Prólogo — Um Mundo Onde o Cultivo é Lei
O mundo mudou.Houve um tempo em que o cultivo era um mistério, escondido entre as montanhas, reservado para monges, mestres e eremitas. Mas isso ficou no passado.Quando as barreiras do mundo espiritual colidiram com o mundo físico, a humanidade descobriu que a energia do universo — o Dão — sempre esteve ali, à espera de ser compreendida.Frente a essa realidade, os governos não tiveram escolha. O cultivo deixou de ser lenda e se tornou política de Estado.Hoje, todo país investe em academias marciais, programas de incentivo, pesquisas sobre técnicas de aprimoramento físico, mental e espiritual. Os cultivadores são mais do que artistas marciais: são soldados, pesquisadores, mestres e, sobretudo, os protetores da civilização.As escolas se adaptaram. Desde o ensino fundamental, os jovens aprendem a sentir a energia do mundo, a fortalecer o corpo e a desenvolver sua força interior. Mas nem todos têm talento suficiente para ir além dos fundamentos.O caminho do cultivo é cruel. É justo. Oferece poder para quem tem determinação, disciplina e... talento.No distrito de Jinlong, na província de Xian, uma cidade onde arranha-céus de vidro coexistem com templos ancestrais e dojos de prestígio, vivia Li Tianyu, um jovem de 16 anos.Seus olhos — negros como uma noite sem estrelas, profundos e intensos — carregavam uma determinação que muitos adultos invejariam.Nascido em uma família comum, Tianyu cresceu vendo seus pais se esforçarem dia após dia para garantir uma vida digna. Seu pai trabalhava em uma empresa de segurança espiritual, protegendo estabelecimentos comerciais contra invasões de bestas espirituais menores. Sua mãe era atendente em uma farmácia de pílulas medicinais, local que fornecia remédios tanto para pessoas comuns quanto para cultivadores de baixo nível.A vida nunca foi fácil. E se havia algo que Tianyu entendia, desde muito cedo, era que o poder não era um luxo. Era uma necessidade.O cultivo não era um sonho de glória, fama ou ascensão divina. Era um caminho para garantir um futuro melhor — para si e para sua família.Faltavam três meses para o Exame Nacional de Cultivo, a prova que definiria se ele teria direito de ingressar nos grandes dojos do país.O caminho comum — faculdades técnicas, empregos comuns — sempre esteve ali, e muitos colegas já aceitavam esse destino. Mas não Tianyu.Ele treinava. Todos os dias. Muito além do que a escola exigia. Não porque fosse um gênio — ao menos não acreditava ser —, mas porque sabia que não havia outro caminho.O cultivo, no fim das contas, era simples:Aquele que não se fortalece... é esmagado.E enquanto caminhava em direção ao Colégio Médio Nº7 de Jinlong, sua mochila nos ombros, roupas simples, olhar focado, Tianyu sabia, no fundo, que não estava lutando contra os outros.Estava lutando contra o destino.