# A Mansão de Fogo
## Episódio 4 – Os Jogos Começam
*Narrado por Yasmin & Leyla*
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### Yasmin
O anúncio veio ao amanhecer.
Camila estava no salão principal, vestida em seda verde-esmeralda, com dois homens atrás dela segurando pergaminhos e uma caixa de veludo.
“A linhagem dos De la Rosa exige resiliência,” ela declarou. “Cada geração deve provar seu valor. Hoje, os testes começam.”
Meu estômago se revirou.
Olhei para Leyla do outro lado do salão. Ela assentiu levemente. Estávamos prontas — ou precisávamos estar.
Alejandro e Rafael estavam à frente, tão enigmáticos quanto sempre.
Camila me entregou um pergaminho. “Seu desafio é observação. Siga o quadro. Encontre a mentira.”
Alejandro se inclinou em minha direção. “Não confie no que você vê.”
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### Leyla
Meu pergaminho era diferente.
“Destranque o símbolo de sangue e fogo. Ele repousa sob as raízes mais antigas.”
Eu sabia onde deveria ir — a estufa.
Dentro da caixa de veludo, havia uma bússola dourada. Mas ela não apontava para o norte… apontava para outro lugar.
Caminhei por corredores esquecidos, sentindo o piso vibrar sob meus pés. Isso não era uma brincadeira.
Era guerra disfarçada de ritual.
No centro da estufa, ajoelhei-me junto à árvore retorcida e comecei a cavar.
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### Yasmin
Na galeria de retratos, cada moldura contava uma história.
Mulheres em vestidos de seda, homens em trajes militares, crianças com olhos afiados. Gerações dos De la Rosa, eternizadas.
Mas algo estava errado.
Um quadro — a mulher parecia comigo. Não parecida… *idêntica*.
Meu peito apertou.
Abaixo dela, uma plaquinha dourada:
*Isabela De la Rosa – 1992.*
Toquei a moldura. O ar esfriou.
Atrás de mim, Alejandro falou.
“Ela era sua tia.”
Virei-me. “Ela se parece comigo.”
Ele assentiu. “Porque laços de sangue às vezes vão além do sangue.”
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### Leyla
Meus dedos tocaram algo sólido entre as raízes.
Uma pedra entalhada. Coberta por musgo e cinzas. Um fênix.
Ao limpá-la, a bússola em meu bolso começou a girar descontroladamente.
As raízes ao redor da pedra brilharam, como se o ar tremesse. Toquei-a — e ela emitiu um brilho avermelhado.
Então, uma rachadura cruzou o teto da estufa.
Alguém havia ativado um alarme.
Virei-me e vi Rafael do lado de fora, observando.
Ele não entrou.
Apenas se afastou.
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### Yasmin
Quanto mais eu observava o quadro, mais notava os detalhes. O fundo não era da galeria original.
Era a biblioteca da mansão. Mas em outra época.
Camila surgiu em silêncio. “Ela era dotada. Demais, talvez.”
“O que aconteceu com ela?” perguntei.
“Fez as perguntas erradas. Confiou no irmão errado.”
Congelei.
“Qual deles?”
Ela não respondeu.
Apenas me entregou uma chave.
“As portas estão se abrindo, Yasmin. Escolha bem por onde você entra.”
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### Leyla
De volta ao quarto, Yasmin já me esperava.
Ela segurava a chave. Eu, a pedra.
“O que fazemos?” perguntei.
Yasmin respondeu firme: “Jogamos o jogo.”
“Mas não pelas regras deles,” acrescentei.
Ela assentiu.
Naquela noite, tivemos o mesmo pesadelo — fogo nos corredores, espelhos rachando, vozes sussurrando nomes que não reconhecíamos... mas que, de algum modo, pertenciam a nós.
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### Yasmin
No café da manhã, os resultados do primeiro teste chegaram em envelopes selados com cera vermelha.
O meu dizia:
*Você vê mais do que o esperado. Cuidado com quem te observa.*
Alejandro me olhou do outro lado da mesa. O mesmo olhar indecifrável. Mas, dessa vez, achei ver arrependimento.
Ou talvez um alerta.
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### Leyla
O meu dizia:
*O passado tem raízes. Você tocou uma. Não permita que ela cresça descontrolada.*
Camila colocou a mão em meu ombro quando me levantei.
“O próximo teste será mais duro,” disse ela.
“Ótimo,” respondi. “Não vim aqui pelo fácil.”
Ela sorriu daquele jeito frio e preciso.
Como alguém que sabia que o fogo estava apenas começando.
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### O que vem a seguir...
*O cofre será aberto.
Mas algumas portas nunca deveriam ser destrancadas.*
**No Episódio 5: O Cofre**
Yasmin usa a chave.
Leyla segue um rastro sob a mansão — e encontra a primeira verdade.