“Algumas almas nascem para incendiar os céus.
Outras... para quebrar as correntes que sustentam o próprio destino.”
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Terceiro Véu – Reino Ilusório dos Mortos
Era das Ruínas Sangradas
A realidade ali não obedecia leis. O chão pulsava como carne viva, o céu era um espelho partido — e as almas que ali vagavam, tremiam diante do que estava por vir.
O som ecoava como lamentos esquecidos: gritos de entidades extintas, arranhando as bordas da eternidade.
No centro daquele limbo... ele caminhava.
Pé ante pé sobre os escombros da reencarnação, seu olhar era frio, profundo, marcado por brasas e neve. Os cabelos longos e negros, revoltos como sombras em tempestade. Raizhen Noctharion, o único Velkharys — e a maior aberração já forjada entre os véus.
As asas negras de dragão, salpicadas por flocos de neve branca, se abriam atrás dele, projetando uma presença que esmagava a alma. Os chifres curvados, escuros com pontas alvas, brilhavam como foices ancestrais. As nove caudas ondulavam com fúria contida, como serpentes esperando o momento de atacar.
Em seu peito exposto, os símbolos rúnicos negros pulsavam, antigos como o tempo — marcas do caos e do renascimento.
> “Onde está ela...?”
Sua voz era um trovão abafado.
“Onde... esconderam a única coisa que ainda era minha?”
Nada respondeu. Apenas o sussurro do tempo, recuando em medo.
Então ele cravou a mão no próprio peito, e do sangue que jorrou, moldou uma chave de energia viva. Com ela, rasgou o ciclo da reencarnação. As almas gritaram. O céu ilusório se partiu.
Raizhen invadiu o núcleo do Reino dos Mortos.
E o fez sozinho.
Nenhum deus, nenhum guardião, nenhum juiz do destino foi páreo.
Ele destruiu tudo.
E então, entre milênios de fragmentos de luz, a encontrou.
A alma dela.
Selou-a com o próprio nome.
Enterrou-a fora do tempo.
E então... sumiu.
Os Seres Supremos o aprisionaram.
Mas não por inteiro.
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Primeiro Véu – Eras depois
Túmulo Esquecido nas Fronteiras de Zuyin
A poeira de eras repousava ali. Raízes mortas envolviam o santuário como dedos ossudos. A névoa não se dissipava — apenas sussurrava, como se o tempo tivesse medo de entrar.
E mesmo assim... ela entrou.
Liuyin.
Frágil. Ferida. Mas viva.
Seus olhos dourados brilhavam em meio à névoa como brasas sonhadoras. Algo a chamava. Vozes? Não. Ecos. Sons enterrados em sua alma. Gritos de uma dor que não era sua... mas que a reconhecia.
> “Por que... eu sonho com sangue?”
“Por que sinto que já morri... e ainda estou esperando alguém?”
Ela tocou a pedra.
O selo estalou.
E o mundo tremeu.
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A prisão se abriu.
Do túmulo, ele emergiu — envolto em sombras e gelo, um ser tão belo quanto aterrador. Seus olhos, que deviam estar vazios, a encararam com fome, confusão e algo mais profundo... um ódio calmo, um amor esquecido.
> “Quem... ousa me chamar de volta?”
A voz era rouca, quebrada.
“Por que... você parece com... ela?”
Raizhen Noctharion, o clone — a sombra da Estrela da Calamidade — estava livre.
E o mundo, ainda ignorante, estava prestes a lembrar...
...do terror que nunca foi esquecido.