Tróia (4)

A presença de Atena pairando sobre Achilles não era uma visão comum. Era divina, absoluta, sufocante. O espírito dourado ao redor de Orion estremeceu, como se reconhecesse uma força superior.

Orion cambaleou um passo para trás.

Seus olhos ainda brilhavam como sóis em fúria, mas seu rosto perdia a cor. Suas mãos tremiam. O medo, verdadeiro e cru, atravessava sua alma como uma lâmina invisível. Nunca antes havia sentido algo assim: uma sensação de ser esmagado pelo destino, de ser pequeno demais no palco em que havia sido jogado.

Quill o observava de longe, segurando uma lança mal empunhada. Sua expressão era de puro pânico. Hector, ao lado de Orion, notou a mudança.

— Orion... o que está vendo?

Orion tentou falar, mas sua voz falhou. Um sussurro escapou.

— Eles... podem estar entre nós.

Seus olhos continuavam queimando, mas agora vacilavam. A aura dourada tremulava como uma vela ao vento. E então, num suspiro invisível, tudo desapareceu.

O brilho sumiu.

A energia cessou.

Orion abaixou a cabeça, respirando fundo, sentindo o coração desacelerar. Ainda tremia, mas se manteve em pé. Alguém correu em sua direção.

— Orion, você está bem? O que era aquilo? — perguntou Kim, visivelmente assustada.

— Não temos tempo pra isso — ele respondeu, com a voz rouca. — A guerra começou.

E como se obedecesse suas palavras, o chão pareceu vibrar com os tambores do destino.

A guerra começou.

O campo de batalha virou um abismo de gritos, aço e poeira. As muralhas de Troia se abriram e o exército avançou com Hector liderando a linha de frente, com Orion e Toby ao seu lado.

Flechas cruzavam os céus como enxames furiosos. Escudos se chocavam, lanças se quebravam, e o ar era cortado por berros e rugidos. Os soldados de Argos eram habilidosos, disciplinados e implacáveis. E entre eles, estavam as figuras desconhecidas: homens e mulheres com habilidades estranhas, olhos vazios, rostos serenos em meio ao caos.

No centro do campo, a carruagem de Achilles parou.

E então ele caminhou.

Orion sentiu o mundo ficar silencioso à sua volta. Hector correu ao seu lado, espada erguida.

— Ele é meu — disse Orion.

— Ele é nosso. — corrigiu Hector, e juntos partiram.

Achilles os aguardava com a espada em mãos e olhos tranquilos como o fundo de um oceano.

O primeiro impacto fez o solo tremer. Hector golpeou de cima, Orion veio por baixo. Achilles aparou ambos os ataques com uma precisão absurda, como se já soubesse o que fariam.

A batalha era monstruosa.

Hector era força bruta, técnica afiada. Orion era velocidade e estratégia. Mas Achilles… Achilles era algo mais. Era como lutar contra uma lenda viva que recusava morrer.

Ferimentos surgiam, suor e sangue se misturavam. Ambos se machucavam, respiravam forte e vacilavam, mas Achilles parecia melhor e superior a ambos.

Até que durante a luta Hector levou um corte profundo no ombro e cambaleou.

— Preciso recuar. Os nossos estão sendo cercados e eu fui ferido demais! — gritou ele, enquanto recuava para reforçar a retaguarda e o flanco que enfrentava os desconhecidos.

Orion assentiu, mesmo sem fôlego, apenas balançando a cabeça.

E então ficou só.

Achilles o observava, impassível.

— Você é interessante — disse o guerreiro inimigo. — Não muitos aguentam mais de cinco minutos contra mim.

Orion cuspiu sangue no chão e respondeu:

— Não me subestime.

— Qual seu nome? — Perguntou o grande general invencível de Argos.

— Orion. E eu sei quem você é.

— Acredito que sabe, eu sou Achilles. Herói de Argos. Campeão dos céus. O último passo antes da queda de Troia.

Eles voltaram a colidir.

Espada contra espada, chute contra cotovelo, sangue contra glória. Orion recuava, voltava, criava brechas. Mas Achilles era incansável. E enquanto golpeavam, continuavam.

— Aquelas pessoas com você... quem são?

— Os enviados. Presentes do Olimpo para nós, seus fiéis seguidores. Assim como nós, o objetivo deles é derrubar Troia.

Orion sentiu um calafrio e finalmente percebeu.

Ele começou a se dispersar da luta enquanto pensava — Eles são como nós? De onde vieram?O objetivo do cenário não é proteger Troia?

Então, Daryl gritou da fortaleza:

— Orion! Eles são de outra zona! Vieram parar nesse mundo como nós, mas o objetivo do cenário deles é destruir Troia!

Assim, tudo fez sentido para ele. Eles eram sobreviventes de outra zona, seu cenário era o oposto do seu, eles precisavam destruir para sobreviver.

— Como descobriu? — Gritou Orion enquanto tentava olhar para trás.

— Um deles foi derrotado e falou tudo pedindo para ser poupado! — Respondeu imediatamente o novo estrategista de Troia.

— Mate-o! Ele vai morrer ou pela nossa mão ou pelo cenário!

Em meio a essa breve conversa, Achilles não se conteve mais e avançou sem piedade.

— Não deveria tirar os olhos de mim, esse vai ser o motivo da sua morte.

Então, um golpe de Achilles quebrou a espada de Orion. O impacto o lançou ao chão, derrapando pela poeira vermelha do campo.

