15-A menina que viu a terra da luz

Seu nome era Airi.

Tinha quinze anos.

Olhos grandes demais para mentiras, e um coração tão leve que nem o vento ousava tocá-lo com força.

Airi era órfã. Nunca soubera o que era um lar.

Mas ouvira histórias — sussurros de velhos andarilhos e de manuscritos esquecidos — sobre um lugar que não conhecia dor.

Um lugar onde as pessoas não morriam. Onde o tempo não castigava.

Onde todos sorriam. Onde a luz não queimava, mas curava.

A Terra Imortal do Clã Kyūbi.

Guiada por nada além de fé, Airi caminhou.

Durante semanas, meses talvez.

Ela não sentia fome.

Não sentia sede.

Era como se o mundo gentilmente a conduzisse.

Quando chegou à Fronteira da Floresta Viva, nada a impediu.

A barreira — invisível, impossível — que cegava, enlouquecia ou matava os de alma suja,

simplesmente se abriu para ela como uma brisa de verão.

Airi entrou.

E viu.

Viu árvores que cantavam ao toque do sol.

Viu rios onde crianças douradas dançavam sobre a água.

Viu animais que a olhavam nos olhos com compreensão.

E no centro de tudo… viu ela.

A mulher.

A mãe.

A luz.

Naruto a olhou.

Seus olhos não eram mortais.

Não julgaram, não ameaçaram.

Apenas acolheram.

Naruto sorriu.

E Airi, em lágrimas, caiu de joelhos, sem saber por quê.

Hinata a guiou até o templo.

Kiba a alimentou com frutas doces.

Os filhos do clã a envolveram com risos e músicas feitas de chakra.

E ela ficou ali por três dias.

Apenas... olhando. Sentindo.

E então… Naruto a abraçou.

E disse:

— “Você pode voltar.

E contar o que viu.

Mas cuidado, Airi. Nem todos os ouvidos suportam a verdade.”

Airi retornou ao mundo humano com um brilho nos olhos que nenhum templo ou guerra poderia gerar.

Ela contou o que viu.

— “Eles vivem em paz.”

— “Eles cantam com as árvores.”

— “A Mãe… ela me tocou e minhas dores sumiram.”

— “Não existem armas lá. Nem gritos. Nem medo.”

No começo, riram.

Depois… começaram a escutar.

E aí começou o erro.

Os poderosos ouviram.

E sentiram ganância.

— “Imortalidade.”

— “Cura infinita.”

— “Tecnologia baseada em chakra vivo.”

— “Controle sobre o tempo.”

Em pouco tempo, as velhas nações começaram a se reunir em conselhos.

Os cientistas, os generais, os velhos anciões.

— “Se aquela garota entrou, talvez seja possível replicar.”

— “Se capturarmos um deles…”

— “Se extrairmos chakra da mãe…”

Airi gritou, implorou, chorou.

— “Vocês não entenderam!

Eles não são para possuir.

Eles são luz!

Eles são o que NÓS deveríamos ter sido!”

Mas era tarde.

A ganância já havia acordado.

E, mais uma vez, a humanidade se preparava para destruir o que não compreendia.

Na floresta viva, Naruto sentiu.

Sentiu como uma mãe sente o arrepio antes de uma tragédia.

Hinata estava ao seu lado.

Kiba rosnava em silêncio.

Os filhos pararam suas danças, as flores pararam de crescer.

Kurama abriu os olhos dentro de sua alma.

— Eles virão.

Naruto suspirou.

— “Então… será a primeira vez em muito tempo que o paraíso precisará se proteger.”

Continua…