Elena entrou em seu quarto matrimonial e com um suspiro alto, jogou-se na cama macia, seu olhar fixo no teto alto. Ela gemeu, passando os dedos pelo cabelo em angústia. "O Rei Killian é tão confuso." Ela murmurou para si mesma, rolando preguiçosamente na cama. "É difícil saber o que ele está pensando ou o que ele quer exatamente," ela acrescentou.
Se o Rei Killian fosse realmente frio e cruel como os rumores o pintavam, por que ele se importaria se ela estivesse tentando evitá-lo? Por que ele não estava bem com ela tentando se esconder dele? Se ele realmente fosse um homem sem emoções, então ele deveria estar grato por Elena tentar evitá-lo—afinal, não era isso que pessoas sem emoções queriam? Distância. Silêncio. Desapego?
"Argh." Elena gemeu novamente. Se ela não derretesse com a proximidade, seu cérebro definitivamente iria explodir tentando entendê-lo.
"Não. Eu não deveria pensar em tudo isso." Ela disse, levantando-se da cama, olhos cheios de uma determinação recém-descoberta. "Além de planejar minha vingança, também preciso me preparar para meu casamento próximo entre Killian e eu," Seu olhar caiu, a determinação em seus olhos agora substituída por medo e incerteza.
Pela primeira vez em anos, Elena iria conhecer outras pessoas, e não apenas seis a dez pessoas, ela iria desfilar pela cidade inteira. E se eles não gostassem dela? E se eles achassem que ela é indigna do Rei e então começassem a humilhá-la? E se ela de alguma forma irritasse o Rei Killian naquele dia e ele a matasse?
"Elena, tente ser positiva pelo menos uma vez." Uma vozinha a repreendeu no fundo de sua mente, e ela suspirou. Sim, talvez a voz estivesse certa. Ela deveria ser positiva. Mas, não era tão fácil, considerando tudo o que havia acontecido com ela no passado.
"Alexa, toque uma música agradável e calmante," Elena disse.
"Tocando música," Alexa respondeu, e quase imediatamente, uma música agradável e lenta começou.
Elena sorriu. Isso ajudaria a limpar seus pensamentos de tudo. Felizmente, já fazia mais de uma semana e Irene não precisava mais banhá-la, o que significava que ela poderia aproveitar seu tempo sozinha no banheiro. Sem ofensa a Irene, ela é muito boa em seu trabalho, mas às vezes é um pouco tagarela demais. Naquele momento, o que Elena precisava era de espaço—um momento para respirar, para mergulhar no calor da água sem conversa, sem olhos observando cada movimento seu, apenas silêncio e o conforto de estar sozinha.
Depois do longo banho, Elena decidiu que era melhor ir ler na biblioteca, e como ela não sabia onde ficava, teve que chamar Irene, que alegremente correu para seu resgate. "Por favor, siga-me, minha Rainha." Irene gritou, e então envolveu sua mão ao redor do cotovelo da Rainha e começou a puxá-la enquanto contava histórias sobre como havia passado seu dia.
Elena não pôde deixar de suspirar, agora arrependida de ter ordenado que Irene fosse livre ao seu redor. Ela era literalmente uma máquina de falar. Como alguém poderia falar por tanto tempo sem se cansar? E como ela sempre tinha algo a dizer?
Logo elas chegaram à biblioteca, suas portas imponentes se erguendo à frente como a entrada de um templo sagrado. O cheiro de papel envelhecido e madeira polida saiu no momento em que Irene empurrou as pesadas portas.
A respiração de Elena falhou levemente—não por causa da conversa interminável de Irene, mas porque o lugar era deslumbrante. Prateleiras altas se estendiam até o teto, repletas de livros de todos os tamanhos e cores. A luz do sol entrava pelas janelas, lançando raios dourados pelo chão de mármore. Desta vez, o lugar não foi projetado ou pintado apenas com vermelho e preto, era todo branco. Limpo e arrumado.
Irene continuou falando, é claro, agora contando sobre como uma vez ela se perdeu na seção de remédios à base de ervas, mas Elena mal a ouvia. Ela entrou, sentindo como se tivesse acabado de entrar em um novo mundo. "Este lugar é incrível," Ela murmurou.
