CAPÍTULO 7 – Memórias na Fronteira
O trem pra Sevilha partiu às 6h07 da manhã. João embarcou sem olhar pra trás.
Deixou a arma escondida no fundo da mochila, junto com o envelope que Natasha lhe entregou.
O vagão estava silencioso. E ele... em guerra por dentro.
"Quem me tirou do laboratório? Por quê? E por que só agora resolveram reaparecer?"
No assento à frente, um garoto jogava no celular. Uma idosa lia o jornal. Uma mulher com fones cantarolava baixinho. Tudo normal... até demais.
João fechou os olhos por um instante — e quando abriu, viu flashes.
Uma sala branca.
Crianças chorando.
Um homem com cicatriz no olho dizendo: “Ele não pode morrer. Ele é a chave.”
E depois… escuridão.
—
Acordou com o freio brusco do trem. Estavam na divisa. Um grupo de segurança entrou no vagão fazendo verificação de documentos. Mas algo estava errado.
Dois dos guardas não eram verdadeiros.
João percebeu pelo jeito que pisavam. Pelo jeito que não olhavam ninguém nos olhos.
E principalmente… pelo modo como mantinham a mão perto do coldre o tempo todo.
Quando o falso guarda se aproximou, João não esperou.
Pegou o copo de café, quebrou na lateral da poltrona e levantou devagar.
— Documentos, señor.
— Você primeiro.
Antes que o homem respondesse, João enfiou o pedaço do copo na alça do colete dele, girou o braço e o lançou contra a janela.
O outro tentou sacar a arma, mas o menino do celular gritou. João já estava em cima.
Dois golpes. Um chute. O segundo falso guarda desmaiado.
O trem inteiro congelou.
A verdadeira segurança entrou no vagão correndo.
— O que aconteceu aqui?!
João só levantou as mãos.
— Vocês estavam sendo infiltrados. Agora não estão mais.
Entregou os documentos e seguiu viagem.
—
Ao chegar em Sevilha, um homem já o esperava na plataforma.
— João Smith?
— Sim.
— Me chamam de Elías. Eu te salvei uma vez. Mas agora... preciso da sua ajuda pra salvar todos os outros.
João arregalou os olhos.
— Todos os outros... quem?
Elías estendeu a mão.
— Os outros como você. Os que sobreviveram ao Projeto Análise Total.