Achilles caminhou até ele, erguendo sua espada divina.

— Foi uma luta digna. Morra com honra, Orion.

Orion não conseguia levantar. Sua visão borrava. Seu corpo recusava. Mesmo assim, ele olhava para cima, encarando a lâmina. Sem recuar.

E então, o céu que estava cinza, acendeu.

Uma luz infinita e quente iluminou e preencheu todo o céu, todos podiam ver e era dia em todo lugar.

O sol brilhou com violência e um tornado de fogo desceu dos céus se contorcendo. Dele , uma única flecha divina saiu com um simples propósito.

A flecha flamejante, como um tiro de fogo do próprio Olimpo, cortou os céus em alta velocidade e com poder absoluto.

Em poucos segundos, uma eternidade parecia ter se passado. Até que a flecha cumpriu seu propósito e acertou a perna de Achilles.

O impacto foi absoluto. A armadura se partiu. A carne se abriu. O grito de Atena, um som celestial de dor, surpresa e ódio, explodiu, reverberando como sinos quebrando em catedrais celestiais.

Os olhos dourados de Orion voltaram a emanar aquele poder por alguns segundos, e assim ele pôde ver a imagem da deusa se fragmentar em milhares de partículas douradas, desmanchando-se no ar como poeira estelar.

Achilles caiu de joelhos.

Seus olhos ainda abertos, confusos, encaravam o céu.

— ...A-po-lo. — sussurrou, antes de cair de rosto no chão.

Silêncio.

Orion piscou, sem entender. Sem aceitar.

Ao redor, a batalha cessava. O exército de Argos começava a recuar. Os enviados de Argos sumiam um de cada vez, seja mortos ou recuando com pavor.

Hector, ensanguentado, reapareceu ao lado de seus homens.

— Recuar! Todos! Levem os feridos! Recuar agora!

E o exército de Troia, apesar da vitória, estava quebrado. Corpos, feridos, lamentos. A vitória tinha gosto de sangue.

Orion não se mexia.

Seus joelhos estavam cravados no chão, seu corpo tremia e à sua frente estava o corpo de Achilles.

Orion permaneceu imóvel, sentindo o corpo dolorido pulsar a cada respiração. A luta havia deixado marcas profundas, não apenas físicas, mas em sua mente. Aos poucos, a adrenalina baixava e a sensação de desamparo se dissipava. Seus joelhos mal suportavam o peso, quando passos apressados se aproximaram.

Quill e Hector apareceram ao seu lado, com expressões de preocupação e alívio.

— Orion, você está vivo! — disse Quill, estendendo a mão para ajudá-lo a levantar.

— Precisamos sair daqui — acrescentou Hector, olhando para o horizonte com remanescentes do caos anterior.

Enquanto Orion tentava se recompor, uma silhueta delicada desceu silenciosamente da carruagem de Achilles. Era a garota que Orion havia salvado no primeiro cenário.

Orion arregalou os olhos, surpreso.

— Você… como está aqui?

Ela respondeu, com um olhar cansado, mas firme:

— Consegui matar o Goblin, mas meu pai… ele não sobreviveu. Por um erro do sistema eu fui parar na Zona 002, a que quer destruir Troia.

Orion a observou, sentindo um misto de compaixão e dúvida.

De repente, uma presença imponente surgiu ao lado do corpo inerte de Achilles: Atena, em forma “física”, brilhando com uma aura serena e terrível.

— Você matou um humano que me agradava — disse a deusa com voz calma, porém carregada de reprovação.

— Fiz o que era necessário — respondeu Orion, firme. — Espero que não guarde rancor por causa disso.

Atena sorriu levemente.

— Não guardo rancor. Mas estou interessada na pequena. Ela é muito parecida com Achilles. Eu os observei desde o momento que chegaram aqui.

Orion franziu o cenho.

— E como pretende ficar com ela?

— Sou uma deusa. Isso é pouco para mim — respondeu ela com confiança.

Orion olhou para a garota, que respondeu sem hesitar:

— Farei o que você disser que for melhor para mim.

Virando-se para Atena, ele disse:

— Aceito, mas com uma condição: cuide bem dela. Ajude-a. E faça ela voltar à Zona 001 comigo.

Atena concordou, erguendo a mão para chamar o Arhat.

O Arhat apareceu e trocou algumas poucas palavras com Atena, coisas que só eles sabiam e podiam escutar, e então balançou a cabeça, silencioso.

Atena sorriu e finalizou:

— Você tem um acordo.

— Agora preciso resolver meus assuntos com você, minha pequena.

Então, a JS da pequena garota apareceu para ela, Atena e Orion. Orion, estranhando o acontecimento, olha para Arhat, que apenas permite com a cabeça.

Atena se curvou e tocou com um único dedo na JS da criança, mal sabiam eles que tudo iria mudar a partir de agora.

——————————————————————

《 JANELA DE STATUS 》

Nome : Aceline Valerion

Talentos Individuais: Clériga de um Deus

Habilidades: Nenhuma

Status:

Força , Durabilidade

Mana , Agilidade

A Constelação 『She Who Bears the Spear of Wisdom』 está lhe observando atentamente.

A Constelação 『She Who Bears the Spear of Wisdom』 demonstra interesse genuíno em você.

A Constelação 『She Who Bears the Spear of Wisdom』propõe um Contrato de Devoção.

——————————————————————