O sonho apertou sua garganta como uma serpente.
Lily se debateu na palha, seus membros emaranhados no fino cobertor enquanto as mãos fantasmagóricas de seu pai arranhavam suas costas. No sonho, ela era uma criança novamente—silenciosa, aterrorizada, sangrando.
A risada de seu irmão ecoava atrás dele, uma demonstração de crueldade que era avassaladora. O som do chicote estalava alto. A sensação da pedra fria contra seus joelhos.
A voz dele, baixa e impiedosa: 'Você nem vale a dor.'
Ela acordou sobressaltada, encharcada de suor, sua respiração presa em algum lugar entre um grito e um soluço. Seu peito arfava. Seus pulsos doíam como se ainda estivessem amarrados. O luar cortava através das frestas do barraco como lâminas prateadas, e o ar noturno lá dentro era sufocante.
Os abusos pelos quais ela havia passado se repetiam mais uma vez. Seu corpo tremia, as memórias tão vívidas, suas cicatrizes tão recentes, e sua pele doía como se tudo tivesse acabado de acontecer novamente.