Hora de Agir

Ko, Joe e Mo finalmente haviam chegado à área cercada lá fora. O local estava relativamente vazio, enquanto alguns estudantes perambulavam por perto, a área em si geralmente estava lotada. Especialmente quando Dipter convocava uma reunião. Normalmente, isso significava que todos os delinquentes da escola se reuniriam ali, mas não desta vez.

E de alguma forma, isso fez com que tudo parecesse ainda mais pessoal.

Em vez de uma multidão, Dipter estava lá com apenas duas pessoas ao seu lado. Um deles era um cara grande, não exatamente musculoso, mas largo e sólido. Seu cabelo curto desvanecia-se perfeitamente nas laterais, com um tufo bagunçado no topo. No momento em que Ko o viu, ele ficou tenso.

Jay Woods.

Um dos estudantes mais fortes de toda a escola.

Quando a escola estava decidindo quem seria o líder, foi uma disputa acirrada entre Jay e Dipter. As pessoas tomaram lados. Havia até rumores de uma briga que nunca aconteceu. No final, Dipter foi o escolhido para liderar.

E então havia o outro estudante, mais alto, mais magro, com cabelo tingido de verde e uma máscara que cobria a metade inferior do rosto. Snide.

Todo mundo conhecia esse nome. Não apenas por causa de sua aparência, mas por causa dos rumores. Que ele havia esfaqueado alguém de uma escola rival. Que ele era perigoso. Imprevisível.

Ver os dois aqui agora, parados silenciosamente ao lado de Dipter, enviava uma mensagem alta e clara:

Esta reunião não era apenas pessoal, era séria.

Então havia o próprio Dipter, tranquilo como sempre, um cigarro pendurado preguiçosamente no canto da boca, ambas as mãos enfiadas profundamente nos bolsos. Seus olhos afiados e largos tinham uma frieza que poderia fazer qualquer um congelar, e seu cabelo penteado para trás revelava uma testa proeminente que de alguma forma o fazia parecer ainda mais intimidador.

Ele era o líder da escola, o indiscutível chefão de todos os delinquentes. Aquele que dava as ordens. Até Ko obedecia a ele.

"Vocês se meteram numa baita confusão, não é?" disse Dipter, sua voz baixa e cortante. "Não acredito nisso. Como diabos vocês conseguiram se livrar do único garoto que nem estávamos mirando?"

Ko olhou fixamente para seus pés, incapaz de se forçar a encontrar o olhar de Dipter.

"Olhe para mim," ordenou Dipter.

Instantaneamente, a cabeça de Ko levantou-se, seus olhos encontrando os de Dipter.

"Eu já sei o que aconteceu," continuou Dipter. "Vocês estavam se divertindo demais brincando de rei na caixinha de areia de vocês. Agora vejam o que fizeram, tenho que limpar a bagunça."

Ele deu uma última tragada em seu cigarro antes de jogá-lo no chão e pisá-lo.

"Por sorte, consegui acalmar as coisas... por enquanto. Também recebi alguns conselhos. Vocês vão contar a verdade sobre o que fizeram com o garoto."

Os três congelaram em choque.

"A verdade?" Ko repetiu, confuso.

"Há depoimentos demais dos seus colegas de classe. Muitos alunos que viram o que vocês estavam fazendo. Mas não sejam estúpidos, minimizem. Não façam parecer que foi um grande problema. Entenderam?" disse Dipter, sua voz afiada o suficiente para cortar aço.

"Mostrem que se arrependem do que fizeram. Ajam como se nunca esperassem que as coisas chegassem tão longe," disse Dipter, sacudindo a cinza do cigarro. "Vocês três são apenas crianças. Como estão classificando como suicídio, vai ser difícil para eles colocarem a culpa em vocês de qualquer forma.

"Mas se conseguirem? No pior dos casos, vocês vão levar um tapinha no pulso."

Ele soltou um longo suspiro cansado, como se até mesmo esse trabalho de limpeza estivesse começando a irritá-lo.

"Acho que não preciso explicar isso. Mantenham a cabeça baixa enquanto a polícia estiver aqui. E quando eles forem embora, certifiquem-se de lidar com o alvo certo da próxima vez. Sem mais erros. Façam exatamente o que lhes for dito."