"Sim, é." Irene sorriu. Por um momento, Irene ficou quieta observando cada expressão da Rainha enquanto ela estudava a biblioteca com admiração antes de perguntar: "Minha Rainha, o que gostaria de ler?"
Elena pausou, tomando seu tempo para pensar sobre isso por um tempo antes de dizer: "História antiga."
Os olhos de Irene brilharam de excitação. "Ah! Essa é boa! Temos uma seção inteira dedicada a isso—pergaminhos, livros, até registros antigos escritos pelos primeiros escribas reais!" Ela puxou suavemente a manga de Elena. "Venha, vou lhe mostrar."
Elena a seguiu pelos corredores, seus passos ecoando suavemente pelo chão de mármore. Quanto mais fundo iam, mais silencioso ficava, até que tudo o que se podia ouvir era o distante farfalhar de páginas e o ocasional tremular de luz de velas. Finalmente, elas chegaram a um canto isolado.
"Esta," Irene disse, seu tom mal acima de um sussurro. "é a parte mais antiga da biblioteca. Alguns desses livros não são abertos há décadas." Ela deu um passo para o lado, deixando Elena tomar a frente.
Elena estendeu a mão e passou os dedos pela lombada rachada de um livro que parecia mais velho que o próprio palácio.
"Estarei logo ali se precisar de mim," Irene disse, sua voz finalmente baixando para um silêncio respeitoso. "Aproveite, minha Rainha."
Elena assentiu, seus olhos já fixos no livro desgastado com o título: A Primeira Era: O Início dos Seres Sobrenaturais.
Elena sorriu, animada com o que estava prestes a ler, mas o sorriso desapareceu quase imediatamente quando percebeu que não conseguia entender algumas palavras no livro. Não, ela na verdade não conseguia ler. Seus ombros caíram enquanto ela mordia o lábio inferior em dor. Como foi tola em vir à biblioteca quando não abria um livro há anos. Ela só conseguia entender algumas palavras.
Elena sentiu um rubor de vergonha subir pelo pescoço, seus dedos apertando as bordas do livro. Com um suspiro suave, ela colocou o livro de volta na prateleira antes de dizer: "Vamos, Irene, vamos embora. Não estou mais com vontade de ler."
Enquanto isso, um jovem guarda estava do lado de fora do escritório do Rei Killian, escutando a conversa que ele estava tendo com seu Beta. Ele era jovem, novo e curioso. Ele queria saber se os rumores sobre ele ser o Deus da Morte eram verdadeiros. Mas, mais importante, ele estava empolgado.
Ele não podia acreditar que tinha que trabalhar como guarda no palácio do maior Rei. Graças à deusa da lua por tornar isso possível, por conceder-lhe a honra de estar tão perto do poder, do perigo, da própria lenda—Rei Killian, o homem sobre quem se sussurrava em toda a cidade e temido nos campos de batalha.
Um suspiro abafado escapou da boca do Guerreiro Gabriel depois de ouvir informações estranhas do Rei. "Isso significa que o casamento entre o Rei e a Rainha é baseado apenas em um contrato?" Ele pensou. Sem perder tempo, o Guerreiro Gabriel ligou mentalmente essa informação ao seu amigo.
Assim que o Guerreiro Gabriel se inclinou mais perto da porta novamente, ela de repente se abriu com força, revelando o Rei Killian—alto, imponente e envolto em uma aura de puro pavor. Seus olhos estavam escuros como a noite.
Antes que o Guerreiro Gabriel pudesse sequer recuar, Killian mergulhou sua mão diretamente em seu peito com precisão aterrorizante. Um estalo nauseante ecoou pelo corredor enquanto o punho do Rei rasgava osso e carne, arrancando o coração ainda batendo de Gabriel.
Os olhos de Gabriel se arregalaram em choque. Ele ofegou, engasgando com sangue, enquanto olhava para a ferida aberta em seu peito. Lágrimas silenciosas traçaram seu rosto. Então, com um último suspiro trêmulo, ele desabou no chão... morto.
O Rei Killian inspecionou o coração em sua mão com uma sobrancelha levantada antes de deixá-lo cair como entulho sem valor. "Jovens tolos," ele murmurou, voz fria e indiferente. "Tão ansiosos para morrer por nada."
Ele virou-se bruscamente para Gareth. "Queime o corpo."