Com os olhos fechados, Leo esperou que o peso da aprovação caísse sobre ela. Imaginou a alegria dos amigos e a insatisfação de alguns colegas que realmente esperavam que ela fracassasse.
Mas então... nada aconteceu.
Nenhum som. Nenhuma reação.
Apenas um silêncio denso, quase cruel — como se o próprio ar ao redor dela tivesse sido sugado.
Ela franziu a testa, pensando que devia ter entendido errado alguma coisa, ou que o vento havia sussurrado palavras conflitantes só para estragar seu dia.
Mas não.
Ninguém a olhava diretamente. E depois das palavras proferidas por Silas perante o arquiduque e os superiores, tudo em sua mente se desfez.
Virando-se lentamente para a esquerda, ela examinou a fileira de rostos familiares e viu apenas um olhar fixo nela: Mariano.
Aquele miserável desgraçado da outra noite.
E lá estavam os olhos dele — pingando de uma satisfação cruel. Um tipo de prazer que ele jamais deveria sentir... mas agora, ela sabia, ele sentia por causa dela.
"Jana Almadeira, cadete 401, ofereça sua lâmina e jure seu Credo." A garota de cabelos castanhos na fileira dela, bem mais baixa que ela, lançou-lhe um olhar rápido antes de passar para o outro lado.
Devido à máscara de pano, sua expressão completa não era visível, mas seu comportamento — junto com o de outras pessoas próximas — foi o suficiente para Leo começar a juntar as peças.
Isso tinha que ser um engano, certo? Será que eles... leram errado o nome dela?
Talvez fosse para outro cadete e eles erraram a posição.
Sim, deve ser isso. Melhor esperar, com certeza foi um erro.
Então ela esperou. Um, dois, cinco minutos. Outros cadetes foram chamados e transferidos para suas novas posições, mas Leonia permaneceu.
Uma voz irritante ecoava em sua mente, repetindo cada detalhe do treinamento. Tudo estava certo. Nada parecia fora do lugar.
Leonia Bellius fez tudo com perfeição.
Mas e se ela realmente tivesse falhado em um dos testes?
Ela olhou para a palma da mão novamente.
Não. Impossível. Não pode ser esse o motivo, certo? Melhor esperar.
À sua direita, Baron, o candidato alto de cabelos loiros e cacheados, olhava para ela de canto de olho, esperando ser chamado.
Ele parecia ansioso para ajudar, mas incerto sobre o que fazer com ela ainda parada ali.
Nenhum dos candidatos ou superiores disse nada. Nenhuma explicação. Nenhuma objeção. Apenas silêncio.
Era como se todos tivessem decidido ignorar o elefante na sala.
O olhar ansioso de expectativa no rosto de Leonia, de 19 anos, estava desaparecendo lentamente à medida que a lista de nomes se aproximava do fim.
Agonia e ansiedade a dominaram e, num gesto considerado rude, Leo levantou a mão, chamando a atenção enquanto ela se dirigia a Simone Samarone:
— "Locutor, com sua permissão, gostaria de interrompê-lo."
O homem não respondeu de imediato. Leu mais dois nomes antes de fechar o pergaminho e olhar para ela.
— "Candidato Bellius, há algum problema?" — zombou Silas, como se estivesse esperando por isso.
— "Sim. Parece que fizeram um relato equivocado sobre mim."
— "Enganado? Nada me escapa. Devo encarar isso como um desafio à minha posição?"
Leo resistiu à vontade de revirar os olhos. Silas, para os outros, era respeitado. Para ela, apenas um homem insuportável em um traje cerimonial caro.
Ela respirou fundo, tentando manter a compostura.
— "Pelo contrário, senhor. Devido à minha posição entre as fileiras, creio que não ouvi meu nome sendo chamado. Estou apenas solicitando que repita."
— "Aquilo?" — ele torceu o nariz levemente antes de reabrir o pergaminho, procurando o nome dela na longa lista. — "Vamos ver... Leora... Levinia... ah, sim! Leonia Bellius?" — ele olhou para ela.
— "Sou eu." — seu coração batia lentamente, suas mãos tremiam.
Só podia ser um engano. Ela sabia disso.
— "Não me esqueci de te ligar. Você foi rejeitado, candidato 399. Um feito e tanto, se assim posso dizer." — disse ele sem surpresa.
— "O quê? Rejeitado?! Como?!"
— "Sim, você foi rejeitado. Surpreso? Não me importo. Aprenda a aceitar. Próximo!" — ele ignorou, sem nem sair da plataforma.
O silêncio ao redor dela era absoluto. Todos haviam sido treinados para permanecer neutros.
Mas isso era inaceitável.
Em mais de 60 anos de história, o Arquiduque de Monteiro nunca teve um candidato rejeitado após sobreviver ao Despertar — muito menos durante a Cerimônia de Formatura.
E Leonia, de alguma forma, conseguiu fazer história.
Ela não sabia se devia se aplaudir por tal fracasso ou se devia se consolar dando um tapinha nas costas.
Não que ela estivesse pensando claramente naquele momento.
