O Pensamento do Rei Lycan é Insano!

Primrose nunca esperou retornar neste exato momento, a noite em que o Rei Lycan entraria em seu quarto, apenas para sair novamente cinco minutos depois.

Ele nem sequer lhe dirigiu mais que um olhar antes de bufar e se afastar, como se ela fosse algo repulsivo.

E ainda assim... lá estava ele. Parado à sua porta.

Edmund Osbert Varnhame.

O Rei Lycan. O Rei das Feras. O homem que uma vez a tratou como se ela mal existisse.

Seus ombros largos estavam rígidos, braços cruzados sobre o peito como se estivesse se preparando para a guerra, e seus olhos azul-gelo fixaram-se nela com uma expressão indecifrável.

Seu cabelo preto como carvão, ainda desalinhado do casamento apressado, caía desgrenhado sobre sua testa. Seu maxilar afiado estava tão cerrado que ela jurou ouvir seus dentes rangerem.

Sua pele bronzeada era resultado de anos treinando sob o calor escaldante, aperfeiçoando sua força até a perfeição.

Primrose engoliu em seco.

Porque não importava quantas vezes ela o tivesse amaldiçoado, não importava quanto ressentimento ela tivesse enterrado em seu coração, ela não podia negar a verdade.

Ele era devastadoramente, injustamente, ridiculamente bonito.

Em sua primeira vida, Edmund mal havia falado com ela.

Um "durma onde quiser" sem entusiasmo e um "tenho assuntos mais importantes para resolver" desdenhoso foram as únicas palavras que ele lhe deixou antes de sair do quarto sem olhar para trás.

Era isso. Foi tudo que ela recebeu de seu recém-casado marido.

Ela havia se convencido de que ele a odiava. Que ele a achava repugnante.

Mas agora...

Agora ela podia ouvir seus pensamentos.

E a primeira coisa que ela ouviu no momento em que ele entrou foi—

[Ah, merda. Ela é tão linda. O que diabos eu faço agora?]

Primrose piscou.

Ela deve ter ouvido errado.

Este era Edmund, o homem que a tratou com nada além de frieza distante.

Não havia como seu primeiro pensamento ao vê-la ser—

[A cintura dela é tão fina. Se eu envolver meus braços ao redor dela, poderia levantá-la com uma mão—]

Primrose prendeu a respiração.

Seus dedos instintivamente se enrolaram em sua camisola, agarrando o tecido fino enquanto ela o encarava com incredulidade.

Seu rosto permanecia uma máscara de indiferença. Mas sua mente?

Puro caos.

[—Espera, não! Não olhe! NÃO OLHE! Ela provavelmente me teme. Ela provavelmente me odeia. Se eu olhar demais, posso perder o controle!]

Seu cérebro estava gritando para ele não olhar.

E, ainda assim, seus olhos traidores se moveram mesmo assim.

Arrastando-se sobre sua forma.

Parando em sua camisola roxa transparente, praticamente translúcida.

Silêncio.

[Por que diabos é transparente? QUEM FEZ ISSO TRANSPARENTE?!]

[Ela está tentando me matar? É um teste? Alguém a subornou para me assassinar me dando um ataque cardíaco?!]

[Acalme-se, Edmund. Você enfrentou guerras, derramamento de sangue e feras ancestrais. Você pode lidar com sua própria esposa vestindo uma—]

[—uma maldita camisola transparente?!]

[EU NÃO ESTOU LIDANDO BEM COM ISSO.]

[Não olhe para as pernas dela. Não olhe para—MERDA, EU OLHEI!]

Primrose estava atônita demais para falar.

Ela nem conseguia piscar.

A mente dele estava descontrolada!

Um segundo, ele dizia a si mesmo para não olhar.

Alguns segundos depois?

Ele olhava para ela.

Então gritava consigo mesmo.

'Por que ele está se esforçando tanto para não olhar para mim?'

Ela manteve o rosto calmo, mas internamente, estava gritando—a essa altura, ambos estavam gritando um com o outro, mas internamente.

'Este não pode ser o mesmo homem que me ignorou por anos.'

Este era um lobo crescido e socialmente inepto que não tinha ideia de como lidar com sua própria esposa.

[Minha companheira é humana....]

Ah.

'Lá vem.'

Esta era a parte em que ele começaria a insultá-la.

Como todos os outros.

Como o resto do reino, ele zombaria de sua fraqueza, menosprezaria sua existência e amaldiçoaria a Deusa da Lua por acorrentá-lo a uma companheira indigna.

Afinal, ele não a havia marcado na noite de núpcias, deixando-a sem reivindicação por um ano inteiro de casamento.

'Ele deve odiar esse vínculo.'

Mas então, algo inesperado escapou de sua mente.

[Ela é pequena demais, suave demais, bonita demais.]

[Eu sou uma besta. Sou um monstro. Não mereço minha esposa....]

[Não quero machucá-la ao marcá-la. E se ela ficar doente depois da nossa noite de núpcias?]

Os punhos de Primrose se cerraram.

Ele estava com medo de machucá-la?

'É por isso que ele não quis me reivindicar na nossa noite de núpcias?'

Esse desgraçado.