Em momentos como este, o trio se sentia grato, grato por alguém como Dipter estar no topo, alguém que poderia manter as coisas sob controle quando tudo estava prestes a explodir.

****

O trio eventualmente retornou à aula, entrando com mais compostura do que antes, embora ainda parecessem inquietos. As investigações policiais ainda estavam em andamento, com os estudantes sendo chamados um por um para dar depoimentos.

Tudo estava sendo feito em ordem alfabética pelo sobrenome, o que significava que Max Stern estava quase no final da lista. Ele sentou-se quieto em seu canto, seus olhos acompanhando o trio enquanto eram chamados um por um, sua mente repassando tudo o que havia acontecido.

'Lembro-me de quando estava na escola antes... se os professores descobrissem sobre coisas assim, sobre bullying nesse nível, nunca melhorava nada,' pensou Max. 'Tornava tudo dez vezes pior.'

As coisas mudaram quando me tornei o líder da escola, pensou Max, com a mandíbula tensa. Acabei com toda essa merda. Mas se os professores descobrirem que Sam foi quem os chamou ontem... droga. E já me sinto culpado o suficiente por não ter feito nada.

"Max Smith!"

Seu nome ecoou pela sala, a voz do professor interrompendo seus pensamentos. Era sua vez.

Quando Max entrou no corredor, o professor caminhou à frente, guiando-o pelo corredor em direção a uma das salas vazias reservadas para as entrevistas. Mas pouco antes de chegarem, alguém saiu de outra sala de aula mais à frente.

Ko.

Os olhos de Max se estreitaram. Mas não era apenas Ko, havia alguém ao lado dele.

Um homem vestido com um terno cinza elegante, seu cabelo perfeitamente estilizado, um brilho sutil em seus sapatos polidos. Ele usava um crachá dourado preso ao bolso do paletó.

Max apertou os olhos.

Odin Law Firm?

Seus pensamentos se embaralharam em busca de contexto.

Não pode ser. Esse é um dos maiores escritórios de advocacia de todo o país. Todo mundo os conhece. São o tipo de pessoas que tiram celebridades de confusões que o público nem fica sabendo. E não apenas celebridades, alguns dos grupos mais poderosos que conheci usavam firmas como a Odin para fazer problemas desaparecerem. Caramba, nós usávamos alguém exatamente como eles nos Tigres Brancos.

Seus olhos voltaram para Ko, que sorria como se nada no mundo pudesse tocá-lo.

Que tipo de proteção esses garotos têm?

Os preços deles não são algo que crianças de uma escola pública qualquer poderiam pagar, pensou Max, estreitando os olhos. Está começando a ficar mais claro agora... Definitivamente há alguém por trás de tudo isso.

A presença de um advogado da Odin Law Firm, um dos mais prestigiados do país, apenas confirmou o que Max vinha suspeitando. Quem quer que estivesse puxando as cordas tinha poder real. E com um respaldo legal como esse, Ko e os outros não enfrentariam consequências por nada do que haviam feito. A não ser que alguém os obrigasse.

Mas mais do que isso, praticamente confirmava outra coisa para Max.

Eles são responsáveis. Tenho certeza disso agora.

No momento em que Max entrou na sala de entrevista, seus olhos examinaram a configuração. Uma câmera estava em um tripé no canto. Uma mesa simples. Um policial. E um professor posicionado nas proximidades, provavelmente como representante da escola.

Depois que ele se sentou, o oficial começou a falar, lendo seus direitos, explicando o procedimento em tons calmos e uniformes. Max assentiu, confirmando que entendia.

As perguntas começaram com o básico, nome, idade, turma, detalhes para verificar a identidade. Então o tom mudou.

"Max, de acordo com vários relatos de outros estudantes, foi dito que você também estava sendo vítima de bullying, junto com Sam, em sua sala de aula. Você pode confirmar se isso é verdade? E se sim, poderia descrever que tipo de coisas foram feitas com vocês dois?"

Max olhou fixamente para frente, silencioso por um momento, o peso de tudo pressionando-o. Ele pensou cuidadosamente, juntando o que precisava ser dito.

Então, lentamente, ele abriu a boca para falar.

"Eles serão julgados como menores, certo?" perguntou Max, seus olhos fixos nos oficiais. "Posso perguntar mais uma coisa? A morte de Sam foi considerada suicídio? Ele deixou algo que apontasse para eles serem culpados? E... se eu disser alguma coisa, isso realmente vai mudar o resultado?"

