavam mais nervosa, pois todos terminavam com sua cabeça rolando de seu pescoço depois de irritar o Rei.
Elena soltou um suspiro profundo enquanto se posicionava adequadamente na cama, deitando-se muito perto da borda. "Talvez ele durma em seu escritório," ela disse depois de notar o quanto a noite havia avançado. Ela esperou mais alguns minutos antes de se entregar ao sono.
No entanto, apenas dez minutos depois, a porta se abriu com um clique suave, e o Rei Killian entrou, sua figura alta projetando uma longa sombra pelo chão. Seu olhar varreu o quarto uma vez, instintivamente, antes de pousar na cama. Lá estava ela. Sua pequena companheira.
Elena estava encolhida perto da beirada, como se o resto da cama não pertencesse a ela. Como se mesmo dormindo, ela estivesse tentando manter distância dele. Seus braços estavam dobrados sob sua cabeça, suas sobrancelhas levemente franzidas, e mechas de cabelo haviam escapado para roçar sua bochecha.
Ele ficou lá por um tempo, imóvel, preso entre a amargura do que o contrato significava. Ele franziu a testa. Como deveria começar isso?
Sem dizer uma palavra, o Rei Killian caminhou até a beira da cama, agachou-se perto de Elena, seus olhos afiados fixos em seu rosto, absorvendo cada pequeno detalhe. "Meu precioso pequeno preço." Ele murmurou suavemente enquanto afastava as mechas de cabelo que cobriam o rosto de Elena.
Ele não sentiu nada enquanto olhava para ela. Sem emoções. Sem sentimentos. Nada. Apenas pura escuridão. Uma escuridão na qual ele se deleitava.
"Não posso acreditar que tenho a chave para quebrar minha maldição bem aqui comigo." O Rei Killian acrescentou, enquanto começava a acariciar suavemente a bochecha de Elena. Ele fez uma pausa, endireitando o travesseiro dela antes de continuar. "Uma dama tão suave. Que pena que sua morte tenha que ser a chave para quebrar minha maldição."
O Rei Killian se inclinou mais perto, inalando o doce aroma de sua companheira. Ele se afastou e olhou para o pescoço dela por alguns segundos—um lugar que ele acabara de cheirar. E pela primeira vez em séculos, ele sorriu maliciosamente.
Algo na terra finalmente agradou ao Deus da Morte!
O Rei Killian se levantou, caminhou lentamente para o outro lado e então se deitou na cama. Então, lentamente, ele a alcançou, seu braço deslizando ao redor da cintura fina dela, o calor do corpo dela penetrando através do tecido fino de sua camisola.
Elena se mexeu levemente, suas sobrancelhas se contraindo em leve protesto, mas ela não acordou.
Com um puxão firme, o Rei Killian puxou Elena para perto, guiando o corpo dela para o espaço ao lado dele até que ela ficasse contra seu peito.
Ele ainda não sentia nada mesmo com um contato tão próximo. Ele estava frio como gelo.
"Encontre-a, faça-a se apaixonar por você, acasale-se e então mate-a na noite da lua eclipse. Só então a maldição sobre você será quebrada." Estas foram as palavras de uma bruxa há muitos anos. Era a única maneira de quebrar a maldição do Rei.
O Rei Killian não pôde deixar de soltar um baixo rosnado de aprovação ao imaginar como seria quando sua maldição fosse quebrada. Como ele amaldiçoaria o caos e desencadearia o inferno na terra. O pensamento disso trouxe outro sorriso malicioso ao rosto de Killian, mas desapareceu quase imediatamente quando ele se lembrou do motivo de Xavier.
O Rei Killian já tinha a dolorosa tarefa de fazer Elena se apaixonar por ele. Como ele iria impedir Xavier de enlouquecer Elena ao ponto de ela se matar antes daquela noite?
O Rei Killian poderia facilmente ter matado Xavier, pois ele era uma ameaça, mas isso só levaria à sua morte... um lado cruel de sua maldição.
Ele iria lidar com Xavier o mais rápido possível, mas primeiro, ele tinha que se concentrar na tarefa mais importante.
"Como vou fazer minha pequena companheira se apaixonar por mim?"