Chapter 6 - Heat Interrupted

Leandro e Aurora partiram juntos no carro da empresa. Durante a viagem de volta, o silêncio entre eles foi confortável. Assim que chegaram, cada um foi para seu respectivo escritório. Aurora organizou rapidamente todas as anotações da visita ao local — dela e de Henrique, que já havia enviado tudo por e-mail.

Ela revisou os documentos, conferiu as informações, atualizou a planilha geral e concluiu o relatório detalhado de progresso do projeto Flor Dourada. Concentrada, quase perdeu a noção do tempo. Quando finalmente terminou, pegou o celular e a bolsa e foi até o elevador.

No caminho, ela se lembrou do convite de Rafael para almoçar em sua casa.

Certamente ele estava apenas sendo educado... Sou apenas uma assistente, ela pensou, mordendo o lábio enquanto apertava o botão do elevador.

Lá embaixo, ela encontrou Aline na recepção.

"E aí, assistente do chefe", brincou Aline, abrindo os braços. "Como estão as coisas aí em cima?"

Até agora, tudo bem, respondeu Aurora com um sorriso, abraçando-a. Mas sinto falta de transferir problemas para outro departamento.

Ainda vamos almoçar no nosso lugar de sempre? Ou você me abandonou de vez?

Nunca. Vamos lá.

Eles estavam saindo quando o telefone de Aurora tocou. Ela o tirou da bolsa — Leandro.

Olá?

Aurora? Você não vai almoçar na casa do Rafael?

O quê? Não... Não sei, senhor.

O que você quer dizer com "você não sabe"?

Eu simplesmente não achei o convite sério. Quer dizer, vocês são todos amigos e eu sou só o assistente.

Ele te convidou porque quis. Isso não tem nada a ver com nada. Venha, venha comigo. Eu dirijo.

Tudo bem...

Estou esperando no estacionamento.

OK.

Aurora desligou e se virou para Aline, um pouco envergonhada.

Desculpe. Recebi outro convite sobre o qual não tinha certeza. Vamos para o nosso lugar amanhã?

Sem problemas. Bom almoço.

Eles sorriram e se despediram. Aurora correu para o estacionamento, onde Leandro já esperava — sem motorista dessa vez.

Entre. Vá na frente, ele disse, destrancando as portas.

Aurora entrou e apertou o cinto. Durante o trajeto, Leandro falou sem olhar para ela.

O que você disse antes, sobre ser apenas uma assistente... Não é assim que fazemos as coisas aqui, Aurora. Não valorizamos as pessoas pelos seus títulos. O importante é quem você é. E você está indo muito bem.

Suas bochechas esquentaram. Ela apenas assentiu em resposta.

Na casa de Rafael, eles foram recebidos pela governanta e por Eliza, que abriu um grande sorriso ao ver Aurora.

"Finalmente, outra mulher neste almoço", disse Eliza, rindo. "Eu estava começando a me sentir como se estivesse em algum tipo de base militar masculina."

Estou feliz por estar aqui, Aurora respondeu calorosamente.

As crianças logo apareceram. Lucas correu até Leandro.

Tio! Você desapareceu!

Fiquei fora por um tempo, mas agora estou de volta para valer, disse Leandro, bagunçando o cabelo do menino.

A pequena Alicia, por outro lado, olhava para ele timidamente.

Acho que ela não se lembra de mim, mas vou conquistá-la novamente, disse Leandro com um sorriso.

A mesa de jantar já estava posta. O almoço foi servido, e Aurora sentou-se ao lado de Eliza, que não perdeu tempo puxando assunto sobre filhos e logo descobriu que Aurora tinha um filho.

Você tem um filho? Sério? Quantos anos ele tem?

Ele está fazendo cinco anos.

Ah, então ele tem a idade do Lucas! Da próxima vez, traga-o com você. Eu adoraria vê-los brincar juntos.

Aurora hesitou por um momento, depois assentiu educadamente.

Se não for um incômodo...

De jeito nenhum! Crianças são sempre bem-vindas aqui, acrescentou Rafael entre mordidas e um gole de suco.