Os dois oficiais trocaram um olhar rápido e surpreso antes que um deles respondesse.

"Não temos liberdade para compartilhar detalhes sobre o caso, Max. Mas o que podemos dizer é que qualquer informação que você fornecer pode ajudar. Quanto mais entendermos, mais poderemos evitar que coisas como essa aconteçam novamente."

Max não respondeu. Em vez disso, ele se levantou calmamente de seu assento.

"Acredito que não estou sendo detido," ele disse. "Então estou saindo. E para o resto das suas perguntas, considere minha resposta como 'sem comentários'."

Sem mais uma palavra, Max virou-se e dirigiu-se para a porta. Ele ignorou o professor chamando-o, sua mente já em outro lugar enquanto tirava seu telefone e enviava uma mensagem.

Alguns minutos depois, Max passou direto por sua sala de aula sem nem mesmo olhar. Ele virou a esquina e abriu a porta do banheiro masculino. Dentro, como esperado, Joe estava esperando, sua postura tensa, seus olhos se voltando para a entrada assim que Max entrou.

"Recebi sua mensagem," disse Joe, sua voz baixa e nervosa. "Mas... eu realmente não acho que devemos ser vistos juntos tanto assim, sabe?"

"E é por isso que mandei mensagem para você me encontrar aqui," disse Max, seu tom afiado e direto. Não havia paciência em sua voz, nem espaço para jogos. "Você e Ko descobriram que Sam contou ao professor sobre o que eu estava fazendo com você?"

"Ah, isso?" respondeu Joe, inquieto onde estava. "Não sei a história completa, mas Ko teve um palpite. Ele disse que Sam deve ter dedurado ou algo assim... e ele queria dar o troco."

"E...?" perguntou Max, sua voz baixa mas insistente.

Joe não respondeu. Ele estava visivelmente nervoso, mudando seu peso, seus olhos não encontrando os de Max. Sua mão ainda doía do último encontro deles, seu dedo, envolto em bandagens, era um lembrete constante.

"O. Que. Vocês. Fizeram?" perguntou Max novamente, mais firme agora.

"Tudo bem... tudo bem, vou te contar tudo," Joe soltou. "Mas não foi ideia minha, ok? Você me disse para continuar agindo normalmente, lembra?"

Com isso, Joe começou a falar. Ele explicou tudo, como eles tinham ido ao restaurante da família de Sam, como Ko liderou toda a coisa, como eles agiram como clientes... e como terminou com a polícia aparecendo. Cada detalhe foi revelado em um turbilhão de arrependimento e medo.

Max ficou paralisado, deixando tudo aquilo afundar. Ele queria sentir raiva. Ele deveria ter sentido raiva. Mas essa não era a emoção borbulhando dentro dele.

Não, o que Max sentia era algo muito pior — culpa.

Não eram apenas eles. Ele havia colocado tudo isso em movimento. Uma cadeia de eventos, decisões tomadas uma após a outra, levando à morte de um garoto. Um garoto que havia tentado ajudá-lo.

Sem dizer mais uma palavra, Max alcançou seu bolso e pegou seu telefone.

"O que você está fazendo? Vai contar para a polícia?" perguntou Joe, sua voz aumentando em pânico. "A polícia já sabe. Não acho que vai ajudar. Dipter conseguiu aqueles advogados para nós, e os policiais já estavam na defensiva desde o início. Eles sabem sobre o relatório também."

Max não disse uma palavra para os disparates de Joe. Nada do que ele disse era surpreendente mais, nem mesmo ouvir o nome de Dipter. Apenas confirmava o que ele já suspeitava. O nome de Dipter estava na lista por um motivo.

"Estou fazendo o que ele deveria ter feito," disse Max calmamente, desbloqueando seu telefone.

Ele rolou por seus contatos e tocou em um nome: Stalker.

Nem tocou mais de duas vezes antes que a linha fosse atendida.

"Bem, isso é uma surpresa. Você precisa de ajuda?" veio a voz calma e profunda de Aron do outro lado.

"Você disse que eu poderia pedir qualquer coisa, certo?" disse Max, sua voz firme, mas fria. "Desde que esteja dentro do seu poder... então preciso da sua ajuda. Agora."