Por causa do medo dele, Primrose havia suportado humilhações sem fim como sussurros, zombarias e escárnio descarado das pessoas do palácio.

Todos pensavam que o rei a odiava.

Todos presumiam que ela era tão sem valor que nem merecia sua marca.

Então a insultavam sempre que Edmund não estava por perto.

Mas agora que ela estava pensando nisso...

Por quê?

Por que eles só a insultavam quando Edmund não estava por perto?

Por que fingiam respeitá-la no momento em que ele retornava?

Não, eles não faziam isso por obrigação de respeitar sua rainha.

Mas às vezes, apenas por um lampejo de momento, Primrose captava algo em suas expressões.

Medo.

E eram sempre aqueles que mais a haviam insultado.

Ela se lembrou de um soldado certa vez, ousado o suficiente para zombar dela em público, suas palavras pingando desprezo. Na próxima vez que ela o procurou? Ele havia sumido. Desaparecido sem deixar rastros.

Na época, ela não tinha pensado muito nisso.

Mas agora?

Agora, ela não conseguia se livrar da sensação de que algo não estava certo.

Isso significava...

Edmund secretamente punia aqueles que a desrespeitavam?

Em sua primeira vida, Primrose teria rido de tal absurdo. Mas ela nesta vida? Não tinha dúvidas.

Talvez ele não fosse completamente terrível.

Não. De jeito nenhum. Ele ainda era terrível.

Se ele não tivesse sido um maldito covarde, ela não teria sofrido em primeiro lugar.

Ele precisava aprender sua lição.

"Vossa Majestade," disse Primrose, sua voz afiada como uma lâmina.

Ela não cometeria os mesmos erros novamente.

Antes, ela havia tentado. Ela havia feito tudo para ganhar o respeito das bestas. Ela os tratou com carinho, com paciência, com bondade apesar do desdém flagrante que tinham por ela.

E o que recebeu em troca?

Eles nem sequer fingiam respeitá-la. Não se curvavam. Não a reconheciam como rainha. Zombavam dela, sussurravam pelas suas costas e olhavam para ela como se fosse uma praga em seu reino.

Então por que diabos ela deveria tentar novamente?

Desta vez, se eles não a aceitassem, então ela partiria.

Ela desapareceria deste reino miserável. Das bestas que a desprezavam. Dos humanos que a jogaram neste poço do inferno como um cordeiro sacrificial.

Ela poderia recomeçar. Em algum lugar bem, bem longe.

Uma pequena vila, talvez. Ela poderia mudar sua identidade, tornar-se uma nobre fugitiva escapando de um lar abusivo.

Ela poderia abrir uma taverna. Um lugarzinho tranquilo onde as pessoas vinham beber, derramar seus segredos e deixar um punhado de moedas no balcão.

Uma vida simples. Uma vida livre.

E para fazer isso acontecer, ela precisava de dinheiro.

Muito dinheiro. O suficiente para viver confortavelmente como uma rica e misteriosa bartender que só abria sua taverna para fofocas.

Seus olhos dourados cintilaram com determinação.

"Você deve estar desapontado por me ter como sua companheira," ela disse, seu tom gelado e distante.

"Não sou nada além de um fardo para você. Uma mancha em seu trono." Ela ergueu o queixo, observando cuidadosamente sua reação. "Não vou pedir nada a você. Não vou esperar que me respeite."

O rosto de Edmund permaneceu calmo, mas seus pensamentos instantaneamente entraram em pânico.

[Desapontado? Eu? Como diabos eu poderia estar desapontado com minha esposa?!]

[Esposa parece brava. Esposa parece muito brava. Merda. Devo ter feito algo terrível.]

Primrose encontrou seu olhar, sua voz firme, mas não havia mais calor nela. "Me recuso a passar o resto da minha vida me sentindo indigna. E estou cansada de ouvir seu povo me lançar insultos como se eu não fosse nada."

Ela deu um passo à frente. Edmund não se moveu. Ele estava ocupado demais lutando com sua própria mente.

[Esposa está se aproximando. Muito perto. Perto demais. Fique calmo. Fique—]

"É por isso que estou lhe oferecendo um acordo," ela disse, seu tom como gelo. "Vamos acabar com isso, Vossa Majestade. Pegarei meu dote e deixarei o reino."

Todo o corpo dele ficou rígido.

"Não se preocupe," ela acrescentou, um sorriso vazio curvando seus lábios. "Irei para algum lugar distante, onde nem você nem seu povo jamais me verão novamente."

O coração de Edmund bateu contra suas costelas, seu rosto escureceu.

"E se você estiver preocupado com sua reputação, pode dizer a todos que tirei minha própria vida na nossa noite de núpcias."

Silêncio.

Um silêncio sufocante.

"Ninguém vai culpá-lo," ela continuou, sua voz mal passando de um sussurro. "Eles apenas presumirão que sou fraca demais para este reino. Você não terá uma rainha. Mas você nunca quis uma, de qualquer forma."

Ela esperou.

Esperou que ele dissesse algo.

Qualquer coisa.

Mas Edmund Osbert Varnharme, o poderoso Rei Lycan, ficou ali como um homem atingido por um raio, seus pensamentos gritando dentro de sua cabeça.

[O QUÊ?!]