Na sala de jantar, Edmund estava sentado sozinho na cabeceira da mesa. Sua expressão era... como Primrose deveria descrevê-la? Ruim? Constipada? Assassina?
O que quer que fosse, ele parecia furioso. Todo o seu corpo estava tenso sob suas roupas.
Seus punhos estavam tão cerrados que os nós dos dedos ficaram brancos, e seu cabelo preto como breu estava levemente desalinhado, como se ele tivesse passado as mãos por ele muitas vezes em frustração.
Qual é o problema dele? Primrose franziu a testa, lançando um olhar furtivo para ele.
Então, ela ouviu sua mente.
E oh.
[Minha esposa! Minha esposa está sentada ao meu lado!]
[Ela cheira tão bem! E está tão linda hoje!]
[Será que ela dormiu bem ontem à noite? Eu não consegui dormir nada... minha maldita ereção não baixava!]
[... Merda! Está acontecendo de novo!]
O corpo inteiro de Edmund ficou rígido quando ela se sentou ao lado dele.
Ele inspirou profundamente, o som quase inaudível, mas Primrose ouviu. O pomo de Adão dele subiu e desceu, seus punhos se apertaram ainda mais e, além de tudo isso, ele ainda se recusava a olhar para ela.
Então, um rosnado profundo saiu de sua garganta.
Oh?
Primrose apertou os lábios para suprimir uma risada.
Seria possível que o Rei Lycan a tivesse deixado na sala de jantar antes... porque ele não conseguia se controlar perto dela?
Naquela época, ele nem mesmo a tinha marcado ainda, e ainda assim reagia como uma completa bagunça perto dela. E agora?
Primrose lançou um olhar furtivo para Edmund. Ele estava sentado ao lado dela, tenso como uma mola enrolada, parecendo estar em verdadeira dor física.
A verdade era que, sim, sua ereção estava sofrendo.
Seu maxilar afiado estava tão cerrado que ela jurava poder ouvir seus dentes rangendo. Suas mãos agarravam os talheres como se eles o tivessem ofendido pessoalmente.
Um sorriso lento e malicioso curvou seus lábios.
Este homem tinha ousado fazê-la sofrer na noite passada, deixando-a sozinha para lidar com o calor que ele havia acendido.
Que injusto. Que cruel. Bem, que tipo de rainha ela seria se não retribuísse o favor?
Ela alcançou seu copo, deliberadamente inclinando-se o suficiente para que o Rei Lycan tivesse uma boa visão de seu decote.
"Oh—" Ela suspirou suavemente, com a voz carregada de fingida inocência, enquanto acidentalmente derrubava o garfo perto do prato dele no chão.
Edmund congelou. Todo o seu corpo estava travado como uma estátua esculpida em pedra.
[Não pegue. Não pegue. Não pegue—]
Sorrindo para si mesma, Primrose se inclinou para pegar o garfo caído, garantindo que seu decote estivesse perfeitamente à mostra, criando uma visão irresistível só para ele.
[Ah, merda.]
[Eu quero tocar.]
[Não, eu preciso tocar.]
Os dedos de Edmund tremeram ao redor da faca, seu corpo se enrolando como um predador pronto para atacar.
Seu sangue corria escaldante, cada centímetro dele tenso com o impulso primitivo de agarrar, de sentir como ela era macia, de pressionar suas mãos sobre aquele seio perfeito e redondo e—
[PARE. DE. PENSAR.]
Um violento arrastar de cadeira ecoou pela sala de jantar.
"Eu tenho trabalho," Edmund soltou, sua voz rouca de tensão. Suas mãos estavam fechadas ao lado do corpo como se fisicamente se contivesse de virar a mesa inteira.
Primrose piscou para ele inocentemente. "Mas, Vossa Majestade, o senhor nem terminou de comer."
Edmund lançou-lhe um olhar tão afiado que poderia cortar aço. Ele soltou uma exalação áspera e frustrada.
[Se eu ficar mais um segundo, vou jogá-la sobre meu ombro, marchar de volta para o quarto e—]
Primrose franziu as sobrancelhas, fingindo preocupação. "O senhor está bem, Vossa Majestade?"
"Estou bem!" ele respondeu bruscamente, rápido demais, ríspido demais. Sua cadeira arranhou o chão quando ele a empurrou para trás. "Terminei de comer!"
[Não! Não! Esposa, me desculpe!]
[Não é você—eu só—merda! Essa maldita ereção não vai baixar!]
Em sua primeira vida, Primrose o tinha deixado ir embora, engolindo a humilhação como um remédio amargo.
Mas desta vez? Oh, ela não o deixaria escapar tão facilmente.
Justo quando Edmund se virou para sair, ela falou, sua voz suave, cheia da quantidade certa de vulnerabilidade.
"Se você sair agora, vai me fazer parecer mal."
Ela soltou um suspiro desolado, baixando o olhar como uma mulher resignada ao seu destino. "As pessoas vão pensar que Sua Majestade está evitando sua companheira na manhã seguinte após marcá-la. Você pode não se importar, mas todos os outros vão cochichar pelas suas costas sobre o quanto você me despreza."
Uma pausa. Apenas o suficiente para deixar suas palavras penetrarem. "Mas tudo bem, Vossa Majestade."
Primrose levantou uma mão delicada para o canto do olho, esfregando lágrimas inexistentes. Seus cílios tremularam, e seus lábios tremeram o suficiente para torcer a faca ainda mais fundo. "Eu sei que você me odeia. Sei que provavelmente nem mereço sua atenção."
Ela não esperava muito de sua pequena encenação.