O número de candidatos continuava diminuindo, e ela ainda não havia se movido. Ninguém sequer pensou em interferir.
Não foi permitido que ela atravessasse para o outro lado.
Sua respiração acelerou, seus punhos tremeram e uma sensação avassaladora tomou conta dela, fazendo sua pele arrepiar.
Onde ela errou?
Isso foi muito injusto.
— "Candidato Bellius, aceite seu resultado e deixe a formação." — ordenou Silas, impaciente.
— Não. Este resultado não faz sentido. E eu não vou embora sem uma explicação... ou a verdade. — ela se manteve firme, ignorando completamente os outros quatro candidatos que aguardavam para serem chamados.
Infelizmente, eles teriam que esperar.
— "Que verdade, senhorita?" — ele manteve o tom desdenhoso, a postura inalterada, mas Leo sentia a dor por trás de cada palavra. E ela odiava isso — odiava ainda mais que ele fosse quem ditava seu "destino".
— "Isso é uma piada. Esse pergaminho está errado." — ela deu um passo à frente, e ninguém ao redor se moveu.
Eles nunca seriam tão imprudentes, não quando estavam tão perto de seu objetivo.
Era ela, para ela.
— "Errado? Está questionando seus superiores, candidata?" — sua voz assumiu um tom dramático, como se o que ela estivesse fazendo fosse loucura.
Mas não tão louco quanto tudo isso.
— "Sou. Passei em todos os testes. Sou tão capaz quanto os outros que você chamou antes de mim. E não vejo nenhuma razão clara ou válida para estar sendo submetido a uma cena tão humilhante."
— "Humilhante?! Primeiro, você me desrespeitou e agora sugere fraude dentro do Conselho?"
— "A corrupção sempre esteve presente na alma humana. Não vejo razão para que ela não exista em alguém que me odeia como você."
— "E o que isso tem a ver?"
— "Aceite minhas palavras como quiser, Silas Samarone. Não me importa a sua opinião. Só quero o resultado real." — ela disparou.
— "Chega." — interrompeu a voz firme de Alphonse. — "Bellius, você está atrapalhando a cerimônia. Se não está satisfeito, vá embora. Cuidamos disso depois."
Leo estava tão focada em despejar sua raiva e confusão no Anunciador que ignorou os verdadeiros responsáveis pela decisão.
Mais tarde? Ela deveria ir embora como um cachorro açoitado?
Isso não estava certo.
Sua expressão de descontentamento transformou-se em desgosto e repulsa ao olhar para os membros presentes no palco. Todos pareciam concordar com o resultado.
Como se soubessem — e não tivessem nenhuma objeção.
Eu não morri no Despertar. Estou vivo. Essa vitória é minha!
Ela soltou uma risada curta e incrédula antes de virar os pés na neve, "pronta para sair".
Com a cabeça baixa, ela passou pelos candidatos restantes em silêncio.
Ela não falhou.
Ela não merecia isso.
Pelo contrário.
Ela era a mais merecedora ali.
E se era isso que eles queriam, ela teria que provar seu ponto.
O próximo nome foi chamado como se a interrupção nunca tivesse acontecido.
A cerimônia continuou como se nada tivesse acontecido.
Um ser fraco e amaldiçoado — a vitória nunca será sua.
Não. Isso jamais aconteceria. Levantando a cabeça em direção aos portões de saída da grande arena, Leonia Bellius sussurrou para si mesma, resoluta:
— "Se não declararem a minha glória, então eu a arrancarei com as minhas próprias mãos."
Ela se virou novamente para o palco, levando as mãos à cintura e sacando duas adagas — uma de cada lado.
Ela seguiu o mesmo caminho que os outros candidatos.
— "O que você está fazendo, Cadete 399?!" — Silas gritou do púlpito.
Ela ignorou a pergunta.
— "Não vou embora até conseguir o que é meu por direito." — ela girou uma das lâminas cerimoniais entre os dedos. Um gosto amargo subiu à sua boca; levantar a cabeça não foi fácil.
E quem disse que seria?
— "Mesmo que eu tenha que pegá-la sozinha." — Com precisão incomparável, ela lançou a primeira adaga. Era uma distância considerável, mas, devido à sua habilidade com alvos, atingiu o escudo de aura ao redor do Arquiduque, rachando-o levemente antes de cair com um estrondo metálico.
Carmelius Monteiro, um homem alto de cabelos pretos e grisalhos, ergueu os olhos em direção ao escudo afetado como se pouco se importasse com a ameaça.
Então olhou para ela com puro desinteresse, erguendo uma sobrancelha — curioso, mas inabalável.
— "Isso foi um aviso. Não vou perder o próximo." — ameaçou ela, girando a segunda lâmina na mão.
Isso causou claro alarme entre os candidatos e os Arautos.
Agora, ninguém poderia ignorá-la.
Aparentemente, os deuses a odiavam o suficiente para sempre deixá-la miserável. Mas não desta vez.
Os deuses poderiam ir para o inferno com seus destinos.
Ela faria a sua própria.
Essa frase deveria ter marcado o fim dos seus problemas.
Mas isso foi só o começo.