Capítulo 7: Sangue e Cinzas

Zayn e Ezra correram em direção à fronteira norte sob o luar pálido, o vento cortante atravessando as árvores. O cheiro de sangue os atingiu muito antes de chegarem à crista, carregando o inconfundível caos da batalha.

Lobos já lutavam ferozmente, rosnados e gritos cortando a escuridão. A voz de Ezra, tensa e baixa, quebrou o silêncio entre eles. "Apoiadores de Xavier Brightpaw. Parece que sua influência foi mais profunda do que imaginávamos."

Zayn não respondeu, com a mandíbula firmemente cerrada, fúria já queimando em suas veias. Ele podia sentir seu lobo empurrando para se libertar, pronto para derramar sangue.

Eles irromperam na cena, imediatamente se transformando em suas formas de lobo. O enorme lobo negro de Zayn avançou, poderoso e mortal, com o lobo prateado de Ezra logo atrás dele. A chegada deles fortaleceu a determinação de seus companheiros de alcateia, incentivando-os a lutar ainda mais.

Corpos colidiram. Dentes rasgaram carne. A batalha rapidamente se tornou brutal, impiedosa e pessoal.

Zayn cortou através dos lobos inimigos sem hesitação, rápido e imparável. Esses lobos tinham vindo para destruir a frágil paz que ele havia lutado para construir. Ele não mostraria misericórdia.

Ezra lutava ao seu lado, igualmente implacável, suas mandíbulas atacando cada lobo que os desafiava. Juntos, eles abriram caminho através das linhas inimigas como uma tempestade violenta, deixando destruição e morte atrás deles.

De repente, um lobo renegado de pelagem pálida avançou, dentes à mostra em um sorriso zombeteiro enquanto desviava das mandíbulas de Zayn.

"Alfa Zayn!" o lobo gritou, circulando ao seu redor. "Ainda brincando de herói? Ainda mentindo para si mesmo?"

O lobo de Zayn virou-se bruscamente, olhos ardendo de fúria.

O renegado riu cruelmente, olhos cheios de ódio. "Você é igual ao Alfa Grayson. Um monstro se escondendo atrás de vingança. Diga-me, Alfa, como é se tornar exatamente aquilo que você despreza?"

As palavras atingiram Zayn com força, abrindo feridas profundas e escondidas. Ele avançou cegamente, derrubando o renegado no chão. Sua raiva o consumiu completamente.

"Você ousa me comparar a ele?" Zayn rosnou, sua voz tremendo de fúria crua.

O renegado sob ele riu destemidamente. "Você acha que me matar muda a verdade? Encare, Alfa. Você não é melhor do que ele."

A raiva dominou Zayn, uma onda ardente de fúria derrubou a razão. Ele atacou o lobo renegado, dentes rasgando carne, garras dilacerando impiedosamente. Sangue derramou sobre suas patas e encharcou seu pelo, mas ainda assim ele não parou. O riso do renegado transformou-se em sons ofegantes, sufocantes, e finalmente silêncio, mas Zayn continuou atacando cegamente, incapaz de se conter.

"Alfa! Chega!" A voz urgente de Ezra ecoou claramente através do vínculo da alcateia. Um momento depois, Ezra colidiu com ele, derrubando-o do corpo quebrado.

Zayn cambaleou para se levantar, ofegando pesadamente, seus olhos selvagens com adrenalina. Sangue pingava de seu focinho, sua respiração vinha em arquejos irregulares. Lentamente, a clareza retornou, e ele viu a carnificina ao seu redor.

O campo de batalha estava silencioso agora. Seus guerreiros observavam cautelosamente, olhos arregalados de preocupação. Ezra voltou à forma humana, aproximando-se, sua expressão vigilante.

"Zayn," Ezra disse baixinho, mas com firmeza, colocando uma mão estabilizadora em seu ombro. "Acabou."

Zayn voltou lentamente à sua forma humana, forçando-se a ficar ereto, o peito ainda arfando de raiva persistente. Sangue manchava sua pele, suas mãos tremendo levemente.