Henrique, que estava quieto, entrou na brincadeira com seu jeito habitual.

Mais um sobrinho para o tio Henrique, né? Adoro ser o tio descolado.

Não pretende ser pai?, perguntou Eliza, erguendo uma sobrancelha.

Um pai? De jeito nenhum. Prefiro pegar emprestado os filhos dos outros. Brincar, mimar e devolver.

Angela vai adorar ouvir isso, Eliza provocou.

Seu melhor amigo só quer me usar, Henrique fez beicinho.

Devo ter ficado fora por muito tempo. Estou perdendo todas as fofocas, disse Leandro sem levantar os olhos do prato.

Ele está totalmente a fim de Angela, a amiga de Eliza, Rafael disse com um sorriso irônico.

Vocês são impossíveis.

O tio Henrique vai namorar a tia Ângela?, perguntou Lucas, com os olhos arregalados.

Namorar é para quem está apaixonado, respondeu Henrique seriamente.

Um dia você vai engolir suas palavras, disse Leandro com um olhar de soslaio. Vai se apaixonar perdidamente e querer cinco filhos.

Henrique levantou as mãos dramaticamente.

Depois de você, meu amigo. Aí eu penso.

Eu te aviso quando isso acontecer.

Todos riram, inclusive Aurora, que se sentia cada vez mais em casa entre eles.

Falando em fofoca, Henrique disse, o evento da TPA Engenharia não vai acontecer no mês que vem?

É sim. Minha irmã quer vir este ano, disse Rafael, pensativo.

Você vai? Henrique se virou para Leandro. Você não aparece há um tempo.

É verdade, mas desta vez eu vou. Eu costumava me concentrar na sede que eu administrava pessoalmente, mas a entreguei a alguém em quem confio. Agora, ficarei no país em tempo integral.

Hugo me contou esse evento. É anual, né?, perguntou Aurora, olhando para Leandro.

Sim. Sempre enviamos um representante, mas desta vez irei eu mesmo.

Levando as crianças?, perguntou Henrique ao Rafael. Você as levou nos anos anteriores.

Claro. Eliza também, se ela aceitar o convite.

Se você for, vou pedir para a Angela vir comigo. Assim ela pode te fazer companhia, disse Henrique, lançando um olhar travesso para Eliza.

Ah, claro... Como se essa fosse a única razão pela qual você a convidaria, Eliza zombou, fazendo todos rirem novamente.

O clima era leve, natural, cheio de significados ocultos. Os três homens, apesar das provocações, compartilhavam um vínculo que só anos de confiança poderiam construir.

O almoço havia terminado, e eles permaneciam à mesa, conversando, quando o celular de Aurora vibrou em sua bolsa. Ela olhou para a tela — era a escola de Davi.

Olá?

Senhorita Aurora? Aqui é a escola. O Davi está com febre. Ele está bem por enquanto, mas precisamos que você venha buscá-lo.

Seu estômago embrulhou.

Eu... estou a caminho.

Ela encerrou a ligação e se levantou tão rápido que a cadeira raspou no chão. Seu rosto estava pálido.

Meu filho... ele está com febre. Preciso ir para a escola — disse ela, agarrando a mochila com as mãos trêmulas.

Espere, respire — Eliza também se levantou, com os olhos arregalados. Ela olhou para os homens. Ela estava trabalhando, então não podia simplesmente se oferecer para ir junto.

Henrique já estava pegando suas chaves.

Eu vou levá-la.

Leandro, que também havia se levantado, colocou a mão gentilmente no ombro de Aurora.

Vai ficar tudo bem. Estamos com você.

Aurora assentiu, com os olhos marejados.

Muito obrigada, Sr. Rafael. Desculpe-me por ir embora assim — disse ela, correndo para a porta.

Não precisa se desculpar. Eu entendo. Eu sei como é ter um filho doente e não estar com ele. Apenas respire. Crianças são mais fortes do que pensamos.

Ela deu um pequeno sorriso agradecido, despediu-se de Eliza e entrou no carro de Henrique. Leandro seguiu no seu.

Mas Aurora mal percebeu. Naquele momento, só uma coisa importava.

Davi.