A imagem dela se afastando, encharcada até os ossos com aquela garotinha no quadril, ficou gravada na minha mente. Seraphina acabara de salvar a vida de uma criança sem hesitação, e quando tentei ajudar, ela me olhou como se eu não fosse nada além de sujeira sob seus pés.
Lua Seraphina.
Até o título formal doía. Uma vez, ela havia dito meu nome com tanto calor que poderia derreter o inverno mais frio. Agora sua voz não continha nada além de gelo quando se dirigia a mim.
Fiquei ali parado como um idiota, minha camisa ainda estendida na mão, observando as gotas de água criarem uma trilha por onde ela havia passado. Algo dentro de mim se quebrou—um sentimento que eu estava tentando enterrar por anos.
"Merda," sussurrei, baixando meu braço.
Eu ainda a amava.