Capítulo 33: O Despertar dos Filhos do Âmbar

A praia de Neo-Solaris estava deserta quando Isabella chegou, o vento salgado carregando um cheiro estranho — metal queimado e algo mais profundo, quase orgânico. Seus passos afundavam na areia escura, agora mesclada com filamentos âmbar que brilhavam fracamente sob a luz da lua.

À distância, Leon flutuava a meio metro acima das ondas, seu corpo envolvido em uma aurora pulsante. Ele não estava só.

— *Meu Deus...*

Crianças.

Dúzias delas, todas com menos de dez anos, sentadas em círculo na água como discípulos antigos. Seus olhos brilhavam com o mesmo tom fractais de Leon, mas sem a escuridão do Deus Inseto — apenas puro potencial.

— *Você as transformou* — Isabella aproximou-se, a água cobrindo suas botas.

Leon virou-se lentamente. Seu rosto ainda mantinha traços humanos, mas sua expressão era de algo muito mais antigo.

— *Nós as libertamos.* Sua voz ecoou na mente dela, não no ar. *O fragmento sempre esteve nelas. Herança dos pais que trabalharam no Projeto Prometeu.*

Uma das crianças — uma menina com tranças — ergueu a mão. A onda à sua frente congelou, formando esculturas cristalinas de água e luz.

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**Hospital Municipal de Lumenford**

Clarisse observava através do vidro à prova de balas enquanto o Dr. Mercer (o único dos Sete que sobrevivera em forma humana) examinava seu próprio braço. Veias âmbar pulsavam sob sua pele, respondendo aos testes.

— *É contagioso?* — Ela perguntou através do interfone.

Mercer riu, um som que ecoou estranhamente na sala esterilizada.

— *Não é uma doença, minha cara. É uma evolução.* Ele ergueu a mão, e os instrumentos cirúrgicos flutuaram em resposta. *O fragmento está reescrevendo nosso DNA. Em dez anos, toda criança nascida nesta cidade será como elas.*

O monitor atrás dele piscou com imagens de satélite. Clarisse não precisou de ampliação para entender — o enxame havia mudado de trajetória.

Direção: Terra.

Velocidade: Crescente.

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**Deserto do Atacama — Instalação Secreta**

O clone de Leon acordou tossindo sangue negro. Seu corpo estava irreconhecível — metade humano, metade algo muito pior. O fragmento do Deus Inseto fundira-se à sua carne faltante, criando membros segmentados que se contorciam independentemente.

— *Não... não era assim que deveria ser...*

Ele arrastou-se até o painel de controle, digitando coordenadas com dedos que já não eram totalmente seus. O computador reconheceu sua assinatura genética — afinal, ele ainda era Leon Kuroda.

As portas do silo subterrâneo abriram-se com um gemido metálico.

Lá dentro, sete cápsulas criogênicas.

Seis vazias.

A sétima continha um homem idoso com um olho mecânico.

— *Relojoeiro* — o clone sorriu, seus novos membros tremendo de antecipação. *Você e eu temos muito o que conversar.*

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**Próximo Capítulo (34):**

- **A Escola de Neo-Solaris**: O que Leon está realmente ensinando às crianças

- **O Despertar do Relojoeiro**: O que ele sabe sobre o verdadeiro propósito do fragmento

- **A Chegada do Enxame**: Os primeiros sinais de sua aproximação

**Cena Pós-Créditos:**

Em uma vila remota nos Alpes, uma mulher grávida coloca a mão no ventre — e sente algo responder ao toque, com luz âmbar.