Capítulo 1: O início

Poderia começar essa história com um “Era uma vez”, ou como todos os autores que acompanhei durante a vida: a protagonista é atropelada, morre e entra no corpo da personagem do livro que estava lendo. Mas não vai ser assim — esse tipo de história só segura a nossa atenção por, no máximo, seis capítulos... ou menos.

Pois bem, vamos lá! A história que vocês, meus caros leitores, irão acompanhar é sobre uma jovem mulher de 22 anos que não sabe muito bem o que fazer da vida.

Quando criança, ela foi criada pelos avós, enquanto sua mãe tentava ganhar a vida no exterior. Mesmo distante, a mãe sempre mandava dinheiro para que os avós cuidassem dela e do irmão mais novo.

Pulando para a tão temível adolescência — a era de ouro —, ela curtiu à sua maneira: leu muitos mangás, assistiu a muitos animes e novelas asiáticas. Toda vez que se lembra, solta a seguinte frase:

— Bons tempos...

Agora que vocês já sabem um pouco do passado da nossa protagonista, chegamos à atualidade — que, infelizmente, não é tão diferente da adolescência. Essa jovem não é muito de socializar ou "curtir a vida". No momento, está em busca de um emprego — o que é difícil quando não se tem experiência. Enfim, vamos ver o que ela fará para mudar essa situação.

~Ela acorda assustada.~

— Ah! Outra vez esse maldito sonho… já é... a quarta vez?

— Ah… sinceramente, não sei o que está acontecendo comigo...

~Ela senta na cama e encara o chão por meia hora. Nem sabe mais se está pensando ou apenas existindo ali. O silêncio pesa, mas ela não se move.~

Como podem perceber, a nossa adorável protagonista — como todo jovem adulto na casa dos 20 — sofre com noites de mer*. Mas o que será que ela fará neste maravilhoso dia?

~A “câmera” volta para a personagem principal.~

— Meu Deus! Dormi sentada de novo...

~Ela se levanta, vai direto ao banheiro e se encara no espelho após fazer sua higiene, como todos os dias.~

— Hoje até que não estou tão acabada… esse é o poder da skincare!

~Sai do banheiro e vai até o quarto da mãe.~

— Mãe! O que a senhora vai fazer de bom pra comer hoje!?

— Estava pensando em sopa de legumes, já que está chovendo e frio. O que acha?

Sua mãe, como de costume, estava sentada na cadeira assistindo a uns vídeos curtos.

~Ela pausa o vídeo e olha em direção à filha~

— Boa ideia.

Após a resposta da mãe, nossa jovem e adorável protagonista decidiu, pela trigésima vez no mês, que vai mudar de vida.

— Okay. Quando a comida estiver pronta, chama-me.

~ Sua mãe apenas acena com a cabeça, concordando. ~

— Hoje vai ser um bom dia! — exclamou, ao entrar no quarto e fechar a porta.

— Vamos ver algumas propostas de trabalho, comer e, para finalizar, fazer um pouco de exercício físico.

Bom... hoje ela não fez um cronograma impossível, como no mês passado. Mas tenho certeza de que, dessa vez, vai dar certo.

📆 [1 mês atrás, 00h50]

— Amanhã eu vou mudar! Vou aprender inglês, espanhol, fazer pilates, andar 40 minutos e dormir às 22h!

O plano era esse. Mas ela acabou madrugando lendo cinquenta capítulos de um manhwa, acordou às 13h e passou o dia inteiro na cama assistindo vídeos curtos no celular.

📆 [Presente]

Ao contrário do que esperávamos, ela cumpriu o cronograma e agora estava a caminho do mercado — um feito histórico para alguém que nunca sai de casa. Estou orgulhosa da nossa garota.

~Sons de passos, conversas simultâneas, motores de carros e motos preenchiam o ar.~

— Isso é uma tortura... mas não posso voltar agora. Tenho que comprar o pão que a mãe pediu pra comer com a sopa. Eu consigo... só preciso respirar e ir com calma.

Falando consigo mesma em pensamento, ela conseguiu chegar ao mercado. Mas, ao se aproximar da entrada, trombou com uma senhora idosa que carregava uma sacola cheia de batatas. As batatas rolaram pelo chão, e ela rapidamente se agachou para ajudar.

— Desculpe, senhora, não foi minha intenção. Deixe-me ajudá-la a recolher as batatas.

No momento em que pegou a primeira batata, algo estranho aconteceu. Uma sensação inexplicável a fez fechar os olhos. Quando os abriu novamente, estava deitada em uma cama completamente diferente da sua.

— Mentira! — exclamou, levantando-se bruscamente.