"Reúnam todos os sobreviventes," Zayn ordenou com voz fria. "Acorrentem-nos nas masmorras. Sem comida. Eles vão falar, ou vão sofrer até que o façam."

"Sim, Alfa," Ezra disse rapidamente, então hesitou, baixando a voz. "Um renegado escapou durante a luta."

A expressão de Zayn escureceu. "Encontre-o. Não me importa quanto tempo leve ou quão longe você tenha que ir. Ninguém escapa."

Ezra assentiu rapidamente, sinalizando para seus guerreiros cumprirem as ordens. Zayn permaneceu nas consequências sangrentas, as palavras do renegado o assombrando, ecoando dentro de sua cabeça.

Você não é melhor do que ele.

Era exatamente o que ele temia se tornar. A própria coisa que ele havia jurado nunca se tornar.

Ezra se aproximou novamente, cautelosamente. Sua voz preocupada. "Alfa, devemos voltar."

Zayn não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele deu uma última olhada nos corpos quebrados espalhados ao seu redor, amargura pesada em seu peito. Então ele se virou e fez sinal para Ezra para que partissem.

A viagem de volta à casa da alcateia foi silenciosa.

Zayn sentou-se ereto em sua sela, coberto de sujeira e sangue, o peso da batalha pressionando mais forte do que as feridas em sua pele. Seus guerreiros uivavam atrás dele, vozes cheias de orgulho e alívio. Eles haviam vencido. Os renegados estavam dispersos. A fronteira estava segura.

Mas Zayn não sentia isso. Nem a vitória. Nem o orgulho. Apenas o pesado silêncio dentro de seu peito.

Ele cerrou os punhos enquanto passavam pelos portões, seus olhos se desviando para as janelas da casa da alcateia, mas não havia luz de seus aposentos. Ele não a tinha visto desde antes da missão. Desde que ordenara que ela esperasse em seus aposentos. Ela ainda estaria lá? No escuro?

Lily. Sua mandíbula se apertou. Quando ele entrou, os corredores estavam quietos. Suas botas ecoaram pelo corredor de pedra, e embora os guardas se curvassem quando ele passou, ele mal os notou.

Ele caminhou direto para seu quarto, não totalmente certo do que encontraria ou como se sentiria quando o fizesse.

Ao chegar à porta, o cheiro dela o envolveu. Suave. Quente. Flores silvestres.

Zayn desacelerou em frente à porta, respirando sem querer. O cheiro era gentil no início, depois se enrolou ao seu redor como fumaça. Ele levantou a cabeça levemente, instintivamente.

Estranhamente, isso lhe deu uma sensação de conforto que ele não esperava. Envolveu a tensão em seu peito e a afrouxou, só um pouco. Era inebriante, e antes que percebesse, ele estava respirando mais profundamente, querendo mais.

Ele exalou lentamente. Então, sem pensar mais, abriu a porta.

O quarto estava escuro, iluminado apenas pela luz suave da lua que se estendia pelo chão. Seus olhos foram direto para ela.

Ela estava dormindo no chão, encolhida firmemente sobre si mesma perto do canto mais distante do quarto. Braços envolvendo os joelhos. Ela vestia um fino vestido vermelho que mal cobria qualquer coisa. Seu rosto estava pálido, seus lábios levemente entreabertos. Mesmo dormindo, ela parecia exausta.

Pequena. Imóvel. Quieta. Zayn ficou parado na porta, congelado.

Ele tinha ido para a guerra. Derramado sangue. Ouvido gritos aterrorizados. Ele havia retornado vitorioso.

E isso... isso era o que ele encontrava ao voltar. Sua companheira rejeitada. Dormindo sozinha no chão de seu quarto.

Seu peito apertou. Ela não se mexeu. Nem parecia perceber sua presença.

Ele avançou lentamente. Cada parte dele queria permanecer com raiva. Continuar lembrando a si mesmo quem ela era. Quem sua família tinha sido. O que eles haviam feito com ele e seu povo.

Mas ela não era seu pai. Ela não era seu irmão. Ela nem mesmo tinha força para levantar a cabeça.

A voz de Martha ecoou fracamente em sua memória. Ela não é má. Ela está apenas quebrada.