Mas no momento em que as palavras saíram de seus lábios, Edmund congelou. E em segundos, o Rei Lycan voltou a se sentar.
[Quem diabos ousou insultar minha esposa?!]
[Se ela disse que as pessoas estavam falando mal pelas costas dela, então deve ser verdade. Preciso encontrar esses desgraçados.]
Então, ele realmente punia qualquer um que ousasse falar mal dela.
Mas qual era o ponto?
Não importava quantas pessoas ele silenciasse, sempre haveria mais. Os odiadores se multiplicavam como ervas daninhas, cortar um apenas abria espaço para outro crescer.
Era exatamente assim que tinha sido em sua primeira vida.
E como ela e Edmund mal conversavam, ele nunca percebeu que isso estava acontecendo. Enquanto as pessoas mantivessem seus insultos longe dos ouvidos dele, ele permanecia alheio.
É por isso que a comunicação era importante em um casamento!
Se Edmund não tivesse passado todo o tempo franzindo a testa ou olhando para ela como se ela fosse algum tipo de praga, talvez, apenas talvez, Primrose teria tido coragem de falar com ele.
Ela era apenas humana, ok?
Viver entre bestas poderosas significava que ela tinha que ter cuidado com cada passo. A última coisa que ela queria era irritar o Rei Lycan.
Sim, ela havia abraçado a morte quando ela veio buscá-la, mas isso não significava que ela era suicida!
"Obrigada, Vossa Majestade."
Primrose deliberadamente colocou sua mão sobre a de Edmund, esfregando-a suavemente, quase como se estivesse acariciando a pata de um cachorro. "Você é realmente atencioso."
Nesta vida, ela tinha um plano.
Se ela quisesse silenciar os boatos e fazê-los engasgar com suas próprias palavras, ela tinha que garantir que o Rei Lycan parecesse completa e desesperadamente apaixonado por ela.
Todos precisavam ver isso.
Eles precisavam ver que Edmund a valorizava, a adorava e não podia viver sem ela.
Mas primeiro... ela realmente tinha que ensinar a esse maldito homem como se comunicar adequadamente!
"Não toque na minha mão!" Ele puxou a mão, virando o rosto para longe dela.
[MINHA ESPOSA ME TOCOU! A mão dela é tão macia! Mas se ela continuar fazendo isso, posso perder o controle!]
[Ah não. Agi como uma besta completa! Ela deve estar chateada. Tenho que dizer algo! Rápido!]
Edmund tossiu, mexendo-se desconfortavelmente em seu assento.
Ele parecia um homem desesperadamente tentando consertar algo, mas sem ideia do que dizer.
Primrose inclinou a cabeça, observando-o se contorcer.
Oh, isso seria divertido.
"Ah, me desculpe, Vossa Majestade."
Primrose rapidamente escondeu as mãos debaixo da mesa, abaixando a cabeça tão profundamente que Edmund não conseguia mais ver seu rosto. "Eu estava sendo inapropriada. Você deve estar enojado com meu toque."
Sua voz tremeu, não porque ela queria chorar, mas porque ela estava se esforçando ao máximo para não rir.
Mas para Edmund?
Parecia que ele tinha deixado sua esposa super-duper chateada a ponto de fazê-la chorar no meio do café da manhã!
[Ah, merda. Ah, merda. Eu a fiz chorar?!]
O pânico apareceu em seu rosto. Sua mente era uma tempestade de pensamentos frenéticos—
[Droga, o que eu faço?! Peço desculpas? Seguro a mão dela? Espera, não, se eu tocá-la, posso perder o controle—]
Edmund engoliu em seco. "E-eu não quis dizer—"
Ele hesitou, as palavras morrendo em sua garganta. O que ele estava tentando dizer?
Primrose levantou a cabeça tão lentamente, deixando uma única lágrima escorrer pelo rosto.
"Sim, Vossa Majestade?" ela perguntou, sua voz tremendo o suficiente para soar ferida.
Seus olhos redondos e brilhantes se fixaram nos dele, e todo o corpo de Edmund ficou tenso.
[Merda. Merda. Merda.]
[Eu acabei de fazer minha esposa chorar?]
[Olhe para ela! Aqueles olhos grandes e lacrimejantes, aquele lábio trêmulo—droga, ela é adorável.]
[Espere. Não. Foco. Ela está triste por minha causa?]
[O que eu faço? O que devo dizer?!]
[Esposa, por favor, não chore! Se você chorar, eu posso realmente me jogar pela janela.]
"E-eu não quis gritar com você," Edmund disse rigidamente, forçando as palavras a saírem. "Minha mão estava apenas gordurosa da comida."
Oh, ótimo! Finalmente, ele estava falando com ela sem latir como uma besta raivosa.
Espere... ela poderia ir mais longe? Poderia fazer com que ele parasse de gritar com ela para sempre?
Bem, bem. Vamos descobrir.
Primrose fungou delicadamente, deixando outra lágrima escorrer pelo rosto.
Sua voz tremeu o suficiente para soar de partir o coração. "É mesmo?" ela suavizou a voz. "Vossa Majestade... na verdade, eu tenho um coração fraco. Sempre que alguém levanta a voz para mim, meu peito dói tanto."
O rosto de Edmund perdeu a cor. Todo o seu corpo ficou rígido, congelado no lugar como se seu cérebro tivesse parado de funcionar pelo choque.
Até mesmo sua maldita ereção—sua teimosa e incontrolável ereção—imediatamente admitiu a derrota.
[Eu... EU QUASE MATEI MINHA ESPOSA!]
[Eu mereço morrer! Alguém me traga uma espada. Não, talvez uma guilhotina!]